Toca Raul!!! Blog do Raul Marinho

…E bonito, por natureza

Posted in Uncategorized by Raul Marinho on 28 fevereiro, 2010

O mapa acima mostra as falhas geológicas do planeta, lugares em que uma placa sobe em cima da outra e ocorrem terremotos, de acordo com os geólogos. Repare como o lugar ocupado pelo Brasil na América do Sul está longe dos pontos marcados como de alta intensidade sísmica. (O mapa é da Wikipedia).

Tem uma piada (bem manjada, por sinal) em que Deus é questionado por que o Brasil não tem terremotos, maremotos/tsunamis, furacões, desertos, geleiras, etc.; ao que Deus retruca “…mas você não sabe o povinho vagabundo que vamos colocar lá”. Pois é. Esse terremoto nos mostra de onde vem os Arrudas da vida.

Aos 15, de fuzil

Posted in Uncategorized by Raul Marinho on 24 fevereiro, 2010

Leia essa reportagem do G1. Depois, volte aqui, por favor.

O assunto é a liberação de um dos assassinos do menino João Hélio, após somente 3 anos de internação.

-x-

Nos idos do início dos anos 1980, aos 15 anos, eu portava um fuzil FAL-7.62mm, e tinha ordens para atirar para matar em determinadas ocasiões. O FAL era do Estado (mais precisamente, do Exército, arma em que eu servia como aluno da Escola de Cadetes), que achava que um sujeito de 15 anos era perfeitamente maduro para portar uma arma potente como um fuzil. Uma vez, um amigo estava de plantão de madrugada, quando um Opalão invadiu a Vila dos Oficiais cantando pneu. O meu colega atirou três vezes, o carro fugiu, e aparentemente ninguém morreu ou se feriu. Mas poderia ter matado alguém, como aliás um soldado o fez logo que me desliguei (o rapaz atirou no coronel comandante, e foi morto em seguida pelo sub-comandante!).

Em 1985, eu pedi desligamento da EsPCEx, logo depois vem a nova Constituição, mais um tempo o ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente: não sei como a coisa está hoje em dia. Mas segundo o site da Escola de Cadetes, os candidatos a uma vaga deverão ter entre 16 e 21 anos, então acredito que ainda existam menores de idade lá matriculados. Ou seja: o Estado, por meio do Exército, oferece (pelo menos, oferecia na minha época) treinamento militar para que se manuseie armas com a intenção de serem usadas sob determinadas circunstâncias. Até aqui, tudo bem?

O problema é que esse mesmo Estado, por meio de instituições dos poderes Judiciário e Ministério Público, resolve que um outro rapaz de 15-16-17 anos, portador de armamento letal, é uma criancinha inocente que não sabe o que está fazendo. Arrastar um menino pela rua? Ah, sou tolinho, num picibi tio… Por que essa diferença? Porque o cara que estuda na Escola de Cadetes é maduro para atirar de FAL num Opala de playboy, e o assassino do João Hélio não é? É preconceito contra o pobre rapaz: ele é tão maduro quanto eu era, nos anos 1980. Não há porque considerar que um jovem adolescente de hoje, com internet, celular, etc., seja menos maduro que um outro, criado sem essas modernidades, ao contrário. Então por que a discriminação?

Na verdade, o que se percebe pela reportagem é que o rapaz é mesmo discriminado, por onde quer que passe – inclusive, e principalmente, pelos outros detentos. Isso mostra o quão errado está o ECA, baseado em premissas irracionais sobre o comportamento humano. É óbvio que quem pratica o tipo de crime que ocorreu, independente da idade, não pode deixar de ser responsabilizado.

(A foto foi tirada daqui)

Cala a bloca Magda!!!

Posted in Uncategorized by Raul Marinho on 19 fevereiro, 2010

Para quem não conhece, Elenita é uma doutora em linguística formada pela UnB que acabou de encerrar sua participação na décima edição do Big Brother Brasil-BBB, um reality-show da Rede Globo. Para os ETs, acrescento que o BBB é um jogo que dura cerca de 3 meses, com eliminações de participantes em “paredões”, geralmente semanais. No último paredão, o sobrevivente ganha um prêmio que, nessa edição, é de R$1,5milhão. A inscrição é feita enviando-se vídeos para Rede Globo. Os selecionados assinam um contrato, e são remunerados para participar da brincadeira (R$500/semana, segundo consta). Todo mundo é maior e vacinado, e muita gente usa o BBB como porta de entrada para o mundo das celebrities – ex.: Sabrina Sato, Kleber Bam-Bam, etc.

A recém-eliminada, como todas, dá várias entrevistas logo após deixar o cativeiro, e a primeira publicada no site UOL está aqui. Dela, copio abaixo 2 trechos, que comento em seguida:

I-Eliminada do “Big Brother Brasil 10” com 52% dos votos nesta terça (16), Elenita não esconde seu maior medo: o rótulo de ex-bbb. Durante entrevista coletiva realizada no Projac após sua saída da casa, a brasiliense não pensou duas vezes na resposta ao ser questionada sobre seu grande arrependimento dentro da casa. “Não ter ido ao confessionário para deixar mesmo o programa. Agora, vou ter de conviver com o fato de que sou uma ex-bbb para o resto da vida. Quem vai me aceitar como professora em uma universidade federal?”, indagou, caindo em lágrimas.

II-Sobre o jogo, Elenita não tem dúvidas de quem é o melhor estrategista. “O Dourado acorda olhando para a câmera. Ele tem uma bagagem que os outros não têm sobre o BBB. É o melhor jogador ali. Por isso, acho que não merece ganhar”, avaliou.

Comento

Se você trabalha num banco, torna-se bancário. Depois, você resolve fazer medicina e vira médico, ou escreve um livro e vira escritor, ou seja lá o que for; aí você será um médico ex-bancário, ou escritor ex-bancário, o que faz todo o sentido. Não para a linguista, que pelo jeito não sabia que, indo trabalhar como participante de reality show, seria reconhecida como ex-participante de reality show após o reality show acabar. Isso, além de tudo, é profundamente elitista, discriminatório e arrogante por parte da PhD chorosa.

Mostrando que lógica não é mesmo seu forte, a srta relata que um dado jogador, por ser o melhor de todos, não mereceria ganhar. Bem… O Robinho então, que faz gol de letra, deveria ser banido do futebol, o Senna e o Schumacker nunca deveria ter tido permissão de correr na F-1, e por aí vai. Quem merece ganhar o jogo é quem joga mal, joga errado, etc.

Ai meus sais…

Comida farta = sexo onipresente?

Posted in Evolução & comportamento by Raul Marinho on 4 fevereiro, 2010

Da Folha de ontem (reportagem de Ricardo Mioto):

Biologia explica psicologia de macaco africano “hippie”

Experimento sugere que índole pacífica do bonobo surgiu de mente infantil

Primata é primo próximo do chimpanzé, mais agressivo; floresta com comida farta fez símio evoluir sem ter de brigar para se alimentar

São famosas as fotos de bonobos, uma espécie de macaco de índole pacífica, fazendo sexo em várias posições -coisa que eles praticam mesmo sem fins reprodutivos, apenas para criar laços afetivos. Um novo estudo tenta explicar por que esses animais altamente sociáveis, apelidados de “macacos hippies”, são tão dóceis, ao contrário dos seus primos, os chimpanzés, mais agressivos. A ideia é que, de certo modo, os bonobos nunca se tornam adultos.

Quem propõe a hipótese é Victoria Wobber, especialista em comportamento animal da Universidade Harvard, dos EUA. A infância dos primatas tem, em geral, como característica o gosto por brincadeiras e diversão. Conforme crescem, animais como o chimpanzé se tornam menos sociais, mais individualistas, mesquinhos e agressivos. Wobber levantou a hipótese de que talvez bonobos nunca chegassem a essa fase.

Em um dos experimentos, juntou então 30 chimpanzés e 24 bonobos que vivem em reservas na África. Fez pares de animais da mesma espécie e deu pedaços de banana para um deles. Bonobos costumavam compartilhar a comida recebida, independemente da idade. Chimpanzés jovens dividiam a banana, mas adultos ignoravam essa possibilidade.

Em estudo na revista “Current Biology”, Wobber explica que não é porque os chimpanzés são menos amigáveis que eles são “menos evoluídos” que os bonobos. E, do mesmo jeito, os bonobos não são inferiores aos chimpanzés porque eles retém características da infância.

Trata-se de maneiras diferentes de se adaptar a situações diferentes. As espécies se separaram há cerca de 2 milhões de anos, passando a ocupar áreas distintas. Ancestrais dos bonobos ficaram fora de regiões exploradas por gorilas, onde acabava sobrando mais comida.

Nesse cenário, “reter os traços juvenis foi largamente vantajoso, pois era algo associado à redução da agressão nos grupos de bonobos”, explica Wobber. Os chimpanzés, enquanto isso, precisaram se manter agressivos e egoístas, pois num ambiente menos abastado isso lhes garantia mais alimento.

Por uma menor agressividade, os bonobos “optaram” por prolongar características da infância. Com isso, outros comportamentos típicos dessa fase podem ter vindo junto, ainda que não fossem uma adaptação ao ambiente, diz Wobber.

Para os cientistas, como chimpanzés e bonobos são “primos” próximos da espécie humana, as descobertas podem ajudar a entender as origens do comportamento das pessoas.

Bonobos são especialmente parecidos com humanos: pessoas também são sociáveis e gostam de sexo em várias posições. Mas existem diferenças. Pessoas também podem ser muito agressivas e mesquinhas.

Por isso, como a psicologia humana tem suas particularidades, paralelos entre a evolução de comportamentos em bonobos e em humanos ainda não podem ser muito bem estabelecidos no que se refere ao prolongamento da infância. Mas isso não intimida os biólogos.

“O próximo passo que vamos dar é fazer comparações diretas com humanos”, diz Wobber.

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