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Behavioral commerce

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 19 agosto, 2010

Da Folha de hoje (reportagem de Júlio Vasconcellos):

Behavioral commerce

Táticas de economia comportamental têm gerado grandes inovações nos sites que as utilizam

VIROU MODA falar de “social commerce” -a nova onda que está revolucionando o comércio eletrônico no mundo com sites como Groupon e Gilt, nos Estados Unidos, e Peixe Urbano e Brands Club, no Brasil. O “social commerce” é uma novidade, mas na verdade pouco relacionada a uma experiência de compras mais social.

Essa geração de sites de e-commerce é baseada em modelos de psicologia e comportamento, uma tendência que eu chamo de “behavioral commerce”.

Alguns anos atrás, a revista “The Economist” ofereceu duas opções de assinatura: por US$ 59 o cliente poderia comprar uma assinatura somente para a versão digital da revista, ou por US$ 125 ele poderia optar pela assinatura conjunta da versão digital junto com a versão impressa. Somente 32% dos clientes escolheram a versão conjunta.

Depois de um tempo a “Economist” acrescentou uma terceira opção -uma opção de somente a versão impressa pelos mesmos US$ 125 da assinatura conjunta. Obviamente, 0% dos clientes optaram pela nova opção inferior, mas o que foi mais interessante foi que, agora, 84% dos clientes optaram pela versão conjunta!

A experiência da “Economist” demonstra um padrão de comportamento comum -ao introduzir uma versão parecida, mas inferior à opção disponível, o consumidor é levado a enxergar a opção original de uma maneira mais favorável.

No exemplo da “Economist”, a versão piorada da assinatura fez com que a assinatura conjunta fosse vista como mais atraente. Esse exemplo, apresentado pelo economista Dan Ariely, do MIT, tornou-se um clássico exemplo de um novo ramo de pesquisa que mistura psicologia com economia -chamado de “economia de comportamento”.

A aplicação desses avanços em pesquisa de comportamento formam a base para a revolução de “behavioral commerce”.

Os sites de compras coletivas funcionam devido ao efeito psicológico da escassez eminente. O usuário se encontra em uma situação de luta contra o relógio, uma vez que a oferta vai acabar no fim do dia; no clube de compras, esse sentimento é relativo ao estoque, já que o usuário sabe que existe um número limitado de cada peça em promoção.

Nessas situações de escassez, o usuário sente uma onda de adrenalina e passa a encarar a compra com mais seriedade e excitação -se ele não comprar agora, provavelmente vai perder o produto.

Esse uso da escassez, junto ao medo de perder uma boa oportunidade, não é novidade no ramo de e-commerce.

Quem já não se sentiu pressionado a comprar uma passagem aérea ao saber que restavam somente dois assentos no voo desejado? Quem não quis dar um lance um pouco acima do preço máximo cogitado para não perder uma compra no leilão?

O que é novo nessa tendência de “behavioral commerce” é que essas táticas estão ocupando funções centrais no desenvolvimento de novos modelos de negócio e estão gerando grandes inovações nos sites que as utilizam.

O “behavioral commerce” é importante também pelo fato de criar um laboratório em tempo real que ajuda, em muito, o desenvolvimento de novos conhecimentos no comportamento de consumidores.

A internet facilita o lançamento de milhares de miniexperiências em tempo real que deixam usuários avaliarem diversas opções com formatações diferentes.

Com esse laboratório estatístico e sem custos adicionais para experiências, podemos aprender muito sobre como as pessoas fazem suas escolhas e, assim, criar modelos de interação na web que sejam mais divertidos e que sirvam para melhorar a vida do internauta.

JULIO VASCONCELLOS, 29, economista, é fundador e presidente-executivo do site de compras coletivas Peixe Urbano e gerente para o Brasil do Facebook. Escreve às quintas-feiras, mensalmente, nesta coluna.

julio.folha@yahoo.com

Bob Trivers no Brasil

Posted in Evolução & comportamento, teoria da evolução by Raul Marinho on 10 agosto, 2010

Na semana passada, Robert Trivers, o biólogo estadunidense que propôs a teoria do altruísmo recíproco (tema base do meu livro, “Prática na teoria”), esteve no país, num evento na USP. Como lá não estive, segue abaixo matéria da Folha (repórter Ricardo Mioto), que o cobriu:

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Chatice alimentar evolutiva

Posted in Evolução & comportamento, teoria da evolução by Raul Marinho on 20 julho, 2010

Do UOL Ciência e Saúde de hoje:

Fato de crianças serem chatas para comer tem explicação evolutiva

O fato de as crianças serem mais chatas para comer tem uma explicação evolutiva, aponta estudo da pesquisadora Lucy Cooke, do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade College London. “Onívoros (que se alimentam de animais e vegetais) têm a vantagem de possuir uma variedade de opções de comida, mas enfrentam o desafio de identificar quais são saudáveis. Naturalmente, as crianças demonstram aversão ao novo, preferindo os alimentos familiares, com sabores mais simples e doces. No passado, isso promovia a sobrevivência, mas, no mundo moderno, pode ter efeitos adversos na qualidade da dieta”, diz ela em um artigo. O grande problema é quando o medo do novo persiste na idade adulta.

Adultos com paladar de criança intrigam cientistas

Antigamente se achava que apenas as crianças implicavam com determinados alimentos e preferiam comidas como pizza, batata frita e chocolate. Mas, nos últimos anos, pesquisadores perceberam que muitos adultos mantêm hábitos considerados infantis na hora que se sentam à mesa. E, agora, a antipatia a certos grupos de alimentos tem sido tratada por estudiosos de universidades americanas e canadenses como um distúrbio alimentar similar à bulimia e anorexia.

A nutricionista Hellen Coelho, que desenvolveu na Faculdade de Saúde Pública da USP um estudo para descobrir como funciona o paladar infantil, explica que, quanto mais nova a criança, mais sensível ela é aos sabores azedo e amargo. “Com o tempo, essa sensibilidade vai diminuindo, por isso as pessoas passam a gostar de café e de cerveja, por exemplo. Mas os hábitos alimentares têm forte influência.”

Virgínia Weffort, presidente do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), conta que até os 12 meses de idade a preferência pelos sabores doce e salgado predomina. “Se a criança não for estimulada a experimentar alimentos variados, não aprende a gostar de outros sabores”, explica a médica.

Segundo as recomendações da SBP, é preciso oferecer pelo menos dez vezes um alimento para a criança, em diferentes situações e apresentações, antes de ter certeza de que ela não gosta. “Com insistência e oferecendo o alimento de formas diferentes é possível vencer a aversão inicial. Após os 3 anos, esse processo se torna cada vez mais difícil.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O hoje e o amanhã para o cérebro

Posted in Evolução & comportamento by Raul Marinho on 26 abril, 2010

Excelente artigo sobre economia comportamental publicado na Folha de ontem (reportagem de Ricardo Mioto):

Áreas cerebrais disputam decisão de gastar ou poupar

Sistema pode explicar fé religiosa do esforço em vida para recompensa pós-morte

Experimento mapeou os cérebros de voluntários em um teste no qual deveriam escolher entre consumir ou economizar seus recursos

Um estudo de mapeamento cerebral pode ajudar a entender a diferença entre o cérebro de uma pessoa esbanjadora, que gasta dinheiro como se cada dia fosse o último, e o de um pão-duro crônico, que apenas poupa, sem aproveitar o que juntou. Os mecanismos que interagem quando uma pessoa decide entre consumir ou armazenar o recurso, dizem os cientistas, são os mesmos que embasam a fé religiosa de alguém que se esforça em vida para ter o paraíso após a morte.

O que os neurocientistas da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, fizeram foi observar a atividade cerebral de voluntários enquanto tomavam decisões financeiras. Elas envolviam escolher entre receber menos dinheiro imediatamente ou uma quantia maior dentro de alguns meses. Enquanto isso, eram estimulados a pensar em eventos do futuro, como longas viagens de férias ou cursos caros que desejariam fazer.

Os pesquisadores puderam, assim, mapear as áreas do cérebro que trabalham para decidir entre receber uma recompensa agora ou esperar por algo melhor amanhã. Duas são importantes. Grosso modo, uma é mais imediatista, e a outra faz o papel de chata, trazendo a lembrança de que não se pode pensar apenas no presente.

O córtex cingulado anterior é quem responde à recompensa, uma área muito ligada à tomada de decisões. Se ela faz peso para que escolhas impulsivas sejam feitas, o hipocampo, outra parte do cérebro, entra na briga contra isso. Ele é o responsável por criar imagens do futuro na mente humana -é a parte do cérebro que faz com que as pessoas contratem planos de previdência, digamos.

O hipocampo envia, então, esses sinais relacionados à recompensa futura para o córtex cingulado anterior, influenciando a tomada de decisão.

“Imaginar com força o futuro acaba reduzindo a quantidade de escolhas impulsivas que fazemos”, diz Jan Peters, um dos neurocientistas que assinam o trabalho na revista “Neuron”.

Os pesquisadores ainda estão apenas descobrindo quais partes cerebrais atuam avaliando o custo-benefício de esperar o tempo passar e não sabem bem como diferenças individuais entre cérebros podem justificar perfis mais esbanjadores ou econômicos. Mas é possível que um hipocampo mais ativo, por exemplo, faça com que certas pessoas criem mais imagens ligadas ao futuro nas suas mentes, dizem os cientistas.

Apesar de o estudo envolver escolhas relacionadas a dinheiro, acredita-se que os mesmos circuitos do cérebro estejam envolvidos em outras decisões. Um dos exemplos pode envolver a religião. Quando um fiel se flagela expiando seus pecados para escapar do inferno, está tomando uma decisão pensando em vantagens futuras.

A ideia de “renúncia agora, paraíso depois” faz parte das cinco maiores religiões do mundo, lembra o economista Eduardo Giannetti, autor de “O Valor do Amanhã”. “Foi esse raciocínio que levou à condenação, no séc. 4º, do suicídio como “atalho” para o paraíso, prática corrente nos primeiros séculos do cristianismo”, diz.

Humanos têm maior habilidade em trocar o presente pelo futuro do que os animais, que se assemelham mais a crianças pequenas. Elas vivem o momento, sem pensar em guardar papinha para depois. Animais, porém, também sabem adiar recompensas. Roedores, por exemplo, sabem enterrar comida e são poupadores natos.

Neandertal do B?

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 25 março, 2010

De acordo com a matéria abaixo, da Folha de hoje (reportagem de Reinaldo José Lopes), mais um primo nosso foi identificado.

Com DNA, grupo acha nova espécie de humano na Ásia

Cientistas extraíram material genético de um único polegar fóssil na Sibéria

Diferença genética é quase o dobro da existente entre humanos e neandertais; criatura pode ter convivido com essas duas espécies (more…)

Parente abortista

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 22 março, 2010

De acordo com matéria publicada hoje na Folha, meu primo Cavalo Marinho, tão popular na família pela sua abnegação parental, é na realidade um abortista disfarçado. É o que diz a matéria abaixo, do Reinaldo José Lopes. (Tenho informações de que o tio Leão está estudando entrar com representação contra o jornal, que manchou a reputação da prestigiada família Marinho).

Cavalo-marinho macho controla aborto

Peixe do sexo masculino carrega ovos em bolsa no ventre, mas pode retirar nutrientes dos filhotes em vez de nutri-los

Mecanismo garantiria que apenas prole mais saudável fosse parida; achado revela conflito de interesse entre sexos ditos “cooperativos” (more…)

Leitura obrigatória para candidatos

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 22 março, 2010

Se o seu nome é Dilma Roussef ou José Serra, não deixe de ler o artigo abaixo, publicado na Folha de hoje (reportagem de Hélio Schwartsman). Se, por outro lado, você se chamar Luíz Inácio Lula da Silva, pode deixar esse post prá lá que você já sabe tudo o que deveria sobre o assunto.

Ciência explica por que, no voto, emoção pesa mais que razão

Descoberta de pesquisas nos EUA de que escolha do candidato não é racional impõe questionamento sobre sentido da ideia de democracia representativa

Como o eleitor escolhe seus candidatos? A resposta, já há tempos intuída por políticos e marqueteiros e que agora ganha apoio da neurociência, é que, na definição do voto, emoções são significativamente mais importantes que a razão.

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A origem do cachorro

Posted in Evolução & comportamento, teoria da evolução by Raul Marinho on 18 março, 2010

De acordo com essa matéria da Folha de hoje (repórter Ricardo Mioto), os cães vieram do Oriente Médio. Falta esclarecer se eles são judeus ou muçumanos…

Cachorro surgiu no Oriente Médio, diz análise de DNA

Pesquisa com 900 cães de 85 raças monta álbum de família completo da espécie e descarta leste asiático como sua origem

Diferenças genéticas entre as raças são ainda menores do que se imaginava e são controladas por um número mínimo de genes, diz grupo

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Direita e esquerda

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 8 março, 2010

Engraçado como essa dicotomia direita-esquerda persista, por mais que os muros caiam – e, à exceção do Reinaldo Azevedo, ninguém mais se auto-denomine de direita no Brasil. O fato é que, em qualquer grupo relativamente grande (digamos, acima de 10 integrantes), é comum haver divisões entre esquerda e direita, independente do quão complicado seja definir o que seja uma e outra. Assista ao Big Brother Brasil (reality show exibido atualmente pela Rede Globo) e perceba claramente uma turma de direita (os “jogadores”, capitaneados pelo veterano Dourado) e outra de esquerda (os “de coração”, comandados pelo macho alfa paspalhão Eliéser).

A despeito desse assunto, acho que vale a pena ler o texto abaixo, publicado na Folha de hoje, e de autoria da repórtes Patrícia Cohen:

Estudo desvenda “esquerdismo” de professores

Já se tentou justificar de diversas maneiras o viés de esquerda dos professores universitários dos EUA, com explicações que vão desde viés, puro e simples, a QIs mais altos. Uma nova pesquisa sugere que os críticos talvez tenham formulado a pergunta errada. Em vez de indagar o porquê de a maioria dos professores universitários ser de esquerda, deveriam perguntar por que tantos esquerdistas querem ser professores universitários.

Dois sociólogos acham que podem ter encontrado a resposta: os papéis, ou profissões, de cada pessoa seriam escolhidos por ela segundo sua personalidade ou preferências. Basta pensar na imagem clássica de um professor de letras, filosofia ou ciências sociais, campos em que a assimetria é mais forte: casaco de tweed, ar de nerd, ateu -e de esquerda. Mesmo que isso seja um estereótipo antiquado, ele influi nas ideias que os jovens têm sobre escolha profissional.

Empregos ou profissões podem ser enquadrados em estereótipos diferentes, disseram Neil Gross e Ethan Foss, os autores do estudo. Eles citaram, por exemplo, a proporção baixa de enfermeiros, comparados às enfermeiras. A razão principal da disparidade é que a maioria das pessoas vê a enfermagem como profissão feminina, disse Gross.

A enfermagem sofre o efeito do que os sociólogos chamam de “estereotipagem de gênero”. Para Gross, “professores universitários e vários outros profissionais são alvos de estereotipagem política”. Jornalismo, artes, carreiras da área social e terapia são dominados por pessoas de viés esquerdista; policiamento, agricultura, odontologia, medicina e carreiras militares atraem mais conservadores nos EUA.

“Esse tipo de reputação afeta as aspirações profissionais das pessoas”, acrescentou o sociólogo.

A profissão acadêmica “ganhou uma reputação tão forte de viés esquerdista e secularismo que, nos últimos 35 anos, poucos estudantes que são conservadores políticos ou religiosos, mas muitos que são seculares e de esquerda, desenvolveram a aspiração de se tornarem professores universitários”, escrevem os dois autores. Essa máxima se aplica especialmente ao campo deles, a sociologia, que acabou associada “ao estudo da raça, classe social e desigualdade de gêneros -um conjunto de preocupações que é importante especialmente para as pessoas de esquerda”.

O que distingue a pesquisa de Gross e Fosse de muito do burburinho que cerca esse tema é a metodologia. Enquanto a maioria dos argumentos apresentados até hoje se baseou sobretudo em relatos pessoais, esse é um dos únicos estudos a utilizar dados da Pesquisa Social Geral de opiniões e comportamentos sociais e a comparar os professores ao resto da população americana.

Gross e Fosse vincularam esses resultados empíricos à questão mais ampla do porquê de algumas ocupações -assim como alguns grupos étnicos ou algumas religiões- se caracterizarem por um viés político evidente. Usando uma técnica econométrica, eles testaram quais das teorias mencionadas com frequência eram substanciadas por provas, e quais não eram.

Descobriu-se que a discriminação intencional, uma das acusações mais frequentes feitas por conservadores, não exerce um papel significativo.

Claro que a estereotipagem não é a única causa do viés esquerdista. As características que definem a orientação política de cada um também estão presentes. Quase a metade da assimetria política presente no mundo acadêmico pode ser atribuída a quatro características compartilhadas pelos esquerdistas em geral, e pelos professores universitários em particular: alto grau de instrução; posição religiosa não conservadora, tolerância declarada por ideias controversas e disparidade entre grau de instrução e renda.

A tendência das pessoas que estão em qualquer instituição ou organização de tentarem enquadrar-se nela também reforça a assimetria política. Em uma coletânea de ensaios publicada pelo grupo conservador American Enterprise Institute, o economista Daniel B. Klein, da Universidade George Mason, e a socióloga sueca Charlotta Stern argumentam que, quando se trata de contratar profissionais, “a maioria das pessoas tende a preferir a candidatos semelhantes a elas em matéria de crenças, valores e engajamentos”.

Para Gross, acusações sobre viés e lavagem cerebral de estudantes são contraproducentes. “O irônico é que, quanto mais conservadores se queixam do esquerdismo da academia, é mais provável que a academia continue a representar um reduto do pensamento de esquerda.”

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Tempo & civilidade

Posted in Evolução & comportamento by Raul Marinho on 2 março, 2010

Numa situação de emergência – um naufrágio, por exemplo -, como você se comportaria: com selvageria, pisando sobre a cabeça de velhinhas e crianças, ou com civilidade, ajudando os mais fracos?

De acordo com recente estudo comportamental, o que faz a diferença mesmo é o tempo disponível que as pessoas percebem. Leia a matéria abaixo, publicada hoje pela Folha (reportagem de Ricardo Mioto) e entenda um pouco mais sobre isso.

Naufrágio lento explica “desastre civilizado” no Titanic

As horas que embarcação levou para afundar permitiram o restabelecimento de padrões sociais, dizem cientistas

Estudo de trio da Suíça e da Austrália quer mostrar como a impulsividade influi nas escolhas, questionando modelo econômico clássico

A cena, no filme “Titanic”, dos cavalheiros tocando violino calmamente enquanto o navio afundava agora foi explicada pelos cientistas.

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Comida farta = sexo onipresente?

Posted in Evolução & comportamento by Raul Marinho on 4 fevereiro, 2010

Da Folha de ontem (reportagem de Ricardo Mioto):

Biologia explica psicologia de macaco africano “hippie”

Experimento sugere que índole pacífica do bonobo surgiu de mente infantil

Primata é primo próximo do chimpanzé, mais agressivo; floresta com comida farta fez símio evoluir sem ter de brigar para se alimentar

São famosas as fotos de bonobos, uma espécie de macaco de índole pacífica, fazendo sexo em várias posições -coisa que eles praticam mesmo sem fins reprodutivos, apenas para criar laços afetivos. Um novo estudo tenta explicar por que esses animais altamente sociáveis, apelidados de “macacos hippies”, são tão dóceis, ao contrário dos seus primos, os chimpanzés, mais agressivos. A ideia é que, de certo modo, os bonobos nunca se tornam adultos.

Quem propõe a hipótese é Victoria Wobber, especialista em comportamento animal da Universidade Harvard, dos EUA. A infância dos primatas tem, em geral, como característica o gosto por brincadeiras e diversão. Conforme crescem, animais como o chimpanzé se tornam menos sociais, mais individualistas, mesquinhos e agressivos. Wobber levantou a hipótese de que talvez bonobos nunca chegassem a essa fase.

Em um dos experimentos, juntou então 30 chimpanzés e 24 bonobos que vivem em reservas na África. Fez pares de animais da mesma espécie e deu pedaços de banana para um deles. Bonobos costumavam compartilhar a comida recebida, independemente da idade. Chimpanzés jovens dividiam a banana, mas adultos ignoravam essa possibilidade.

Em estudo na revista “Current Biology”, Wobber explica que não é porque os chimpanzés são menos amigáveis que eles são “menos evoluídos” que os bonobos. E, do mesmo jeito, os bonobos não são inferiores aos chimpanzés porque eles retém características da infância.

Trata-se de maneiras diferentes de se adaptar a situações diferentes. As espécies se separaram há cerca de 2 milhões de anos, passando a ocupar áreas distintas. Ancestrais dos bonobos ficaram fora de regiões exploradas por gorilas, onde acabava sobrando mais comida.

Nesse cenário, “reter os traços juvenis foi largamente vantajoso, pois era algo associado à redução da agressão nos grupos de bonobos”, explica Wobber. Os chimpanzés, enquanto isso, precisaram se manter agressivos e egoístas, pois num ambiente menos abastado isso lhes garantia mais alimento.

Por uma menor agressividade, os bonobos “optaram” por prolongar características da infância. Com isso, outros comportamentos típicos dessa fase podem ter vindo junto, ainda que não fossem uma adaptação ao ambiente, diz Wobber.

Para os cientistas, como chimpanzés e bonobos são “primos” próximos da espécie humana, as descobertas podem ajudar a entender as origens do comportamento das pessoas.

Bonobos são especialmente parecidos com humanos: pessoas também são sociáveis e gostam de sexo em várias posições. Mas existem diferenças. Pessoas também podem ser muito agressivas e mesquinhas.

Por isso, como a psicologia humana tem suas particularidades, paralelos entre a evolução de comportamentos em bonobos e em humanos ainda não podem ser muito bem estabelecidos no que se refere ao prolongamento da infância. Mas isso não intimida os biólogos.

“O próximo passo que vamos dar é fazer comparações diretas com humanos”, diz Wobber.

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Pondé, o darwinista

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento, teoria da evolução by Raul Marinho on 8 dezembro, 2009

Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha, publicou um corajoso artigo ontem, que segue abaixo. Raras vezes vi alguém se lixar tanto para o politicamente correto… Vamos ver qual será a repercussão.

As feias e os covardes

AS PESSOAS não são todas iguais, umas são melhores do que outras, mais inteligentes, mais bonitas, mais generosas. Sinto muito se isso é duro de ouvir. O hábito de matar o mensageiro é antigo como a roda. Normalmente as menos dotadas odeiam as mais dotadas.

Nenhuma sociedade pode mudar isso, e as que tentaram apenas multiplicaram o número das pessoas mais feias e menos inteligentes e mais pobres e menos generosas e mais miseráveis e menos capazes.

Mulheres feias detestam mulheres bonitas (lembremos do maravilhoso filme “Malena” de Tornatore: as mulheres a odiavam porque todos os homens a queriam), homens com menos sucesso invejam homens de grande sucesso (inclusive porque as mulheres não resistem a homens de sucesso, e fracassados não pegam ninguém ou só pegam as feias).

E mais: a acusação de que toda mulher bonita seja burra é a esperança das feias, sua pequena vingança contra a beleza que não têm. Não é apenas o homem inseguro que teme a inteligência numa mulher bonita, as feias também temem. Elas, as feias, ficam, à noite ou pelos cantos do escritório, tramando como jogar sobre a bela e inteligente colega a suspeita de que a inteligência reconhecida no trabalho se deve à cama.

Vale notar que, ao contrário do que as mulheres supõem, nem todo homem suporta muito tempo uma mulher burra, mesmo que bonita. Se for por uns 30 minutos, aí tudo bem.

Ela é feia e sozinha e invejosa e raivosa? Ela desejará destruir sua colega bonita e inteligente e doce e cheia de namorados. Ele é pobre e sozinho e azedo e medroso? Ele desejará destruir seu colega bem sucedido e charmoso e bem humorado e cheio de namoradas. Se o fantasma da mulher é a falta de beleza, o do homem é a falta de coragem. Banal assim.

Existe uma série de códigos para homens e mulheres, e esses códigos sempre determinam o sucesso da relação entre sexos. Existem exceções? Claro que sim. São os famosos milagres, e eu acredito neles, mas nunca serão produzidos em massa através de políticas públicas. Uma das causas da raiva dos ateus contra Deus é porque Ele não é mais democrático na distribuição de milagres.

Esse ódio não é causado pela miséria social (que apenas cria condições para que ele se desenvolva mais ainda). Ele é causado pela insegurança estrutural do ser humano e pelo fato de que a beleza (como signo do que desperta a inveja) é sempre minoria no mundo, e todo mundo quer destruí-la por que não a tem. O ódio pela beleza é um fato científico. Isso não é ideologia, é ciência.

Uma mentira comum cresceu nos últimos anos. Qual? A de que dizer esse tipo de coisa que estou dizendo significa que “não respeito as pessoas feias e bobas”. É claro que as pessoas podem ser o que quiserem ser, inclusive bobas. Ninguém tem obrigação de entender que o mundo não é o que ele gostaria que fosse em sua cabecinha. O problema é o risco que elas dominem o mundo…

A afirmação dos mentirosos é que quando se dizem coisas assim, se peca contra a humildade. É claro que estou levantando o nível do debate e o afastando dessa tagarelice sobre “direitos de sermos bobos e iguais”. Mas a mentira está no fato de que a preocupação dos mentirosos não é com a humildade, mas sim com a repressão da diferença que faz diferença, ou seja, a diferença que cria hierarquias entre as pessoas.

Pensemos no caso da beleza das mulheres ou do sucesso profissional entre os homens, ambos objetos claros de inveja: um dia desses, os mentirosos inventarão uma lei que proibirá as mulheres de serem bonitas em nome da autoestima das feias e proibirão os homens bem-sucedidos de terem carros caros em defesa da dignidade do metrô.

Duvida? Basta algum mentiroso inventar que isso é “necessário para um justo convívio democrático”.

A ditadura “dos ofendidos” é um dos maiores instrumentos contra a inteligência pública e livre em nossos dias.

Humildade é como coragem, só se mede coragem diante da morte ou de algo parecido. A mesma coisa com a humildade: só se mede humildade quando você tem razões objetivas para não ter humildade. Assim como a coragem não brota entre covardes, a humildade é uma agonia apenas para quem tem razões de ser orgulhoso.

Fazendo um giro teológico no argumento (em nome do espírito natalino): Cristo não é grandioso em sua humildade porque era um pobre miserável filho de carpinteiro (isso seria fácil, logo não seria virtude nenhuma), mas porque era Deus, o “Cara”.

Perder vs. Deixar de ganhar

Posted in Atualidades, Ensaios de minha lavra, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 12 agosto, 2009

ilusão

Compare esses dois cenários:

I- Alguns dias antes da crise, um consultor financeiro lhe recomenda investir todas suas economias, que somavam R$100mil à época, em ações. Seis meses depois, seu portfólio estava avaliado em R$50mil, logo você perdeu 50% de sua reserva financeira.

II- No início deste ano, um consultor financeiro lhe disse para deixar todo o seu dinheiro – R$100mil – embaixo do colchão, já que a crise estava tão forte que mesmo uma aplicação em renda fixa no banco seria arriscada. Seis meses depois, você verifica que se tivesse investido na bolsa, estaria hoje com R$150mil, logo você deixou de obter um ganho de 50% sobre seu patrimônio.

Embora o prejuízo efetivo seja idêntico em ambos os casos, sua percepção seria bem diferente se você estivesse no cenário I ou no II, não é mesmo? No primeiro caso, você provavelmente estaria querendo esganar seu consultor de investimentos; enquanto que, no segundo, suas chances de perdoá-lo (“melhor pecar por excesso de zelo do que pela falta”) seriam bastante altas. Só que isso não significa nada em termos reais, é só a percepção dos fatos, uma ilusão: nos dois casos, sua perda foi de R$50mil ou 50% do seu patrimônio. Tão simples quanto isso.

Isso tudo para falar sobre o que noticia o blog do Kanitz neste post: agora, o Paul Krugman diz que “afinal de contas, não haverá uma grande depressão como em 1929”. Por mim, tá perdoado, já que não perdi dinheiro com a crise. Mas continuar a dar crédito aos seus livros e artigos já outro problema.

Cérebro masculino X Cérebro feminino

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 1 agosto, 2009

(Devidamente roubado do Blog do Noblat)

O irresistível charme das orientais

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 17 julho, 2009

japa girl

De acordo com o artigo abaixo, da Sylvie Kauffmann para o Le Monde, as orientais atraem muito mais os ocidentais do que o contrário por questões meramente culturais. Eu concordo parcialmente. Acredito que também existam questões ligadas à neotenia (pele delicada, cabelos muito finos, etc.) que também sejam responsáveis pela beleza feminina das orientais. Pelo mesmo motivo, os orientais não fazem tanto sucesso entre as ocidentais (e nem entre as próprias orientais, como o artigo aponta).

…Ou seria uma confirmação do conhecido esterótipo sobre os japoneses tão difundido no Brasil?

Por que as mulheres orientais atraem mais os ocidentais do que o contrário?

Para o ignorante vindo do Ocidente, o Oriente encerra mistérios insondáveis. Na família Polo, Nicolau, Matteo e Marco gastaram muita energia tentando desvendá-los, mas, sete séculos depois, a Ásia, em muitos sentidos, continua fascinando os aventureiros da globalização.

Um dos enigmas mais preocupantes, na verdade, inquieta mais às ignorantes do que aos ignorantes: por que, na época do grande caldeirão de raças mundial, os casais mistos ocidental-asiáticos se formam apenas em um sentido? Dito de outra forma, por que os homens vindos do Ocidente se sentem tão irresistivelmente atraídos pelas mulheres da Ásia, enquanto os asiáticos e as ocidentais não se juntam?

A questão é séria, principalmente para os batalhões cada vez maiores de jovens mulheres que vão viver lá, não mais de braços dados com seus maridos, como na época das colônicas, mas sim armadas de diplomas, e atraídas, tanto quanto seus colegas masculinos, pelo dinamismo das economias emergentes. Apesar de o aspecto econômico costumar cumprir suas promessas, pelo lado amoroso, entretanto, uma grande decepção as espera. Nesse sentido não surge nada além da perspectiva de inumeráveis “noites entre amigas”.

O que acontece é que seus amigos ocidentais são tão solicitados que já não têm tempo para elas. “É muito simples”, resume uma alta executiva francesa de 35 anos de idade e solteira. “Os chineses nem me dirigem o olhar, e os ocidentais não têm olhos a não ser para as chinesas… ou para os chineses, se forem gays.”

O escritor e jornalista norte-americano Richard Bernstein se interessou por este fenômeno, com mais profundidade, e escreveu um livro que acabou de ser publicado em Nova York com o título “O Leste, o Oeste e o sexo”. Nele, Bernstein descreve a atração erótica exercita pelo Oriente sobre os conquistadores vindos do Ocidente, desde a fascinação exercida pelo harém otomano até o sórdido turismo sexual da Tailândia e do Camboja. A busca sexual da Europa no Oriente, escreve, é “um aspecto do dinamismo ocidental, do espírito de aventura europeu, comparado com a relativa passividade dos asiáticos. O Ocidente é animado por um vivo desejo de conhecer o Oriente, enquanto o Oriente tem muito pouco interesse no Ocidente”. Para o ocidental que vai para a Ásia, acrescenta, “a relação com uma oriental faz parte da aventura”.

Ele mesmo ri ao recordar sua chegada a Hong Kong, como um jovem jornalista, onde um amigo lhe propôs conhecer uma mulher chamada Diana Li. Sentado à mesa do Clube de Correspondentes Estrangeiros no dia combinado, ele esperava com impaciência sua primeira conhecida chinesa, quando escutou alguém dizer: “Você é Richard? Eu sou Diana Lee”.

“Não pude esconder minha decepção”, confessa o jornalista. “Ela era loira e de olhos azuis”. Muitos anos depois, Richard se consolou casando-se com uma verdadeira chinesa.

Isso não resolve o problema de Diana Lee e de todas as loiras estrangeiras que vivem na Ásia. Não tenhamos medo de generalizar: aos olhos dos asiáticos, as ocidentais são inquietantes incendiárias, muito grandes e com muita carne, obcecadas por seu aspecto físico e pelos exercícios de Pilates, educadas numa atmosfera perigosa de igualdade entre os sexos. Poderíamos citar, como um anti-exemplo, Marguerite Duras e seu “Amante” da Indochina, mas isso aconteceu há muito tempo e ela tinha 15 anos. A ópera, a literatura e o cinema popularizaram “Madame Butterfly”, “Miss Saigon”, “Shogun” e as gueixas. O estereótipo da mulher asiática submissa à vida dura “é um fantasma desgastado, sem dúvida, mas mesmo assim incrivelmente influente”, observa Sheridan Prasso, autor de “A mística asiática”, obra lançada em 2006.

Essa vida é tão dura que as mulheres asiáticas não vacilam ao entrar no jogo, se for preciso, para bajular o ocidental crédulo. Na gíria das ruas de Xangai, relata Bernstein, o estrangeiro é chamado de “passagem de avião”, enquanto que na Tailândia é conhecido como “caixa automático”.

Há outra explicação possível. “Os homens asiáticos já têm medo das mulheres asiáticas; como poderão se sentir atraídos pelas norte-americanas?”, ironiza um intelectual chinês. A indiferença dos homens da Ásia pelas mulheres do Ocidente, portanto, é um problema cultural: o macho, tanto oriental como ocidental, detesta ter a impressão de ser dominado, sobretudo se a mulher é da mesma cultura que a sua. Em Cingapura, por exemplo, cada vez há menos casamentos entre cingapurianos. Os homens acham as mulheres de seu país muito diplomadas, muito exigentes, muito sofisticadas, e preferem as vietnamitas e as nativas da China continental.

A brecha não se abre apenas em Cingapura. Anita Jain, nascida nos Estados Unidos, para onde seus pais emigraram desde a Índia, formada em Harvard, relata num livro hilariante, “O casamento de Anita”, que foi morar em Nova Déli para procurar o marido que, desesperada, não encontrava em Nova York. E que até hoje continua procurando.

Post-scriptum

O país da moda, nesse momento, é a Indonésia. Não só o arquipélago, primeira economia do sudeste asiático, resiste notavelmente à crise mundial; não só sua tradição de um Islã aberto e tolerante resiste notavelmente às pressões fundamentalistas; não só 18% dos deputados são mulheres; mas também a eleição presidencial que se desenrolou em 8 de julho reconduziu ao poder, segundo os resultados oficiais, o presidente reformista Susilo Bambang Yudhoyono e consolidou essa jovem democracia de 248 milhões de habitantes. Há, portanto, lugares onde as coisas funcionam.

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Instinto para bisbilhotar as celebridades?

Posted in Evolução & comportamento by Raul Marinho on 6 julho, 2009

Celebridade

Essa vem do blog da Bárbara Gancia, e prometo que vou explorar mais a fundo assim que possível. É sobre o trabalho do “neurobiólogo Michael Platt, do Centro Médico da Duke University, na Carolina do Norte”:

O Dr. Platt conduziu um experimento em que deu a um grupo de 12 primatas sedentos uma escolha entre ingerir a bebida preferida deles, um suco adocicado de cereja, ou ter a oportunidade de admirar fotos de macacos dominantes do grupo deles.

Embora os macacos estivessem com sede, conhecessem a bebida e gostassem muito dela, eles preferiram olhar para as fotos.

Assim como acontece com o nosso sofisticado cérebro, aparentemente parte da mente dos primatas também responde especificamente ao frisson da “celebridade”.

Ou seja, nos fomos configurados para gostar de conhecer detalhes da vida íntima do casal Angelina Jolie e Brad Pitt, fomos programados para procurar saber detalhes sobre o que matou Michael Jackson e com quem os filhos dele vão ficar.

Pronto.

Na próxima vez que estiver na sala de espera do dentista, você já pode olhar sem culpa para a revista de fofocas…

Beleza feminina, contexto masculino

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 2 julho, 2009

homem-feio-mulher-bonita

A pesquisa relatada nesta matéria do UOL Ciência & Saúde revela o que o senso comum há muito já sabe: os homens gostam de mulheres bonitas e ponto; já as mulheres gostam de… bem…, de “uma imagem masculina que esteja num contexto que lhes estimule”. Por mais que as Susanas Vieiras da vida esperneiem alegando o contrário, o fato é que as mulheres não elegem os homens mais atraentes pelos mesmos critérios que os homens.

Mas interessante mesmo é ler os comentários sobre a matéria, com pérolas  do tipo

Inconcientemente o homem cria o estereotipo, baseado no que a midia impõe como sendo o mais bonito, evidentemente as melhores mulheres são aquelas fora desse padrão, descompromissadas com esse tipo de atrelamento, e, é claro, são as mais gostosas e sempre teem um ótimo papo depois da transa. (Oswaldo Cibella – Campina Grande-PB)

Altruísmo recíproco & corrupção

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 1 julho, 2009

Melhor que escrever sobre o mecanismo de altruísmo recíproco humano e seu relacionamento com esquemas de corrupção é publicar esta charge que encontrei no blog do Fernando Stickel, o Aqui tem coisa:

altruismo reciproco e corrupção

Empregabilidade & altruísmo recíproco

Posted in Evolução & comportamento, teoria da evolução, teoria dos jogos by Raul Marinho on 26 junho, 2009

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Leia este artigo, publicado no Blog do Kanitz, sobre desemprego. Repare, especificamente, neste trecho do texto:

Em vez de mais medidas econômicas, os desempregados, uma parte deles pelo menos, precisa de “coaching”, terapia psicológica, aprendizado de técnicas sociais, e assim por diante.

O problema é que ele, o desempregado, não se coloca disponível para ser contratado; ele conhece menos pessoas do que a maioria da sociedade.

Sentiu o drama? O que o Kanitz quer dizer é, na minha linguagem, mais ou menos o seguinte:

A diferença entre estar empregado ou não é a habilidade do indivíduo na gestão de relacionamentos reciprocamente altruístas

Quer saber mais? Compre meu livro “Prática na Teoria” ou meu áudio-livro “Teoria dos Jogos Aplicada aos Relacionamentos”, aí do lado.

O enigma gay

Posted in Evolução & comportamento, teoria da evolução by Raul Marinho on 17 junho, 2009

saopaulinos

A Folha de hoje traz uma matéria interessante sobre evolução & homossexualidade, de autoria do Ricardo Mioto:

Homossexualismo ajuda a moldar evolução, diz estudo

Pesquisadores dos EUA dizem que há milhares de exemplos desse comportamento

Um dos casos é o de fêmeas de espécie de albatroz do Havaí, que formam casais lésbicos que lhes conferem vantagem para criar filhotes

Entre os albatrozes-de-laysan, até um terço dos casais são formados por fêmeas

Relações homossexuais são quase universais no reino animal e podem ser agentes importantes de mudança evolutiva, afirma uma dupla de pesquisadores dos EUA. No entanto, eles alertam que os zoólogos podem estar rotulando de “homossexualismo” uma série de comportamentos diferentes.

O estudo, publicado hoje no periódico “Trends in Ecology and Evolution”, é uma revisão das pesquisas já feitas sobre relações homossexuais animais.

Essa área ganhou grande atenção do público após 1999, quando o zoólogo Bruce Baghemil publicou o livro “Biological Exuberance”, documentando homossexualismo em mais de 400 espécies. Há milhares de exemplos na literatura.

Que machos gostem de fazer sexo com machos e fêmeas com fêmeas é um enigma evolutivo. Afinal, um gene gay (ou vários genes) seria eliminado, pois à primeira vista ele não ajuda a espécie a se perpetuar.

“A grande questão é como explicar qual é o sentido evolutivo”, diz César Ades, etólogo (especialista em comportamento animal) da USP (Universidade de São Paulo).

Qual é, então, a vantagem da homossexualidade para os animais? Os autores do novo estudo, Nathan Bailey e Marlene Zuk, da Universidade da Califórnia em Riverside, dão um exemplo. Veja as fêmeas do albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis), do Havaí.

Essas aves se unem em casais lésbicos que às vezes duram a vida inteira para criar os filhotes, especialmente quando há escassez de machos. Até um terço dos casais da espécie são formados por fêmeas. O resultado é que elas têm mais sucesso do que fêmeas “solteiras” na criação dos filhotes. O comportamento homossexual, portanto, muda a dinâmica da população -e pode ter consequências evolutivas importantes.

A conclusão do estudo é que não existe apenas uma vantagem universal. Ao contrário, a homossexualidade ajudou as espécies de diferentes formas ao longo da evolução. O nome designa, então, vários fenômenos diferentes, com motivações distintas.

Humanos

Por isso, é complicado transpor essas conclusões para humanos. “Existe homossexualidade numa variedade grande de animais: moscas, lagartos, golfinhos. Qual animal tomar como medida para comparar conosco?”, diz Ades.

Entre os animais, os mais próximos de nós são os bonobos. As fêmeas dessa espécie de chimpanzé são vistas frequentemente se relacionando sexualmente – e não raro atingem o orgasmo dessa maneira. Alguns machos se beijam e praticam sexo oral uns nos outros.

É mais difícil entender as causas do homossexualismo em primatas, especialmente em humanos. A quantidade de fatores envolvidos é muito maior. Ao contrário do que acontece com os peixes-mexerica, por exemplo, não se trata de algo simples como não saber diferenciar machos e fêmeas.

Algumas coisas, entretanto, se sabe. Estudos com gêmeos mostram que existe uma tendência hereditária a ser gay ou lésbica. Mas esses trabalhos não conseguem mostrar quais os mecanismos por trás disso.

Além disso, comportamento homossexual é diferente de orientação sexual. Foram encontradas boas explicações para o primeiro item no reino animal, mas ainda é complicado entender quais as vantagens evolutivas que se pode ter simplesmente nunca se relacionando com seres do outro sexo.

Animais diferentes têm motivos diferentes para a comportamento homossexual

>> Para fazer as pazes

Nada melhor do que o sexo para criar um ambiente de intereção que facilite reconciliações

É visto no macaco japonês

>> Por engano

Algumas espécies não possuem maneiras boas de saber quem é macho e quem é fêmea

É visto no peixe mexirica

>> Para formar alianças

Relações entre indivíduos do mesmo sexo permitem a formação de fortes laços, prevenindo conflitos

É visto nos golfinhos-nariz-de-garrafa

>> Para praticar

Indívíduos com pouca experiência sexual aprendem a cortejar com animais do mesmo sexo

É visto na mosca-das-frutas

>> Para reforçar a hierarquia

Para mostrar quem manda em que quem, os bichos estabelecem relações de poder através do sexo homossexual

É visto nos bisões.

>> Para criar os filhos

Fêmeas podem se unir depois de a prole nascer, tendo mais sucesso do que as não-lésbicas

É visto nas albatrozes-de-laysan

Acrescento:

No caso humano, acredito que a “hipótese do tiozinho” tem grande poder para explicar a existência do comportamento homossexual. Essa hipótese, sugerida pelo Antonio Maia na sua dissertação de mestrado sobre o avunculado (2006-IB/USP), tem a ver com a organização familiar. Em sociedades matrilineares, os homossexuais ajudariam a criar a prole de suas irmãs. Sob determinadas condições, famílias com alguns membros homossexuais poderiam, então, ter mais sucesso reprodutivo que famílias compostas somente por heterossexuais. Voltaremos a esse assunto em breve.