Toca Raul!!! Blog do Raul Marinho

Barbaridade!!!!!

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 31 março, 2009

Esse vídeo é para você, sabichão, que se acha vivido e que nada mais o possa impressionar. Encontrei no delicioso blog da Bárbara Gancia: trechos (comentados com uma indignação que é um show à parte) de uma entrevista com a Cristina Kirchner, presidenta da Argentina, que alega que o Obama é peronista (!!!) e que copiou seu modelo econômico (!!!!!!). Vale a pena investir 1min58seg do seu tempo.

Aula de Teoria dos Jogos

Posted in teoria dos jogos by Raul Marinho on 31 março, 2009

game-theory

Para os que vivem me pedindo material sobre Teoria dos Jogos, não deixem de assistir às aulas do prof. Benjamin Polak, de Yale. Nunca vi nada de qualidade equivalente na web.

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RL=C+ΔP

luxury-fever

Nesse post sobre a pós-crise, começamos a falar sobre o problema do consumismo epidêmico (que chamo de boletite), sua relação com a gênese da crise atual, e como fazer para evitar que crises como a que o mundo passa atualmente ocorram novamente. Neste, veremos que tudo se reduz a uma equação bem simplezinha, mais ou menos como a famosa E=m.c² do Einstein, que explicava a relatividade com somente 3 variáveis:

RL=C+ΔP, onde:

*RL: renda líquida auferida em um determinado período;

*C: consumo neste mesmo período; e

*ΔP: aumento ou diminuição da poupança líquida no período (P1-P0)

Ou seja:

Tudo o que uma pessoa obtém de rendimentos em um determinado ano é equivalente ao que essa pessoa consumiu neste mesmo ano mais a variação verificada em seus investimentos (diferença entre os saldos em 01/01 e 31/12 daquele ano). Se eu ganhei $100mil em 2008 e aumentei minha poupança em R$20mil, concluo que meu consumo foi de R$80mil. Simples assim.

Quando o Malloch Brown (vide artigo do Clóvis Rossi no post sobre a pós-crise) fala sobre “uma nova visão de futuro de um mundo menos conduzido pelo consumismo”, isso significa que teremos de encontrar maneiras de diminuir a boletite, a tendência das pessoas a consumir exageradamente. Já se tentou isso antes várias vezes, e nunca se conseguiu muito sucesso, como no malfadado exemplo do comunismo soviético, e no cristianismo. No fim, as pessoas sempre encontram formas de burlar as regras para ostentar um padrão de consumo superior ao dos seus pares, isso é um comportamento esperado para indivíduos da espécie H.sapiens.

Entretanto, se mudarmos a tributação, da renda para o consumo, haverá um forte estímulo para que as pessoas destinem parcelas cada vez maiores de sua renda para a poupança, evitando uma epidemia consumista. Basta manipular a fórmula: se RL=C+ΔP, então C=RLΔP; assim, se a tributação incidir sobre a diferença entre entre a renda e o aumento da poupança, quanto mais se poupar menos imposto se pagará. Esta seria, então, a fórmula mágica do mundo pós-crise.

(Essa não é uma proposta minha, e também não se trata de nenhuma novidade. Ela aparece no capítulo final de “Luxury Fever – Money and happiness in an era of excess” – foto acima, um livro de 1999 do Robert H. Frank).

O pós-crise

Posted in Atualidades, crise financeira by Raul Marinho on 31 março, 2009

economistas-veem-a-sustentabilidade-como-modelo-para-economia-pos-crise

Há um ano, publiquei um artigo no portal administradores.com sobre a boletite, que é o consumismo epidêmico por que passávamos na época, logo antes da crise econômica atual chegar para ficar. Na verdade, o primeiro estágio da crise, o problema dos subprimes, já estava acontecendo, e eu dizia naquele artigo que a sua causa era justamente a boletite que impelia as pessoas a consumir casas cada vez maiores e mais caras.

Alguns meses depois, dei uma palestra sobre o assunto, e propus uma estratégia de combate à boletite baseada numa mudança radical na política tributária das pessoas físicas, hoje focada na renda das pessoas. A idéia é desonerar a parte da renda direcionada à poupança e sobre-onerar a parcela destinada ao consumo, o que faria com que a sociedade ficasse mais saudável em termos econômicos e evitaria a ocorrência de uma corrida consumista insana, a causa original da atual crise econômica. Logo depois, a crise econômica se agravou, o Lula saiu falando para todo mundo comprar TV de plasma a prestação, e ficou impossível continuar com esse debate.

Agora, às vésperas da reunião do G-20, o combate à boletite está voltando ao centro da cena. Veja a coluna do Clóvis Rossi de hoje (logo abaixo). Volto a esse assunto depois.

Além da bruma da crise

Por fim, na vertigem da crise, algumas vozes do establishment começam a olhar além e a tentar adivinhar -ou desejar- como seria o mundo pós-crise.
Uma das vozes atende pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva e diz, em artigo ontem publicado pelo “Le Monde”, que, “mais grave que uma crise econômica, estamos diante de uma crise de civilização. Ela exige novos paradigmas, novos modelos de consumo e novas formas de organização da produção”.
Concorda com ele relatório da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, instituto independente de assessoria do governo britânico, que procura separar “prosperidade” de “crescimento”. O texto pede aos governos para “desenvolver um sistema econômico sustentável que não se apoie em um consumo sempre crescente”.
Reforça Malloch Brown, o principal negociador britânico para a cúpula do G20: “Veremos [após a crise] uma recalibrada no estilo de vida, toda uma nova visão de futuro de um mundo menos conduzido pelo consumismo, talvez com o acréscimo de um mundo no qual o poder tenha sido algo mais bem distribuído”.
Fecha o circuito Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio e um funcionário internacional ao qual se é obrigado a prestar atenção pela qualidade de suas análises: “O modelo de capitalismo que conhecemos nos últimos 50 anos não se sustenta. A questão fundamental é saber se há que readaptar, arrumar ou reformar o capitalismo ou se é preciso ir além, ser mais profundo nas mudanças e ir mais fundo nos retoques”. Completa: “Creio que não temos que nos satisfazer intelectualmente com o horizonte atual do capitalismo”.
Bem-vindos todos ao clube do “outro mundo é possível”. Mas palavras só não bastam. Vocês que são todos “insiders”, que tal reconstruir a civilização?

Executivos-celebridade são bons para as empresas?

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 30 março, 2009

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Por sugestão do meu amigo Fernando Blanco, li o paper Superstar CEOs, um excelente trabalho acadêmico sobre o impacto que executivos-celebridade (i.e.: presidentes de empresas que saem nas capas de revistas de negócios) têm nas empresas que dirigem. Ao contrário do que poderia supor o senso comum, esses profissionais são, na maioria das vezes, prejudiciais à empresa, coisa que profissionais da área de crédito dos bancos já conhecem há muito tempo como “o tabu da capa da Exame”: sempre que uma empresa tem seu presidente na capa da revista Exame, deve-se rever todos os limites da empresa imediatamente.

No atual momento em que os bônus da AIG estão no centro dos debates, estudos como esses, sérios e bem executados, são importantíssimos para que se possa pensar qual a melhor forma de administrar as empresas no futuro.

Gênese Madoff

Posted in Atualidades, mercado financeiro by Raul Marinho on 30 março, 2009

ponzi

Recentemente, Bernard Madoff ficou célebre após seu esquema biolionário de pirâmides ruir. Mas pouca gente conhece a origem dos esquemas Ponzi, inventados por uma espanhola no final do século XIX. Leia essa matéria da Rosana Torres publicada no El País e conheça a gênese do Madoff:

Conheça a mulher que criou o golpe da pirâmide

A história financeira do mundo contemporâneo situa Dona Baldomera, filha de Mariano José de Larra, como a fundadora e criadora do golpe da pirâmide nos anos 70 do século 19.

Na terça-feira (24), comemorou-se dois séculos do nascimento de Mariano José de Larra. O legado de Fígaro, pseudônimo pelo qual era mais conhecido, não se limita a seus escritos ou a seu pensamento progressista. Sua filha, Baldomera Larra Wetoret, também teve fama, talvez até mais que o pai, devido a uma história rocambolesca e piramidal de engenharia financeira.

De tempos em tempos surgem teorias que afirmam que a América não foi descoberta pelos espanhóis, que Don Juan não tem sua origem na literatura de Tirso de Molina e Juan de la Cueva e, o que é mais revoltante, que Cervantes não era espanhol. Mas é inadmissível que tentem roubar o mérito de Dona Baldomera de ser a autêntica inventora da fraude da pirâmide, o que a transforma na primeira golpista moderna da história. O que não é pouco, levando em conta que ela era uma mulher e seu negócio funcionou na década de 70 do século 19.

O renomado escritor Juan Eduardo Zúñiga, um dos maiores conhecedores da vida e obra de Fígaro, preparou durante anos uma biografia sobre ele que não pode abordar sozinho. Dessa imersão nasceu “Flores de Plomo” [“Flores de Chumbo”], que a crítica elogiou sem evasivas e que gira em torno de situações e personagens que rodearam Larra nos dias anteriores ao seu suicídio. Zúñiga também fala das andanças da filha de seu investigado. Trata-a como se fosse família, dispensando o dona e referindo-se a ela simplesmente como Baldomera. “A vida dela e de seus irmãos é muito tangencial, apenas conviveram com o pai, e não há nenhum estudo em profundidade sobre ela, talvez por não ser necessário. Sua mãe, que era um pouco simples e dizia-se que não era muito esclarecida, recorreu à própria rainha para solicitar ajuda quando ficou viúva”, disse ele sobre Josefa Wetoret, que conseguiu colocar seu filho em colégios religiosos e manteve as duas filhas consigo. “Elas tiveram bons casamentos, já que eram atraentes e elegantes”, conta Zúñiga.

Dona Baldomera casou-se com Carlos de Montemayor, médico da Casa Real.
E sua irmã Adela, que também fez um bom casamento, teve mais de um porquê com o próprio rei Amadeo de Saboya. Quando o marido de Baldomera, partidário dos franceses, ficou sem função quando o rei fugiu em 1873 e Alfonso 12 assumiu, acabou indo buscar tabaco em Cuba e deixou Baldomera e os filhos em uma situação muito precária. Ela teve que recorrer a empréstimos pelos quais pagava juros muito altos.
Tudo isso faz supor que foi então que ela teve a idéia e iniciou suas atividades, prometendo duplicar em um mês o dinheiro de quem lhe confiasse uma onça [28,7 gramas] de ouro.

Ela cumpriu com o prometido e sua fama correu por Madri. Cada vez atraía mais clientes e acabou fundando a Caixa de Depósitos, na frente da qual se formavam longas filas, primeiro na rua Greda (hoje Los Madrazo), depois na praça da Cevada; e quando o negócio prosperou, na praça da Palha (onde ficava o teatro Espanha). Funcionava às vistas de todos, pagando 30% ao mês, com o dinheiro que lhe davam os novos investidores. Dizem que chegou a arrecadar 22 milhões de reais [moeda espanhola da época] e Zúñiga calcula que o esquema envolveu cinco mil pessoas. Sua fama transcendeu fronteiras como demonstram os jornais da época como Le Figaro de Paris e L’Independance Belge de Bruxelas.

Seu método é a origem dos esquemas de Ponzi (1920), que depois de sair da prisão transformou-se em assessor financeiro de Mussolini e que é considerado por muitos, de forma duplamente equivocada, como o pioneiro desse tipo de golpe de pirâmide, quando na verdade a pioneira é uma mulher, espanhola, e William Miller já havia feito um golpe de pirâmide em 1899. Há outros casos conhecidos como o Gescartera (2001), Patrick Bennett (1996), Haligiannis (2005), Sofico (1974), Fidecaya (1982), Banesto (1993) e a recente rede de Madoff, entre outros.

Mas é preciso deixar claro que a primeira foi Dona Baldomera, a quem muitos chamavam de mãe dos pobres, em agradecimento, ainda que seu apelido mais popular fosse La Patillas [costeletas] por causa de duas estranhas mechas de cabelo que exibia junto das orelhas. Contam que quando perguntavam no que consistia seu negócio ela se limitava a
responder: “É tão simples como o ovo de Colombo”. Perguntavam-se qual era a garantia da Caixa de Depósitos em caso de quebra, ela respondia
impassível: ‘Garantia? Uma só: o viaduto’, que era o local escolhido pelos suicidas.

A ruína aconteceu em dezembro de 1876, quando ela desapareceu com todo o dinheiro que pode. Valle-Inclán, num dos últimos capítulos do livro “El Ruedo Ibérico” [algo como “O Círculo Ibérico”] a descreve fugindo em um barco, rumo à Inglaterra, em que também viajava o grande líder anarquista Mikail Bakunin.

A partir de então, ela alcançou seu momento de glória. Dois anos depois chegaram notícias de que ela vivia sob falsa identidade em Auteuil (França). O juiz encarregado do caso solicitou sua detenção e extradição, o que foi feito. Em seu julgamento, defendeu-se dizendo que foi embora porque terminou com menos depósitos do que pagamentos por culpa da guerra que a imprensa havia declarado contra ela.

A sentença foi publicada na capa do El Imparcial e de La Época em 26 de maio de 1879. E como as mulheres más sempre vão à prisão, ela foi condenada a seis anos de prisão, aos 42 anos de idade. Seu colaborador foi absolvido. Ela também, pouco depois, ao que parece por conta de uma campanha de apoio assinada por muitos, desde pessoas simples até aristocratas. Sua popularidade é comprovada pelas canções El Gran Camelo e Dona Baldomera.

O que aconteceu realmente depois de sua saída da prisão se perde em muitas versões. Dizem que morou com seu irmão Luis Mariano; que foi para Cuba com seu marido e quando este morreu regressou à casa do irmão transformada na “tia Antonia”; que foi a Buenos Aires, onde morreu no começo do século 20. Segundo Zúñiga, o filho mais velho de Larra, Luis, autor de libretos de zarzuela [estilo dramático], não queria que o relacionassem com o pai nem com as duas irmãs: “Devia ter medo por causa do suicídio do pai, das loucuras da irmã mais velha com Amadeo e dos golpes de Baldomera”, comenta o autor de “Largo Noviembre de Madrid” [algo como “Longo Novembro de Madri”]..

O inesquecível cronista Luis Carandel definiu Dona Baldomera no “El País” em 2001 como “a primeira gescarterista da história financeira”
[numa alusão ao escândalo financeiro Gescartera, que aconteceu na Espanha em 2001].

Remexendo no vespeiro

Posted in Evolução & comportamento by Raul Marinho on 30 março, 2009

vespeiro1

Em 12 de dezembro do ano passado, publiquei esse post aqui. O meu texto tinha exatas 8 linhas, em que dizia três coisas: 1)Que haveria um outro texto logo abaixo, o artigo da Bárbara Gancia na Folha daquele dia, sobre o término atribulado do romance da atriz Susana Vieira com um homem muito mais novo, que acabara de morrer; 2)Que aquele tipo de evento abordado pela articulista fazia parte das discussões do HBES – uma entidade estadunidense que estuda Psicologia Evolutiva, da qual participo; e 3)Que, no fundo, no fundo, o ocorrido era um conflito evolutivo clássico, uma vez que o Marcelo era um homem jovem com um largo horizonte reprodutivo, ao passo que a Susana já “havia encerrado o expediente”, digamos assim. Se vocês repararem no post, verão que não há comentários. Na verdade, houve, mas eu não os aprovei porque continham ofensas pessoais. Agora, volto ao assunto-tabu: mulheres velhas com homens novos – e, de antemão, aviso que ofensas gratuitas não serão toleradas, mas se for dentro contexto, como isso aqui, tudo bem.

Eu gosto da Susana Vieira, acho-a uma boa atriz e uma pessoa carismática. E não tenho nada contra ela namorar quem quer que seja, o problema é dela. Na verdade, o comportamento da Susana é uma dádiva para quem se mete a explicar o comportamento humano com ferramentas da Psicologia Evolutiva, como eu – não há como encontrar melhor exemplo do que o dela. Acrescento, ainda, que se eu fosse uma mulher solteira, sexagenária, e que gostasse do agito, talvez até fizesse o mesmo que a Susana! Mas tudo isso não impede que se faça uma análise racional do comportamento da atriz, que é o que faremos doravante.

A Psicologia Evolutiva parte do princípio básico de que nós somos primatas evoluídos de ancestrais das savanas africanas de cerca de 100mil anos atrás. E que, para que fosse possível existirmos hoje, foi necessário incorporar determinados comportamentos eficientes em termos reprodutivos, como o cuidado parental, por exemplo. Para nossa espécie, é fundamental que haja uma grande preocupação com o bem estar dos bebês, pois se fosse diferente, estes morreriam antes de que pudessem se reproduzir e nossa espécie acabaria extinta. Não é o que ocorre, por exemplo, com as tartarugas marinhas, que botam os ovos na praia e se mandam, deixando os bebês-tartaruguinhas à própria sorte – mas isso é como as tartarugas evoluíram, problema delas, a gente evoluiu de outro jeito.

Da mesma forma, se os homens de nossa espécie fossem especializados em se acasalar com mulheres “velhas” (isto é, que já passaram da menopausa), é certo que nossa espécie se extinguiria também. Se existimos, é porque existe uma tendência clara dos homens para gostar de mulheres “jovens” (férteis), ou pelo menos que assim se pareçam. Mas nosso comportamento é bem mais complexo do que isso, e nossos grandes cérebros possibilitaram desenvolvermos estratégias mistas mais elaboradas, como, por exemplo, a de homens que obtêm recursos com uma mulher “velha” para gastá-los com a mulher “jovem”. É exatamente isso o que fez o Marcelo, a propósito, quando trocou Susana por uma jovem mais nova até que ele mesmo.

Agora, a imprensa noticia que Susana está de namoro novo. “Tenho predisposição para a felicidade” é o nome da reportagem em que a sexagenária anuncia seu novo romance, desta vez com um rapaz de 25 anos, Sandro, que ganha a vida como “empresário, ator, mágico, malabarista e dançarino”. Algum palpite sobre onde essa história vai parar? Não sei se haverá um desfecho dramático como o que ocorreu com o Marcelo (provavelmente, não), mas se esse romance durar, o que deverá ocorrer é que Sandro sairá dele bem melhor do que entrou. Sua carreira de empresário-ator-mágico-malabarista-dançarino deverá ser beneficiada com o envolvimento com uma atriz global de 1o. time, e isso irá contribuir para aumentar o potencial reprodutivo do rapaz – isto é: as mulheres jovens deverão se interessar muito mais por ele do que se interessariam se ele nunca tivesse se envolvido com a atriz. Nesse momento – suponhamos, daqui a 5 anos – a atriz estará com 71 anos e uma dificuldade muito maior para continuar a atrair garotões, enquanto o rapaz já estará com 30 e pronto para desfrutar da fama e dos recursos conquistados. Aí, o conflito é inevitável.

Mulheres velhas e homens novos

Posted in Evolução & comportamento, teoria da evolução by Raul Marinho on 29 março, 2009

Desaversão a perdas?

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento, teoria da evolução by Raul Marinho on 29 março, 2009

fera-do-mercado

A Folha de hoje publica uma reportagem enigmática sobre um estudo que propõe controlar a aversão às perdas, “dogma central” da Economia Comportamental:

Estudo sugere forma de controlar aversão à perda

Tendência de humano a ser mau perdedor é inata, mas pode ser mudada, diz grupo

Experimento conduzido por grupo da Universidade de Nova York reproduz reação de operadores da Bolsa para mudar percepção

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ser humano é um mau perdedor nato, que tende a dar mais peso a uma derrota do que a uma vitória. Mas uma pesquisa combinando psicologia com economia comportamental mostrou que é possível regular essa “aversão à perda”. O truque é tentar agir como se você fosse um operador da Bolsa ou um jogador profissional.
O conceito de “aversão à perda” foi proposto em 1979 pelos psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman. Trata-se da preferência das pessoas a evitar perdas do que obter ganhos. O israelense Kahneman ganhou o Nobel de Economia de 2002 pelos seus trabalhos na área.
A aversão à perda é uma questão de percepção. Por exemplo, uma decisão poderá levar à perda de R$ 300,00. Há duas escolhas de investimento para diminuir o prejuízo. No primeiro caso, você perde R$ 150,00; no segundo, você não perde nada com 1/3 de probabilidade ou perde tudo com 2/3 de probabilidade. A maioria das pessoas escolhe a segunda opção, pois a certeza de perder R$ 150,00 é considerada pior do que a chance provável de perder todo o dinheiro.
“Nós podemos mudar a maneira como decidimos, e embora ainda possamos ser sensíveis a perdas, nós podemos nos tornar menos sensíveis”, concluíram os autores do novo estudo, liderado pela psicóloga Elizabeth A. Phelps, da Universidade de Nova York, e publicado na revista “PNAS”.
Phelps e colegas lembram que a emoção desempenha um papel no processo de tomada de decisões. Por exemplo, um estudo sobe consumo de bebidas mostrou que a apresentação subliminar de carinhas sorridentes alterou a avaliação das pessoas sobre as bebidas, mas também a quantidade que elas ingeriam e mesmo o total de dinheiro que elas estavam dispostas a pagar pelo drinque.
O grupo de Phelps usou voluntários num experimento no qual os participantes tinham que fazer escolhas monetárias entre uma aposta binária -com chance de ganho ou perda- e um valor garantido. Eles recebiam no começo US$ 30,00 e tinham que tomar decisões de investimento que poderiam ou fazê-los perder todo o dinheiro, ou chegar a ganhar até US$ 572,00. Em parte dos experimentos eles tiveram a condutividade elétrica da pele medida, indicando atividade do sistema nervoso como prova de excitação emotiva.
Os voluntários foram instruídos a usar duas estratégias. Eles deviam enfatizar cada escolha “como se fosse a única”; e depois foram instruídos a usar uma estratégia de regulação, enfatizando as escolhas como parte de um contexto maior.
No primeiro caso, entre 30 participantes, 14 demonstraram aversão à perda, 9 procuravam ganhos, e 7 tiveram um comportamento neutro. A condutividade da pele era maior no caso das perdas.
Mas, ao começarem a agir como investidores reais, colocando as perdas em um contexto de um portfólio de investimentos, a aversão à perda diminuiu em 26 dos 30 participantes.
A “aversão a perdas” não seria um mero fenômeno cultural, mas teria uma base neurobiológica. Um estudo em 2005 demonstrou que não só os macacos-prego entendiam o conceito de comércio como demonstravam a aversão.
“Nós demonstramos que a teoria-padrão dos preços faz um bom trabalho em descrever o comportamento de compra dos macacos-prego”, escreveram então os pesquisadores liderados por M. Keith Chen, da Universidade Yale. Mas os macacos foram ainda mais “humanos” quando tinham de enfrentar uma situação de aposta. Reagiram demonstrando aversão a perder. “Esses resultados sugerem que a aversão à perda se estende além do ser humano e pode ser inata”, dizem eles.

Orkut de rico

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 27 março, 2009

goldmacbookpro2

Fiquei sabendo pelo The Wealth Report que tem um portal de relacionamentos / rede social (e.g.: Orkut, Facebook, etc.) só para ricos. O affluence.org requer que seus participantes tenham um patrimônio de no mínimo US$3milhões, ou uma renda de pelo menos US$300mil/ano (ou a indicação de outros 5 membros), e realiza checagens em bancos de dados de informações comerciais e de crédito para averiguar se a pessoa é rica mesmo.

De acordo com seu fundador, Scott Mitchell, a idéia veio quando ele próprio ficou rico do dia para a noite, ao vender seu negócio na internet por US$180milhões, em 2000. Foi aí que Scott percebeu que não sabia viver como milionário, nem tinha idéia de como fazer para ficar amigo de outros milionários. Apesar do momento ser inoportuno, o site já tem 30mil membros. Todos do time dos “loiros de olhos azuis” que o Marolinha fala.

Como ficar rico em 10 anos

Posted in Atualidades, mercado financeiro by Raul Marinho on 26 março, 2009

keydollar

Se eu te entregar a chave para abrir o cofre, você me retorna 10% da tua fortuna quando você ficar milionário? Jura?

Então tá, eu confio em você. Clique aqui e pau na máquina. E em 2019, mande um e-mail para mim que eu te falo em que conta depositar.

X-Phi

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 26 março, 2009

x-phi

X-Phi, Experimental Philosophy, ou simplesmente Filosofia Experimental. É uma prima da Economia Comportamental e da Psicologia Evolutiva que, de acordo com a matéria abaixo, está ganhando importância nos meios acadêmicos.

Filosofia experimental está na moda, mas também atrai hostilidades
Prospect
David Edmonds e Nigel Warburton

Katja Wiech é uma alegre pesquisadora alemã fascinada pela dor. Ela descobriu muitas coisas -por exemplo, quando católicos devotos recebem choques elétricos enquanto olham para uma imagem da Virgem Maria, eles sentem menos dor do que os ateístas quando recebem o mesmo tratamento desagradável.

Ela trabalha em um conjunto de salas no final de um labirinto de corredores no Hospital John Radcliffe, em Oxford. Em uma sala há um aparelho de imagem por ressonância magnética (IRM). As pessoas estudadas ficam deitadas na mesa do aparelho, com a cabeça dentro de seu tubo branco. Um computador aos pés delas fornece vários estímulos -imagens, perguntas e assim por diante- e é operado da sala vizinha, separada por um vidro. O barulho é alto. Há um botão de pânico caso as pessoas por acaso surtem.

Wiech é uma neurologista. Mas eis o detalhe estranho: ela está trabalhando com filósofos. A caricatura de um filósofo é a de um professor preocupado com coisas abstratas, sentado em uma poltrona confortável em uma faculdade de Oxbridge, especulando sobre a natureza da realidade usando apenas seu intelecto e alguns poucos livros. Isto tem alguma base na realidade. Mas com frequência um novo movimento derruba as ortodoxias das opiniões estabelecidas. Nós podemos estar entrando em uma dessas fases.

Uma nova escola dinâmica de pensamento está surgindo e ela deseja derrubar as paredes da filosofia recente e colocar a experimentação de volta ao seu centro. Ela tem um nome que daria prazer a um executivo de publicidade: x-phi. Ela conta com blogs e livros dedicados e conta com um número crescente de pesquisadores nas universidades de elite. Ela tem até mesmo um ícone: uma poltrona em chamas. A x-phi, a filosofia experimental, está na moda, se é que filosofia pode estar. Mas, cada vez mais, ela também está atraindo hostilidade.

Os filósofos sempre foram informados pela pesquisa científica, história e psicologia. De fato, a maioria dos gigantes da filosofia pré-século 20 combina estudos empíricos e conceituais. Mas para muitos filósofos de hoje, a ideia de uma filosofia experimental é irritante. A análise conceitual é a linha dominante da filosofia anglo-americana nos últimos 100 anos. Filosofia deste tipo não dá muita atenção para como as coisas são, mas sim para o que pensamos a respeito delas. Mas para um fã da x-phi, a pesquisa empírica não é um mero acessório para a filosofia; é filosofia.

Sob a bandeira da x-phi, é possível distinguir três tipos de atividade. A primeira usa as novas tecnologias de imagens do cérebro, na qual os filósofos se associam a neurocientistas como Wiech, para procurar por padrões de atividade neuronal quando as pessoas estudadas se veem diante de problemas filosóficos. No segundo tipo, os filósofos elaboram questionários para descobrir as intuições das pessoas e saem às ruas com uma prancheta. Na terceira, eles conduzem experimentos de campo, observando como as pessoas se comportam em situações em particular, frequentemente sem o conhecimento delas. Todas as três visam testar a suposição do filósofo de que sabe por introspecção o que as pessoas provavelmente dirão ou acreditarão. As afirmações filosóficas tradicionais -“nós temos fortes intuições de que…” ou “todos podemos concordar que…”- agora precisam ser testadas com evidências. A ideia de quem “nós” somos está sendo contestada, por exemplo, por pesquisas que sugerem amplas diferenças culturais a respeito das intuições. Pesquisas como estas levantam grandes dúvidas a respeito de nossa educação moral.

A maioria das pessoas leva décadas para chegar ao status de guru. Mas Joshua Knobe conseguiu isso em poucos anos após receber seu doutorado em filosofia por Princeton, em 2006. Ele tem uma empolgação contagiosa por sua pesquisa. Entre seus dias de estudante e de pós-graduação ele publicou alguns poucos artigos. Um foi a respeito da “intenção”: Quando as pessoas julgam que um comportamento foi intencional? Ele e um colaborador tentaram estabelecer isto por meio de alguns experimentos. Knobe diz que seu momento eureca ocorreu quando um filósofo, Alfred Mele, respondeu ao artigo. Apesar de discordar de Mele, o importante foi que Mele “tratou nosso trabalho como uma contribuição à filosofia… eu era muito idiota para perceber sozinho que as duas disciplinas (psicologia e filosofia) poderiam ser unidas desta forma”.

Seu trabalho a respeito de intenção logo chamou atenção. Uma colaboração com o colega filósofo Shaun Nichols demonstra a ambição da x-phi e quão amplamente sua metodologia pode ser aplicada. A questão do livre-arbítrio é perene na filosofia ocidental. O mundo é totalmente regido por leis causais e, se for assim, em que sentido os seres humanos podem ser considerados livres? Os pesquisadores, por meio de pesquisas, agora sabem o que as pessoas pensam.

Sem causar surpresa, talvez, a maioria das pessoas provou ser “não-determinista” -isto é, elas acham que os seres humanos têm liberdade de escolha. Mas a ciência parece revelar um mundo no qual cada evento é explicado em termos de causas anteriores e condições predominantes, sem nenhum espaço aparente para o livre arbítrio. Logo, nós somos responsáveis por nossas ações mesmo em um mundo determinista? Aqueles que acreditam que somos, e não veem contradição entre nossas ações serem determinadas casualmente e termos vontade própria, são conhecidas, no jargão, como “compatibilistas”.

Estranhamente, quanto mais detalhes -ou causas- os entrevistados são informados sobre um caso em particular, mais provavelmente as pessoas considerarão um agente responsável. Logo, ao lhes ser pedido para imaginar um Universo A, onde tudo está plenamente determinado, quase todos os pesquisados dizem que neste universo as pessoas não podem ser consideradas plenamente responsáveis. Mas ao lhes ser apresentado o mesmo universo, no qual um homem chamado Bill, que é apaixonado por sua secretária e, para ficar com ela, decide matar sua esposa e filhos (os experimentos de pensamento filosófico tendem a envolver muita morte), quase três entre quatro entrevistados insistiram que Bill era moralmente responsável. Acredita-se que o que estamos testemunhando aqui seja uma resposta emocional ao cenário.

Knobe e Nichols sugerem que o julgamento das pessoas nestes casos resulta de um “erro de desempenho”. Nossa resposta racional ao determinismo e livre-arbítrio é distorcida; nossa resposta emocional nos desencaminha. Se for verdade, então eles acreditam que o compatibilismo perde parte de sua força.

O uso de aparelhos para esclarecer mistérios filosóficos pode parecer um avanço e grandes alegações podem ser feitas com base em observações neurocientíficas. Mas Raymond Tallis, um filósofo e cientista médico que usou aparelhos de ressonância magnética por anos no estudo de derrames e epilepsia, não tem tanta certeza. Ele acha que a precisão e relevância das imagens do cérebro são superestimadas. A tecnologia IRM é excelente para investigar danos físicos no cérebro, explica Tallis, mas quando se trata de assuntos mais complexos, como a localização de processos específicos de pensamento, ela é rudimentar demais. Os dados desses exames, por exemplo, refletem a atividade média. Quando um setor do cérebro é iluminado, isto se deve a estar operando com uma carga maior do que a habitual em comparação a outras áreas. Mudanças que ocorrem por todo o cérebro não são captadas. E mesmo imagens neurais sofisticadas não podem distinguir entre dor física e rejeição social -elas “acendem” as mesmas áreas.

Mas ainda há um problema mais fundamental, diz Tallis. O tubo magnético não pode ser reproduzido no mundo real -de forma que as respostas dadas dentro dele possuem valor limitado na previsão de decisões que seriam tomadas no mundo exterior. Os cenários hipotéticos apresentados pelos voluntários são inteligentes mas implausíveis. Mesmo diante de uma suspensão da descrença, assuntos não são tratados com o mesmo pânico, indecisão, medo e angústia que os dilemas morais genuínos produzem. As decisões reais dependem da situação em particular; escolhas éticas não são como bifurcações, onde há apenas duas escolhas.

Mas apesar das críticas, as pranchetas e aparelhos de ressonância magnética estão se multiplicando, às vezes com efeitos surpreendentes sobre debates antigos. Nas últimas décadas houve um interesse renovado pela ética aristotélica e pela noção de que a ética é uma questão de cultivo da virtude. Muitos trabalhos recentes em psicologia moral destacam as formas como as situações e influências inconscientes afetam o que fazemos. Estes parecem previsores mais confiáveis de nossas ações do que nosso caráter. Há um elo aqui com a economia comportamental, que destaca nossos impulsos frequentemente ocultos e irracionais.

A filosofia moral parece um terreno particularmente fértil para combinação do conceitual e empírico. O filósofo de Princeton, Kwame Anthony Appiah, cita em seu livro mais recente, “Experiments in Ethics”, algumas experiências que demonstram o grau com que as situações afetam o modo como nos comportamos. Os teóricos da virtude aristotélica destacam a consistência entre as situações: uma pessoal compassiva provavelmente será compassiva quando se ver diante de tentações diferentes em circunstâncias diferentes. É realmente assim que as coisas são? A pesquisa empírica sugere que não. Pessoas que não sabiam que estavam participando de uma experiência, que encontraram uma moeda em uma cabine telefônica, se mostraram bem mais dispostas a ajudar alguém a pegar papéis que caíram no chão do que aquelas que não tiveram aquela pequena sorte.

As situações têm uma influência muito maior em como nos comportamos do que achamos. Talvez, então, em vez de nos preocuparmos tanto na formação do caráter do modo aristotélico, nós deveríamos estar conscientizando as pessoas de quão facilmente fatores aparentemente irrelevantes podem moldar o que somos.

Os experimentos em psicologia moral podem tornar a ética aristotélica menos plausível. Mas em outro sentido, o empreendimento da filosofia experimental é altamente aristotélica. Na famosa pintura de Rafael, “A Escola de Atenas”, Platão aponta para o reino abstrato: a verdadeira realidade, o mundo das formas que pode ser entendido apenas pelo pensamento puro. Aristóteles, entretanto, está voltado ao mundo diante dele. A x-phi parece estar aqui para ficar, e a filosofia contemporânea certamente a notará.

Receita para se dar bem no Brasil

Posted in Uncategorized by Raul Marinho on 25 março, 2009

subsidio_pyme

Do excelente e viciante blog Aqui tem coisa:

Vai transar?…. – O governo dá camisinha.

Já transou? – O governo dá a pílula do dia seguinte.

Teve filho? – O governo dá o Bolsa Família.

Tá desempregado? – O governo dá Bolsa Desemprego.

Vai prestar vestibular? – O governo dá o Bolsa Cota.

Não tem terra? – O governo dá a Bolsa Invasão e ainda te aposenta.

Quer ir ao cinema? – O governo anda falando em Bolsa Cultura.

AGORA……

Experimenta estudar… trabalhar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!!!!!

VOCÊ VAI GANHAR UMA BOLSA DE IMPOSTOS NUNCA VISTA EM LUGAR ALGUM DO MUNDO!!!

Toca Raul!!! também no Twitter

Posted in Uncategorized by Raul Marinho on 24 março, 2009

montagem-sigame-no-twitter-copy2A Toca Raul!!! Corporation, sempre antenada com as últimas novidades da mídia, a partir de agora também está no Twitter. Siga esse blog em http://twitter.com/raulmarinho

City tour

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 24 março, 2009

city-tour

Informa o The Wealth Report que já estão fretando ônibus para “visitar” as casas dos diretores da AIG (a seguradora que pagou bônus multimilionários depois de receber ajuda multibilionária do Tesouro).

Faltou um topete

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 24 março, 2009

itamar

Estive no evento dos 15 anos do Plano Real hoje de manhã, na Fecomércio. Estavam lá o FHC, o Malan, o Gustavo Franco, o Andrea Calabi, o João Sayad, dentre outros. Mas nada do Itamar Franco (o da direita, na foto) que, bem ou mal, era o presidente na época. Tudo bem que o Itamar não foi o protagonista, mas como presidente-tampão no pós-impeachment do Collor, seu papel foi importante também. E, no mínimo, foi uma indelicadeza não chamar o homem do topete.

A resposta está na pergunta

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 23 março, 2009

almentar

Estudantes do colegial/2o.grau/ensino médio do Espírito Santo estão fazendo um protesto para diminuir a carga horária, de acordo com o G1. Os aplicados estudantes até pintaram uma faixa com um versinho para ilustrar sua luta, em que grafaram aumentar com L, como se vê na foto. O que fez do protesto um caso de tiro na testa (no pé é pouco): Por que aumentar a carga horária? Para aprender ortografia, em primeiro lugar. Para aprender a fazer versos direito, em segundo. E, em terceiro lugar, para aprender a protestar direito: ao invés de lutar contra a carga horária, lute por melhores condições nas escolas, ora.

Crise = risco + oportunidade

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 23 março, 2009

china

Sabe aquela história do ideograma chinês para “crise” ser a junção dos ideogramas que significam “risco” e “oportunidade”? (Se você não conhece o ideograma, clique aqui). Pois então, de acordo com essa reportagem que saiu hoje no The New York Times, esse papo é sério mesmo:

Na crise, uma oportunidade

A China está aproveitando sua vantagem competitiva enquanto outros países vacilam na recessão.

Por KEITH BRADSHER
Cantão, China

A recessão econômica global e os esforços para revertê-la provavelmente farão da China um concorrente econômico ainda mais forte do que antes da crise.
Terceira maior economia do mundo, atrás de EUA e Japão, a China já havia se tornado mais assertiva; hoje explora sua posição incomum de dona de montanhas de dinheiro e de um sistema bancário forte, em um momento em que muitos países não têm nada disso, para adquirir recursos naturais e fazer novos amigos.
Seu primeiro-ministro, Wen Jiabao, chegou a lembrar este mês que, como um dos maiores credores dos Estados Unidos, Pequim espera que Washington garanta seu investimento.
Analistas dizem que os líderes chineses estão transformando a crise econômica em vantagem competitiva. O país usa seus quase US$ 600 bilhões do pacote de estímulo econômico para tornar as companhias mais capazes de competir nos mercados internos e externos, para retreinar trabalhadores migrantes em uma escala gigantesca e rapidamente expandir os subsídios para pesquisa e desenvolvimento. Já começou a construção de novas estradas e ferrovias, que provavelmente reduzirão permanentemente os custos do transporte.
Enquanto os líderes americanos lutam para reanimar os empréstimos -a última iniciativa foi um programa de US$ 15 bilhões para pequenas empresas-, os bancos chineses emprestaram mais nos últimos três meses do que nos 12 anteriores.
“Os recentes ajustes do pacote de estímulo indicam um enfoque mais voltado à competitividade da indústria chinesa em longo prazo”, disse Eswar Prasad, ex-chefe da divisão chinesa do Fundo Monetário Internacional. “Gastos maiores em educação, pesquisa e desenvolvimento, juntamente com os valores já aprovados para investimentos em infraestrutura, vão reforçar a produtividade econômica.”
A desaceleração econômica internacional também está fazendo algumas coisas que as autoridades chinesas tentavam sem sucesso há quatro anos: diminuir a inflação, reverter a crescente dependência das exportações e estourar a bolha imobiliária antes que ela pudesse crescer demais.
A recessão na maioria das grandes economias do mundo está infligindo grandes dificuldades à China -causando uma queda recorde das exportações, tirando o emprego de 20 milhões de trabalhadores migrantes e aumentando o crescente e constante potencial de inquietação social. Mas, como disse o presidente Hu Jintao ao Congresso Nacional do Povo, “o desafio e a oportunidade sempre andam juntos- em certas condições, um pode se transformar no outro”.
Com esse objetivo, as empresas chinesas procuram firmas estrangeiras para comprar. O Ministério do Comércio está facilitando o processo de aprovação para que as companhias locais obtenham permissão para fazer aquisições no exterior.
O ministério está liderando sua primeira delegação de executivos de fusões e aquisições à Europa; os executivos buscam empresas nos setores automotivo, têxtil, alimentar, energético, de maquinário, eletrônica e proteção ambiental.
As iniciativas do governo coincidem com alguns benefícios imediatos da desaceleração para a China. Por exemplo, os custos de frete aéreo e cargas oceânicas despencaram até 66% desde meados do ano passado, com a queda da demanda. Os salários dos trabalhadores pouco qualificados, que tinham duplicado em quatro anos em algumas cidades litorâneas, caíram, causando problemas pessoais mas reanimando a vantagem da China em custos trabalhistas. O desemprego fez cair os valores que as fábricas pagam por roupa costurada ou brinquedo montado.
Lao Shu-jen, trabalhador migrante da Província de Jiangxi que trabalha em uma fábrica de jeans em Cantão, disse que ganhava US$ 350 por mês no final do ano passado, mas ficaria contente em receber US$ 220 por mês nos próximos meses. Há muitos jeans empilhados no fundo da fábrica, sem sinal de compradores, disse.
Os trabalhadores não qualificados enfrentam a maior dificuldade para encontrar emprego. Mas, com os subsídios de Pequim, os governos provinciais montaram programas de treinamento vocacional em grande escala, do tipo que os Estados Unidos vêm discutindo mas não chegaram a pôr em prática.
Somente a Província de Cantão, no sudeste da China, está quadruplicando seu programa de treinamento vocacional este ano, para ensinar 4 milhões de trabalhadores inscritos em programas de três ou seis meses.
Esses vastos programas educacionais também poderão ajudar a preservar a estabilidade social, mantendo os desempregados fora das ruas, embora as autoridades chinesas neguem que seja essa sua intenção.
As multinacionais estão encolhendo menos na China do que em outros lugares, e algumas estão até se expandindo. A Intel fechará as linhas de produção de semicondutores antes do que havia planejado em operações mais antigas e menores na Malásia e nas Filipinas, enquanto abre uma grande nova fábrica no oeste da China.
A IMI P.L.C., fabricante britânica de artigos tão diferentes quanto válvulas para usinas de energia e equipamento para cervejarias, anunciou uma mudança de operações acelerada na China, na Índia e na República Tcheca, depois de cortar sua força de trabalho global em 10% desde dezembro.
E a empresa Hon Hai, de Taiwan, uma das maiores fabricantes terceirizadas do mundo de produtos como o iPhone da Apple e os consoles de jogos Wii da Nintendo, acaba de aumentar a folha de pagamentos em quase 5% na China, enquanto corta sua força de trabalho global em 3% a 5%.
Mas a economia chinesa ainda tem fragilidades. Pouco está sendo feito para afastá-la da forte dependência de gastos de capital, em direção ao maior consumo. A rede de segurança social das aposentadorias, da assistência à saúde e da educação é quase inexistente, e por isso as famílias poupam muito.
As rígidas políticas oficiais sobre trabalho e meio ambiente, impostas um ano atrás, quando a China sentiu maior confiança em sua força econômica, estão levando indústrias de baixa tecnologia como a fabricação de brinquedos a mudar-se para outros países. As autoridades do trabalho afirmam que vão resistir às sugestões de executivos chineses para que os novos padrões sejam relaxados.

Twitteiro tardio

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 23 março, 2009

twitter-logo

Para mim, twitter sempre foi sinônimo daquelas minúsculas caixas de som especializadas em agudos, iguais às que tinham na porta do Passat TS da minha mãe, nos anos 1980. Isso até meados do ano passado, quando descobri que havia um site chamado Twitter que seria o “último grito” em redes sociais. Infelizmente, só fui entender o negócio há coisa de uma semana (na verdade, ainda estou entendendo para que serve, mas estou gostando do que já descobri), e sou surpreendido com a notícia que o negócio já tá demodé… Veja essa matéria, do G1.

De qualquer maneira, o site é muito legal. Eu o estou utilizando como uma espécie de super-RSS: estou seguindo a Folha, o Estado, o G1, o UOL, o Wall Street Journal, o The Economist, o Financial Times, meus blogueiros preferidos (Noblat, Reinaldão, etc.), e por aí vai, e me atualizando pelo Twitter ao invés de ficar clicando em cada RSS de cada site. Deu prá entender? Bem… Só twittando para entender. Vai no http://www.twitter.com, se inscreva, e depois comece a me seguir aqui.

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Bônus são de direita ou de esquerda?

Posted in Ensaios de minha lavra by Raul Marinho on 23 março, 2009

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Está a maior gritaria nos EUA por causa do pagamento de bônus a executivos de empresas na UTI do Obama, como a seguradora AIG. A histeria já se alastrou para o Brasil, com sindicalista querendo re-estatizar a Embraer por causa dos mesmos bônus (que não tem nada a ver com o caso da AIG, vide esse post aqui). Pelo que se lê na imprensa, os bônus são uma invenção malévola de capitalistas de ultra-direita para sacanear os pobres proletários expropriados de dignidade… Mas é exatamente o contrário!!! Vejamos como ocorre a contextualização política dos bônus, ora de esquerda, ora de direita:

De acordo com a teoria marxista (que explica a relação capital-trabalho de maneira brilhante), o dono dos meios de produção, o capitalista, paga pelo trabalho adquirido do proletário um valor menor do que ele realmente vale (assim como compra matérias primas por um preço inferior ao que vende), para com isso obter seu precioso lucro. No caso do trabalho, a diferença de preços – ou seja: o quanto o capitalista recebe de seu cliente pelo trabalho revendido menos o que ele paga ao trabalhador – é chamada de mais-valia. Essa mais-valia, portanto, é um recurso que o trabalhador teria direito a receber, mas que o capitalista é quem o recebe porque ele é o dono dos meios de produção (e do negócio em si, afinal de contas). É por isso que o discurso de Marx sobre “a injustiça social intrínseca do capitalismo” cola com tanta facilidade: ela de fato existe, não é difícil perceber.

Na época do barbudo, os trabalhadores somente recebiam salários fixos (por hora, dia, semana ou mês trabalhado). Mas, há mais ou menos um século, algumas classes começaram a conseguir negociar uma certa remuneração variável – que, como o nome diz, varia de acordo com determinados eventos. Por exemplo, se uma costureira produzia um vestido por dia e passasse a produzir dois, seu salário poderia dobrar. Essa história de remuneração variável, embora signifique um aumento da renda do trabalhador, nunca foi muito bem digerida pelos marxistas, que sempre a olharam como uma espécie de “suborno” que os proletários receberiam dos seus patrões. Mas o fato é que a remuneração variável é interessante para o proletariado, e por isso acabou se perpetuando, a despeito de todas as tentativas dos sindicalistas para melar tais acordos, e hoje é vista com bons olhos pela esquerda liberal.

Ora, se um operário pode receber uma remuneração variável atrelado à produtividade, por que não seu chefe? É aí que a coisa começa a ficar meio estranha, pois os cargos administrativos não “produzem” nada por definição (“produção” aqui entendida no seu sentido mais básico, de por a mão na massa mesmo), logo não haveria produtividade a ser premiada. Quando a remuneração variável atinge os níveis de diretoria e presidência, os parâmetros que a regulam acabam muito próximos dos que interessam aos capitalistas, ou seja: os altos executivos de uma empresa são premiados de maneira análoga aos acionistas. No fim das contas, pelo lucro. É aí que surgem as “stock options“, esquemas de remuneração variável com pagamento em ações da empresa em que o sujeito que recebe a remuneração variável trabalha. Nascem, enfim, os bônus como os que conhecemos hoje.

Quando os operários recebem acréscimos pacuniários por melhoria em produtividade, é muito claro que capital e trabalho estão cooperando: quanto mais o patrão lucrar, maior o salário do empregado e vice-versa – e é justamente essa harmonia capital-trabalho que irrita os sindicalistas mais fiéis ao marxismo, menos comuns hoje em dia. Mas, estranhamente, no caso dos executivos, a história é outra. Quando o presidente executivo da fábrica assina seu contrato de trabalho com o conselho de acionistas, inicia-se um relacionamento intrinsecamente conflituoso, não mais cooperativo como ocorre no caso dos operários. O executivo e o acionista encontram-se em campos opostos: o primeiro quer embolsar o máximo possível em bônus o mais rápido que der, enquanto o acionista quer pagar o mínimo (de preferência, nada) no prazo mais dilatado. Num momento de crise como o atual, percebe-se esse conflito muito claramente.

O interessante é que os executivos que recebem bônus extraordinários estão combatendo o capital, mas nem por isso são admirados pela esquerda, já que eles mesmos acabam se tornando capitalistas, dado o imenso volume de suas remunerações variáveis. O mais maluco ocorre quando esses bônus contratados com os capitalistas acabam tendo que ser honrados pelo Estado, como acorreu com a AIG. Aí, o combate muda de figura, e quem paga os bônus não são mais os capitalistas, mas a população em geral. Embora quem financie o Estado sejam os ricos e as grandes corporações, todo mundo paga impostos de uma forma ou de outra, e o prejuízo é socializado. No fim das contas, a sociedade toda se sente lesada pelos executivos, e aí o jogo não tem mais a graça que tinha quando eram os capitalistas que ficavam com o prejuízo. Neste momento, os bônus voltam a ser de direita. Louco isso, não?