Isso não vai dar certo…
Não quero parecer agourento, mas essa política de crédito que o Banco do Brasil está adotando acho que vai dar muita dor de cabeça lá na frente. Veremos…
Quanto custa ser estatal?
Estou participando de uma interessante discussão no Blog do Crédito sobre a demissão do presidente do Banco do Brasil. Alguns leitores (eu incluído) e o próprio editor estão debatendo se é correto utilizar o BB para baixar os spreads, mesmo que isso signifique perda de rentabilidade para o banco. E os minoritários, como é que ficam? O conflito entre o lucro da empresa e os interesses políticos do principal acionista, o governo, é o principal assunto do debate, que vale a pena ser acessado.
Continuando com a discussão, mas mudando ligeiramente de foco, gostaria de acrescentar o que acabei de ouvir na rádio CBN, num comentário da Mara Luquet. De acordo com a comentarista, há um relatório do Merril Lynch que precifica o fato do BB ser estatal em 20% – ou seja: o BB vale 80% do que valeria se fosse privado. E, atualmente, em especial depois do evento de ontem, o desconto que o mercado está impondo às ações do BB é de 33%. Em outras palavras, a atitude tomada pelo Lula ao demitir o Lima Neto custou 13% do patrimônio líquido do BB.
Absurdo no setor bancário
Conforme informa a imprensa (logo abaixo, a íntegra da matéria da Folha), quatro bancos foram ontem multados por propaganda enganosa – não informaram os riscos de determinados fundos de investimento. O mais incrível dessa história é que os dois principais autuados foram o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, instituições controladas pelo Governo Federal.
Num país sério, os presidentes destes bancos (pelo menos os estatais) teriam de vir a público explicar o que ocorreu, e pedir desculpas de joelhos. No Brasil, os advogados destes bancos deverão recorrer na Justiça e embarrigar as multas por décadas.
Bancos são multados em quase R$ 3 mi por propaganda enganosa
Condenados, CEF, BB, Banco Real e Banespa Corretora não se manifestaram
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIAQuatro bancos foram multados em mais de R$ 2,8 milhões pelo DPDC, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, ligado à SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, por propaganda enganosa.
Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Real e Banespa Corretora, os dois últimos controlados pelo grupo Santander, ofereceram fundos de investimento de renda fixa sem informar aos clientes, de forma clara e objetiva, conforme previsto no Código de Defesa do Consumidor, sobre os riscos que corriam ao aplicar o dinheiro nesses produtos.
Segundo o DPDC, a maior incidência dos problemas foi verificada ainda antes da assinatura dos contratos, quando os clientes eram induzidos ou acreditavam investir em um fundo que não oferecia a menor possibilidade de perdas.
“A informação é pedra fundamental em uma relação de consumo. (…) O que chamou muita atenção, em alguns casos, é que não havia nenhuma informação [caso da CEF e BB]”, disse Juliana Pereira, diretora substituta do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor.
No caso da Banespa Corretora, a informação da instituição era que o negócio não tinha risco. “Era uma coisa até mais delicada, porque uma coisa é a omissão da informação, absolutamente relevante nesse negócio, outra é a informação com teor de engano”, completou Juliana.
O trabalho de investigação do órgão ligado à Secretaria de Direito Econômico começou em 2003, quando surgiram denúncias da propaganda enganosa. Os bancos terão dez dias para apresentarem defesa ao Ministério da Justiça.
Nos fundos de renda fixa, o patrimônio é aplicado em títulos públicos e privados. Nos fundos de renda fixa, é permitido aplicar parte dos recursos em ações, investimento de renda variável, com o objetivo de buscar um lucro maior -mas aumentando os riscos.Outro lado
O Banco do Brasil, que recebeu a maior multa, de R$ 1,5 milhão, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai analisar a decisão e chegará a um posicionamento nos próximos dias.
A Caixa, multada em R$ 218 mil, disse que não foi notificada oficialmente e que só depois disso ocorrer iria se pronunciar sobre o assunto.
O Santander, que controla o Banco Real (multado em R$ 249 mil) e o Banespa (R$ 861 mil), apresentou o mesmo argumento: disse que se reserva “ao direito de não se manifestar sobre o assunto enquanto não completar tal análise”.
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