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O pós-crise

Posted in Atualidades, crise financeira by Raul Marinho on 31 março, 2009

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Há um ano, publiquei um artigo no portal administradores.com sobre a boletite, que é o consumismo epidêmico por que passávamos na época, logo antes da crise econômica atual chegar para ficar. Na verdade, o primeiro estágio da crise, o problema dos subprimes, já estava acontecendo, e eu dizia naquele artigo que a sua causa era justamente a boletite que impelia as pessoas a consumir casas cada vez maiores e mais caras.

Alguns meses depois, dei uma palestra sobre o assunto, e propus uma estratégia de combate à boletite baseada numa mudança radical na política tributária das pessoas físicas, hoje focada na renda das pessoas. A idéia é desonerar a parte da renda direcionada à poupança e sobre-onerar a parcela destinada ao consumo, o que faria com que a sociedade ficasse mais saudável em termos econômicos e evitaria a ocorrência de uma corrida consumista insana, a causa original da atual crise econômica. Logo depois, a crise econômica se agravou, o Lula saiu falando para todo mundo comprar TV de plasma a prestação, e ficou impossível continuar com esse debate.

Agora, às vésperas da reunião do G-20, o combate à boletite está voltando ao centro da cena. Veja a coluna do Clóvis Rossi de hoje (logo abaixo). Volto a esse assunto depois.

Além da bruma da crise

Por fim, na vertigem da crise, algumas vozes do establishment começam a olhar além e a tentar adivinhar -ou desejar- como seria o mundo pós-crise.
Uma das vozes atende pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva e diz, em artigo ontem publicado pelo “Le Monde”, que, “mais grave que uma crise econômica, estamos diante de uma crise de civilização. Ela exige novos paradigmas, novos modelos de consumo e novas formas de organização da produção”.
Concorda com ele relatório da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, instituto independente de assessoria do governo britânico, que procura separar “prosperidade” de “crescimento”. O texto pede aos governos para “desenvolver um sistema econômico sustentável que não se apoie em um consumo sempre crescente”.
Reforça Malloch Brown, o principal negociador britânico para a cúpula do G20: “Veremos [após a crise] uma recalibrada no estilo de vida, toda uma nova visão de futuro de um mundo menos conduzido pelo consumismo, talvez com o acréscimo de um mundo no qual o poder tenha sido algo mais bem distribuído”.
Fecha o circuito Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio e um funcionário internacional ao qual se é obrigado a prestar atenção pela qualidade de suas análises: “O modelo de capitalismo que conhecemos nos últimos 50 anos não se sustenta. A questão fundamental é saber se há que readaptar, arrumar ou reformar o capitalismo ou se é preciso ir além, ser mais profundo nas mudanças e ir mais fundo nos retoques”. Completa: “Creio que não temos que nos satisfazer intelectualmente com o horizonte atual do capitalismo”.
Bem-vindos todos ao clube do “outro mundo é possível”. Mas palavras só não bastam. Vocês que são todos “insiders”, que tal reconstruir a civilização?

Marolona

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 12 março, 2009

marolona

Demissões na Embraer: não é o que parece

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 20 fevereiro, 2009

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Foram anunciadas 4mil demissões na Embraer ontem (20% da força de trabalho), o que deixou o presidente Marolinha “indignado”, de acordo com a imprensa.  Isso porque a Embraer recebe recursos do BNDES, que por sua vez são oriundos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), logo a empresa não poderia demitir os trabalhadores que, no fim das contas, a financiam. Faz sentido? Sim, tanto quanto a limitação de salários para executivos, do Obama. Na superfície, faz, mas é só explorar o assunto um pouquinho mais a fundo que se percebe a falácia.

Vamos começar entendendo porque a Embraer precisou demitir. Sendo uma fabricante de aviões, seu mercado é, majoritariamente, externo. A empresa fabrica jatos executivos (como o que bateu com o avião da Gol), vendidos para… Bem, para executivos (presidentes e diretores de grandes corporações), que neste momento devem estar com outras prioridades em mente, como salvar a própria pele. Ela também fabrica aviões utilizados em linhas comerciais regulares das companhias aéreas, e que estão sendo fortemente afetadas pela recessão nos países ricos. Logo, é óbvio que o mercado da Embraer foi muito afetado pela crise; mais ainda se pensarmos que o risco dos compradores não pagarem também aumentou. Assim, se a Embraer não reduzisse seu tamanho neste momento, estaria sendo irresponsável, e empresas irresponsáveis não pagam empréstimos do BNDES, logo o cano seria dado no FAT, ou seja, nos trabalhadores.

Mas a Embraer poderia, ao invés de demitir, reduzir a jornada de trabalho e de salários, como algumas empresas, como as montadoras, estão fazendo, o que seria menos traumático para os empregados, certo? Em teoria é lindo, mas o problema é que a legislação trabalhista é confusa, antiquada, e expõe a graves riscos as empresas que fazem isso. Para poder reduzir jornadas e salários, a legislação anacrônica em vigor (de 1965) exige que a empresa prove que está em dificuldades muito graves. Ora, como é que uma empresa saudável, de capital aberto, com ganas de liderar seu segmento, vai assumir em público que está em dificuldades (que, ademais, não está!)? Para uma montadora multinacional, cuja casa matriz está à beira da falência (eventualmente, além), tudo bem fazer esse acordo, mas não para a Embraer.

Se o presidente Marolinha quisesse fazer alguma coisa de útil, deveria trabalhar para modernizar a legislação trabalhista, permitindo acordos de redução de jornada e salário em momentos como o atual.

Obama, meu filho, deixa eu te explicar uma coisa…

Posted in Atualidades, Just for fun by Raul Marinho on 13 novembro, 2008

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O Presidente Marolinha, que já tem uma estratégia para 2010 conforme mostra a foto acima, está louco de vontade para começar a dar uns conselhos para o Obama. Veja o que Noço Guia disse hoje:

Obama deve entender que não existe uma só razão para manter o bloqueio contra Cuba. A Guerra Fria acabou, o Muro de Berlin caiu. Os Estados Unidos têm força política para fazerem este gesto.

E a marolinha, hein!? Já tá dando prá pegar jacaré.

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 12 novembro, 2008

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Pelo menos é o que diz o Alexandre Schwartsman.

Mas não dê bola para o Alex, não… Ele é um economista a serviço do capital estrangeiro. Seja patriota e acredite em nosso presidente: corra já prá comprar sua TV de plasma em 120 parcelas neste Natal, que vai ser o melhor da história desse país.

E aí presidente? Como você explica isso?

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 12 novembro, 2008

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Enquanto o nosso presidente Luís Inácio Marolinha da Silva passeia pelo mundo em seu Airbus, nossas crianças continuam morrendo: o Brasil é o 3o pior país em mortalidade infantil na América do Sul, só ganhando da Bolívia e do Paraguai. O que seria inaceitável é, nesse caso, um absurdo, vindo o Lula de onde veio (filho de uma mãe que “nasceu analfabeta”, ele mesmo poderia ter morrido ainda bebê). Mas tudo bem, tenho certeza que o PAC vai resolver também este problema, e que em 2010 nosso país apresentará índices de mortalidade infantil escandinavos.

Otário ou malandro?

Posted in Atualidades, Ensaios de minha lavra by Raul Marinho on 11 novembro, 2008

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Os milhares de leitores desse humilde noticioso cibernético já devem ter notado uma certa má vontade de nosso corpo editorial com o Clóvis Rossi, colunista da Folha. O problema é que o sujeito não pára de escrever bobagens, e nossos editores ficam revoltados, é impossível impedi-los de fazer o seu trabalho (que, a propósito, nem remunerado é). Hoje, ele reproduz quase que integralmente o ponto de vista do Fábio Barbosa em sua coluna abaixo reproduzida para explicar a posição dos bancos quanto à crise. Barbosa é presidente do Santander/Real e da FEBRABAN, logo não há personagem mais enviesada para falar deste assunto: é óbvio que ele iria aliviar o lado dos banqueiros. Mas CR parece não se atinar para esse pequeno detalhe e faz das palavras de Fábio as suas, o que só dá margem a duas interpretações:

1)Ou ele é um otário, que não percebe que o presidente da FEBRABAN jamais emitiria uma opinião prejudicial aos bancos – então deve ser demitido porque o leitor não deve ser informado por otários;

2)Ou ele é um malandro, e está escrevendo a soldo de interesses dos banqueiros – então deve ser demitido porque o leitor não deve ser informado por malandros.

Na verdade, o buraco é beeeeeem mais embaixo. Muito embora os argumentos do Fábio Barbosa estejam corretos, eles são apenas parte da verdade. É preciso acrescentar que, dentre outros motivos da escassez de crédito, que:

1)O que o BaCen quer é que os bancos direcionem fatia maior para o crédito do que para outros ativos, como títulos públicos;

2)O brasileiro é um péssimo poupador, e o momento é de estimular a poupança pública, não o consumismo fútil, como fez o presidente Luís Inácio TV de Plasma da Silva;

3)O sistema de crédito brasileiro precisa de urgente reforma para acabar com o paternalismo aos endividados, um dos grandes entraves ao crescimento do crédito;

4)É preciso investir em educação financeira de qualidade, para que o crédito possa crescer de forma sustentável; e

5)É preciso desarmar os desincentivos ao crédito (ex.:a sobretaxa do IOF) instalados recentemente.

Viu, Clóvis, como tem coisa importante para falar?

Segue abaixo o texto do CR, com os trechos entre aspas grifados, para facilitar a vida do leitor:

Os bancos e o boi no pasto

Fabio Barbosa, presidente do Grupo Santander no Brasil e presidente também da Federação Brasileira de Bancos, é um dos raros líderes (empresariais ou políticos) que se sente compelido a prestar contas quando cobrado.
Foi cobrado pelo presidente Lula na semana passada (de brincadeira, segundo Barbosa), cobrança que reproduzi neste espaço. Prestou contas, que repasso ao leitor, como é devido, em resumo: “Os governantes, analistas, banqueiros, industriais e jornalistas ainda estão tentando entender o que se passa nessa inédita crise.
Não espere que eu, ou alguém isoladamente, tenha a resposta
“. “A realidade é que o crédito não circula no mercado internacional e, portanto, as empresas e os bancos brasileiros não têm mais acesso a vários mecanismos que vinham sendo utilizados. (…) Com a impossibilidade de se financiarem no mercado internacional, as empresas buscaram financiamento em reais, e -claro- não há como atender a essa nova demanda, além da já existente. Algumas empresas não encontram o crédito que desejam, e daí vem a sensação de paralisação.
A notar, que muitos bancos também se financiavam no mercado internacional e, portanto, não podem fazer seus repasses aqui
“.
Vale notar que o crédito para pessoa física, com a exceção de financiamento de automóveis, continua normal. Baseado em levantamento (informal) feito junto a grandes bancos, entendo que a carteira de crédito total de outubro fechará acima dos volumes recordes de setembro, o que é muito diferente do que acontece mundo afora“.
Como indiquei acima, o processo que estamos vivendo é ímpar. De nada adianta simplificarmos o problema, sugerindo que se trata de má vontade deste ou daquele setor.
Não caiamos na armadilha de voltarmos à época da busca do “boi no pasto”, que, a propósito, não demonstrou maior efetividade.

Vampiro de sorte

Posted in Atualidades, Just for fun by Raul Marinho on 8 novembro, 2008

Com 80% de popularidade (e pelo menos uma reeleição), Lula sempre vai estar entre os presidentes mais bem sucedidos ha história de um país – qualquer país. Por comeptência própria? Bem… Para evitar polêmicas desnecessárias, basta constatar que já tivemos pessoas competentes antes na presidência, mas sem sucesso equivalente. Por outro lado, todos os que dele se aproximam acabam se dando mal. Do Jefferson ao Dirceu, muita gente “boa” (no sentido de ter muita experiência em boas negociações políticas) se deu mal. A Marta, apoiada neste última eleição pelo Lula, perdeu do Gilberto “Quem?” Kassab, e o Crivella rodou lá no Rio. Se você não acredita que o cara é o maior pé frio da história deste país, repare nos exemplos das fotos abaixo:

Campeão, o tenista Gustavo Kuerten presenteou-o com uma raquete e nunca mais foi o mesmo.

O boxeador Popó jamais venceu uma luta importante após presentear o petista com seu par de luvas.

O mega-star Lenny Kravitz até sumiu do show-business após presentear o petista com sua guitarra famosa.

O presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, foi ao Palácio do Planalto levar uma camisa do time, às vésperas da decisão da Copa do Brasil, em 2007, e na final aconteceu o que parecia impossível: perdeu o título para o Figueirense, em pleno Maracanã, com dois gols roubados pela bandeirinha.

O Corinthians caiu para a segundona, logo depois do petista ser homenageado pela diretoria do clube com uma camisa 10 e seu nome grafado.

Antes de partir para a última Copa do Mundo, Roberto Carlos foi o único jogador a visitar Lula, levando para ele uma camisa da Seleção autografada pelos craques. O lateral-esquerdo ajeitava o meião quando Thierry Henry, nas suas costas, fez o gol francês que tirou o Brasil da final.
Após uma campanha espetacular na Copa Libertadores da América, o time doFluminense recebeu a visita de Lula, antes da final com a LDU. O petista atéposou para fotos exibindo a camisa do time. No jogo, em pleno Maracanã, o Flu perdeu três pênaltis e o título.

Presidente Lula exibe camisa autografada pela Seleção Brasileira de Voleibol Masculino, ao lado de dona Marisa, do ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, e dos jogadores da seleção _ (Brasília, DF, Palácio do Planalto, 16/06/2005). Há algumas semanas, a antes imbatível seleção masculina de vôlei esteve com o petista. Perdeu os dois jogos seguintes diante da torcida brasileira, e o título da Liga Mundial.

cid:1.2098299274@web62502.mail.re1.yahoo.com

9. Lula, a caminho de Pequim, levando a sua ‘bênção’ para o maior favorito
brasileiro nos Jogos Olímpicos, Diego Hypólito. Deu no que deu…

Aijizuiz…

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 6 novembro, 2008

lula

De acordo com Cristiana Lôbo, do seu blog no G1:

Os brasileiros devem realizar o sonho da casa própria; não devem deixar passar o momento mágico de ter um carro; uma tv de plasma, que todo mundo quer, agora; o seu computador, e até o primeiro sutiã… – Lula, hoje.

Resumindo:

Posted in Atualidades, Just for fun by Raul Marinho on 1 novembro, 2008

Você leus meus últimos posts sobre o comportamento do Lula nesta crise financeira global? Se não, não precisa mais, a charge abaixo os resume. (Saiu na Folha de hoje, e é do Bennet, um chargista que eu não conhecia, mas que tem um blog incrível).

Lula & preconceito

Posted in Ensaios de minha lavra, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 30 outubro, 2008

Raramente escrevo artigos históricos, mas este aqui é uma exceção, publicado na Você S/A logo antes do Lula tomar posse em seu primeiro mandato:

O preconceito do preconceito

Pela primeira vez na história, temos um presidente de origem popular. Lula é nordestino, sem formação acadêmica e portador de uma mutilação física. Se FHC diz ter um “pé na cozinha”, Lula tem os dois na senzala. Com todos estes atributos, Lula é igual à maioria dos presidiários, bóias-frias, porteiros de prédio e pedreiros do país. Em outras palavras: temos um Presidente da República que teria problemas para entrar em um restaurante fino de São Paulo – não fosse ele, obviamente, o morador do Palácio da Alvorada. Acredito que chegou a hora de encararmos de frente o preconceito e a discriminação que fingimos não ter. Temos, sim. Todos nós. Segundo a Biologia Evolutiva, o ser humano é um animal preconceituoso e discriminatório por natureza. Essas características foram essenciais para nossa evolução e são impossíveis de serem extirpadas, a não ser que se desenvolva uma técnica de cirurgia genética.

Existe uma antiga anedota sobre o namoro da Xuxa com o Pelé. A então jovem modelo chegou em casa e falou que estava namorando um negro. O pai, escandalizado, arrancou os cabelos por isto; sua mãe quase desmaiou. Mas quando a Xuxa disse que o negro era o Pelé, seu pai disse: “Ah, filha! Mas o Pelé não é tão negro assim!”. Da mesma forma, a maioria dos eleitores brancos e educados do sudeste que votaram no Lula provavelmente não o consideram tão nordestino, retirante e iletrado assim. Daí a grande idéia do seu marketeiro de vendê-lo como “Lula Light” ou “Lulinha Paz e Amor”. A mensagem subliminar para a classe média é a de que o Lula é ex-nordestino, ex-operário, ex-iletrado. Ou, visto por outro ângulo, o Lula agora é “um dos nossos”.

Vamos entender o preconceito pelo começo. Nossos antepassados não tinham uma vida tranqüila. No início da nossa existência como espécie, os Homo sapiens, agrupados em pequenas comunidades de caçadores-coletores, viviam em guerras tribais. A escassez de alimentos nas estiagens era devastadora e a equação básica da sobrevivência – representada pela quantidade de alimento dividida pela população – só fecharia se o denominador fosse reduzido. Visto de outra forma: se não houvesse guerra e morticínio, todos morreriam de subnutrição. Por outro lado, era preciso identificar claramente os componentes de sua própria tribo. Para que fosse possível saber a que tribo um indivíduo pertencia, era essencial discriminar. E nós desenvolvemos habilidades específicas de reconhecimento através das características físicas, como a cor da pele, por exemplo.

Como o traço comportamental de cooperar com quem é da mesma tribo e desertar com quem for da tribo vizinha trouxe vantagens evolutivas para nossos ancestrais, este comportamento se perpetuou na nossa espécie. Todos nós sempre discriminamos toda pessoa que vemos pela frente. Isto é tão natural quanto nossa boca salivar ao sentir cheiro de churrasco. Sempre que somos apresentados a alguém, nosso cérebro trabalha freneticamente para enquadrar esta pessoa em algum estereótipo que nos faça sentido. Uma grande gama de informações é checada em poucos segundos: da cor da pele ao formato do nariz; do sotaque à construção gramatical; dos gestos à vestimenta, nada escapa ao cérebro humano, construído e treinado para discriminar.

Devido a isto, nossa espécie tende a achar que todos que são diferentes de seu grupo étnico são, a princípio, inimigos. Este comportamento fazia sentido há 50.000 anos – na verdade, era determinante para a sobrevivência. Mas na sociedade moderna, este mesmo comportamento leva a distorções gravíssimas. Sobram exemplos do lado perverso do comportamento discriminatório. Os alemães da década de 30 achavam que os culpados de tudo eram os judeus. Muitos sulistas do Brasil acham que os culpados pelo desemprego e pela violência são os nordestinos. A maioria dos judeus israelita acha que os palestinos são uma praga a ser dizimada. Os brancos sul-africanos achavam que os negros nativos eram uma sub-raça, e assim por diante. Por ironia, a espécie humana é uma das que apresenta menor variação genética entre as espécies animais. Em essência, é um erro pensar que nós nos dividimos entre negros, pardos, brancos ou amarelos. O ser humano é uma raça única.

Na sociedade atual, organizada em supertribos multi-étnicas, o traço comportamental discriminatório ainda faz sentido em determinadas situações. Se, por uma mutação genética, alguém nascesse sem este traço comportamental, provavelmente esta pessoa teria problemas sérios. Um bom exemplo seria se esta pessoa estivesse andando pela rua de madrugada e encontrasse com uma gang de trombadinhas. Uma pessoa desprovida do sentimento discriminatório não saberia que seria assaltada ou agredida, ao passo que uma pessoa normal fugiria ou se esconderia do perigo. Mas o lado perverso da discriminação também existe e, apesar de “natural”, deve ser combatido. Com a eleição do Lula, acho que demos um passo importante para diminuir o preconceito, pois agora temos uma referência clara de que quem é pobre, nordestino e fala errado também pode chegar lá!

Tu li tu li tu lá…

Posted in Atualidades, Just for fun by Raul Marinho on 9 outubro, 2008