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O.B.ama

Posted in Just for fun by Raul Marinho on 3 maio, 2009

obama

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Confiança, confiança, confiança…

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 13 abril, 2009

confidence

A atual crise econômica é, como já cansamos dizer aqui, uma crise de confiança. (Re)veja esses posts sobre o assunto: Confiança com ou sem fiança?, É a confiança, estúpido!*, e Fé x Confiança, e entenda o que eu quero dizer por “crise de confiança”. Depois, leia o artigo abaixo do Peter Baker, publicado hoje pelo The New York Times e reproduzido na Folha (comento brevemente no final). É muita leitura, eu concordo, mas com ela você será capaz de formar um quadro consistente sobre a crise atual e seus possíveis rumos. Logo, vale a pena.

Uma questão de confiança

Obama conseguirá restaurar a sensação de empreendedorismo e coragem nos EUA?

Washington
Confança é o nome do jogo para Barack Obama, presidente que tenta calibrar sua mensagem para se adequar ao momento, buscando uma maneira de inspirar um país temeroso da recessão e transmitir a esperança de que tempos melhores virão. É um equilíbrio delicado de se alcançar. Se ele parecer pessimista demais, poderá deprimir ainda mais um povo desesperado por qualquer sinal de progresso. Se soar otimista demais, correrá o risco de parecer que está tentando enganar a nação.
“Você não quer ignorar os problemas e parecer que não está em contato com os desafios que eles estão enfrentando”, disse Rahm Emanuel, chefe de gabinete da Casa Branca. “Por outro lado, você tem de passar a sensação de que há uma luz no horizonte, visível, para a qual você está apontando.”
E os americanos ficaram mais otimistas sobre a economia e a condução dos EUA desde a posse de Obama, o que sugere que ele goza de certo sucesso em sua tarefa crítica de reconstruir a confiança americana, segundo uma pesquisa New York Times/CBS News divulgada no dia 7.
A tarefa de Obama é igualmente crítica para muitos outros países cujas economias dependem de um consumidor americano confiante. Por isso, quando ele voou para Londres e se reuniu com outros líderes para tentar reverter a economia mundial, prometeu mais uma vez restaurar “a confiança nos mercados financeiros”.
Na França, disse em um encontro na prefeitura que estava “confiante de que podemos enfrentar qualquer desafio desde que estejamos unidos”. Para confirmar, repetiu a frase duas vezes em seus comentários iniciais. E caso os americanos a tivessem perdido, Obama gravou uma mensagem declarando que está “confiante de que vamos superar esse desafio”.
Mas Obama é o líder de uma nação com a confiança desgastada em todo tipo de instituição, dos bancos e da indústria de automóveis ao governo e à mídia noticiosa. O próprio lugar dos EUA no mundo parece em dúvida para alguns, enquanto China e Rússia tentam criar uma nova moeda internacional para substituir o dólar e outros contestam a dominação econômica, militar e cultural do país.
Na verdade, esta não é a primeira vez que um presidente enfrenta tal desafio. Franklin D. Roosevelt possivelmente reverteu o clima de um país que apreciava seu estilo entusiasmado, as conversas tranquilizadoras ao pé da lareira e a certeza de que a única coisa a temer era “o próprio medo”, apesar de a Grande Depressão ter causado estragos por anos. Ronald Reagan assumiu um país, depois do Vietnã e de Watergate, que sofria o que Jimmy Carter chamou de “crise de confiança” e imitou Roosevelt com uma série de pronunciamentos pelo rádio e discursos expressando a fé inabalável no espírito americano.
Não importa quanto crédito eles mereçam, Roosevelt e Reagan, ou suas lendas, levaram sucessivos presidentes a cuidar do tom, sabendo que serão julgados por ele. George W. Bush projetou uma segurança constante na sequência dos atentados de 11 de Setembro.
Mas suas avaliações sempre entusiásticas da guerra no Iraque, mais tarde, o fizeram parecer desconectado. “As pessoas pararam de acreditar nele depois de algum tempo”, disse Alan Brinkley, reitor da Universidade Columbia, em Nova York, e historiador presidencial. “Já Obama é descontraído e calmo, e no entanto pode ser muito carismático. Acho que a sensação de calma e razão é o que faz as pessoas confiarem nele. Não tem o entusiasmo efervescente que Roosevelt e Reagan tinham, mas é um tipo de confiança diferente.”
O equilíbrio escapou a Obama algumas vezes desde sua eleição. Por semanas ele pareceu um arauto da catástrofe, advertendo sobre uma recessão que poderia durar uma década. Em certa altura o ex-presidente Bill Clinton, o homem de Hope [Esperança], Arkansas, pediu que Obama fosse franco com a população sobre a crise, mas enfatizasse sua fé no futuro. “Eu gostaria que ele dissesse que está esperançoso e convencido de que vamos superar isto”, disse Clinton na época.
Bush resistiu ao usar a palavra “recessão” durante vários meses, preferindo “declínio” e “desaceleração”, raciocinando que um presidente que usasse a palavra prematuramente poderia transformá-la em uma conclusão antecipada.
No entanto, alguns especialistas negam a importância da confiança em uma época em que tantos pilares do sistema estão partidos. “Isso não vai consertar a situação”, disse Peter Morici, economista da Universidade de Maryland. “A economia está ruim e as pessoas perderam a confiança, e não o contrário. O fato de as pessoas recuperarem a confiança não vai restaurar a solvência dos bancos ou a demanda do consumidor.”

Comento:

Nos trechos em negrito, destaco a diferença entre o presidente Marolinha e o Obama. O primeiro, mentindo deslavadamente e depois dizendo que a outra opção seria falar sifu; o outro, sendo franco e, ao mesmo tempo, passando uma mensagem otimista sobre o futuro.

A era do trilhão

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 3 abril, 2009

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O Obama fala em gastar US$1trilhão no pacote de ajuda à economia dos EUA, e o G-20 já está na casa dos US$5trilhões, mas nada se iguala à cifra citada pelo Robert Frank, do blog The Wealth Report. Segundo ele, as perdas dos ricos com a crise chega a inimagináveis US$10.000.000.000.000,00 – ou dez cédulas iguais à da foto acima. Mais, aqui.

Ainda a carta do Tojinho

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 21 março, 2009

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A carta que o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, enviou ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é o documento histórico brasileiro mais importante desde a carta-testamento do Getúlio. Pelo menos é nisso que seu autor deveria estar pensando quando a redigiu, e essa deve ser a razão de existirem, além das versões em português (a língua do emitente) e em inglês (a língua do receptor), uma terceira em francês: para facilitar a leitura ao Sarkozy. Aproveitando que o Obama está com uma agenda tranquila, sem fazer muita coisa, é óbvio que o estadunidense vai dar a maior importância para a operação Satiagraha. O Sarkozy que eu não boto muita fé, pois com o mulherão que ele tem em casa, duvido que ele vai perder tempo lendo cartinha de meganha sulamericano.

Mas, a despeito do pensamento megalomaníaco e do evidente comportamento amalucado do delegado (não se sabe se por patologia ou por estratégia, talvez uma mistura dos dois), o fato é que tem coisa importante escrita ali. Olha só esse parágrafo perdido, no meio do texto:

O próprio presidente da república, o Lula, acaba de colocar los amigos para assumir controle do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) com um decreto no dia 19 de fevereiro de 2009, visando obstruir processos relativos à soberania da nação – aliás, uma jogada não muito distante do Patriot Act do presidente G.W. Bush que custou aos EUA um atraso que o senhor pode mensurar melhor do que ninguém. No caso em questão, 11 entidades autônomas, incluindo as forças armadas brasileiras, formavam um conselho consultivo que coordenava a Sisbin. Esse conselho foi agora substituído por um comitê de seis indivíduos amigos de Lula, todos com um passado ético extremamente questionável.

Não é uma informação muito relevante para o Obama, mas internamente o é. Por que o Lula reformulou o Sisbin? Qual a versão oficial?

From protogenes@hotmail.com to obama@usa.gov

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 21 março, 2009

carta

Você leram a carta do Protógenes para o Obama? Se não, leia abaixo ou acesse http://protogenescontraacorrupcao.ning.com/profiles/blogs/carta-ao-presidente-obama (no site, tem a versão em inglês e em francês – por que a versão em francês está lá, já que o Barack fala inglês, é outra coisa).

Estimado Presidente Barack Obama –

Como é amplamente reconhecido, a sua eleição ao cargo supremo dos EUA reafirma e fortalece a luta pela democracia e pela justiça travada por cidadãos honrados em nações do mundo inteiro. Acreditamos que existe, de fato, “uma luta em andamento que vai além do oceano” dizendo respeito ao bem-estar de toda a coletividade humana. É nesse espírito que estamos enviando essa comunicação à sua atenção.

O Brasil vive momentos de fragilidade, pois evidências de esquemas de corrupção que ameaçam a soberania de nosso país estão presentemente sendo avaliadas nos EUA. Precisamos, portanto, do seu apoio. Sabemos, afinal, que o crime organizado internacional não tem qualquer comprometimento com o valor público das nações do planeta, mas apenas com a sua dizimação, fato que perpetua o flagelo e o sofrimento de centenas de milhões de seres humanos em todos os países.

A luta brasileira contra a corrupção tem se tornado mais intensificada nesses últimos meses conforme a operação Satiagraha da Polícia Federal tem evidenciado ao povo brasileiro o envolvimento dos três poderes da república em esquemas de corrupção. Isso se tornou público a partir da apreensão e condenação do banqueiro-bandido Daniel Dantas, o agente financeiro de inúmeras fraudes e atos criminosos realizados nos últimos 15 anos em conjunto com os mais altos representantes públicos dos poderes executivo, legislativo e judiciário do Brasil.

Como resultado desse quadro lamentável, os poderes da república brasileira têm agido de forma patentemente arbitrária e antidemocrática, visando obstruir os processos da lei e da ordem, dessa forma traindo os interesses 190 milhões de cidadãos brasileiros ao favorecer bandidos já condenados pelas leis do país.

O fato é que os 2 bilhões de dólares já bloqueados com a ajuda de governos estrangeiros – do total de U$ 16 bilhões desviados pelo banqueiro-bandido Daniel Dantas – mostram a veracidade dos crimes e provam que a luta vai, sim, além dos oceanos. Mesmo assim e apesar de ter sido condenado a dez anos de prisão bem como ao pagamento de multa de R$ 12 milhões por tentar subornar um delegado da Policia Federal, o banqueiro-bandido condenado responde a sentença em liberdade após receber dois Hábeas Corpus sucessivos contrariando todo o histórico de julgamentos e súmulas da Suprema Corte brasileira.

Infelizmente, não é apenas o judiciário que está no payroll do banqueiro-bandido Daniel Dantas. O próprio presidente da república, o Lula, acaba de colocar los amigos para assumir controle do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) com um decreto no dia 19 de fevereiro de 2009, visando obstruir processos relativos à soberania da nação – aliás, uma jogada não muito distante do Patriot Act do presidente G.W. Bush que custou aos EUA um atraso que o senhor pode mensurar melhor do que ninguém. No caso em questão, 11 entidades autônomas, incluindo as forças armadas brasileiras, formavam um conselho consultivo que coordenava a Sisbin. Esse conselho foi agora substituído por um comitê de seis indivíduos amigos de Lula, todos com um passado ético extremamente questionável.

Como é de conhecimento público, as informações da investigação Satiagraha contendo provas irrefutáveis dos crimes mencionados acima se encontram em 12 discos rígidos, encontrados dentro de uma parede oca na residência do banqueiro-bandido Daniel Dantas, os quais estão presentemente nas mãos da CIA nos EUA para serem analisados e revelados os esquemas de corrupção no Brasil com reflexos no seu país. Não é difícil imaginar as razões que levaram essas evidências para longe do Brasil ao considerarmos a seriedade dos crimes cometidos e o poder dos criminosos envolvidos, cuja lista abrange expoentes do sistema financeiro internacional, alguns já bem conhecidos do público estadunidense.

Assim como o senhor, o senador Russ Feingold e milhões de homens e mulheres honrados em seu país, a grande maioria dos brasileiros acredita que a lei deve valer para todos equitativamente, caso contrário a democracia se torna uma mentira e colocamos em risco o futuro da liberdade e da cidadania no mundo. Temos que lutar juntos pela transparência e pela justiça dia e noite para que as forças corruptas não se imponham sobre as forças do bem e por isso acreditamos vigorosamente que não pode haver protelações quanto à justiça clamada pelo povo brasileiro em face da crise moral que assola o Brasil.

Finalmente, lutamos pela justiça HOJE. Como escreveu Martin Luther King Jr., “Justiça atrasada é justiça negada”. Então, contamos com a sua vigilância e o seu apoio para que os processos de avaliação e divulgação dos dados contidos nos 12 discos rígidos em poder da CIA não sejam obstruídos. Queremos apenas a verdade, pois sabemos que basta a verdade para que a soberania do nosso povo seja garantida.

Deus abençoe o senhor, sua família, o povo americano e todas as suas iniciativas visando o aprimoramento social da humanidade.

Atenciosamente,

Protógenes Queiroz
http://www.protogenescontraacorrupcao.ning.com

The United States of Banana Republic – 2

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 19 março, 2009

banana

Ontem, estava eu a criticaire o governo estadunidense pelo amadorismo de republiqueta bananóide no caso dos bônus pagos aos executivos das empresas ajudadas pelo Estado e não perdi por esperar por isso aqui: a Câmara aprovou uma sobretaxa de 90% para os bônus. Me senti transportado ao Brasil da era pré-FHC, nos tempos de Plano Cruzado, Plano Collor e quetais.


The United States of Banana Republic

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 18 março, 2009

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Sempre admirei os estadunidenses pela sua disciplina em fazer a lição de casa bem feita. Eles podem ter pouco jogo de cintura, achar que Buenos Aires é a capital do Brasil, vestir paletó xadrez com calça listrada e tudo o mais. Mas na hora de trabalhar sério, os caras se preparam direitinho. Ou pelo menos se preparavam…

Achei primário o erro do Obama em chamar gente para o governo com pendências com a Receita. Pôxa, custava pesquisar o histórico do cara antes? Cadê a lição de casa? Agora, esse problema dos bônus da AIG (veja nota abaixo, da BBC). O governo enfiou US$18oBi na firma e não viu como estavam os contratos com os executivos quanto aos bônus? E agora, de repente, são surpreendidos com o pagamento multimilionário de bônus da empresa! Pôxa, são US$180Bi, será que não cabia uma diligência melhor, não?

Tesouro dos EUA vai forçar AIG a devolver bônus pago a executivos

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse que a seguradora American International Group (AIG) será forçada a devolver os US$ 165 milhões que pagou em bônus aos seus executivos.

“Nós vamos impor à AIG um acordo que a obrigue a pagar ao Tesouro o valor integral dos bônus que já foram pagos”, escreveu o secretário em uma carta aos líderes partidários no Congresso americano.

“Além disso, nós vamos deduzir dos US$ 30 bilhões em ajuda (à seguradora) a mesma quantia relativa a estes pagamentos.” O Tesouro e o Banco Central americano (Federal Reserve) já deram pacotes de ajuda de US$ 180 bilhões à seguradora, como parte de uma versão revisada do pacote de resgate de empresas do setor financeiro diante da crise internacional.

Geithner disse que o Tesouro está trabalhando juntamente com o Departamento de Justiça para “determinar que meios estão disponíveis” para recuperar o que foi pago em bônus.

Os administradores da seguradora insistem que têm obrigação legal de pagar os bônus, apesar das dificuldades financeiras da empresa.

Na segunda-feira, o presidente americano Barack Obama se disse “indignado” com os bônus. Políticos republicanos questionaram quando ele foi informado sobre o pagamento e criticaram Geithner por não ter impedido antes que ele fossem feitos.

O procurador-geral do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, disse que o pagamento dos bônus criou mais de 70 milionários entre os executivos da seguradora.

A seguradora AIG, uma das maiores do mundo, registrou um prejuízo de US$ 61,7 bilhões nos últimos três meses de 2008, a maior perda trimestral já registrada na história corporativa dos Estados Unidos.

Exército da Salvação

Posted in Atualidades, crise de credito, crise financeira by Raul Marinho on 11 março, 2009

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O Financial Times publicou hoje uma lista com as 50 pessoas que serão cruciais para tirar o mundo da crise. Quero só ver quando o presidente Marolinha descobruir que NÂO está entre elas – e, pior, que tem um brasileiro enhtre os 50 (Carlos Ghosn, presidente da Nissan/Renault).

Uma lista de 50 pessoas que ajudarão o mundo a sair da crise

Liderança política e coordenação internacional serão necessárias para acalmar o mundo no decorrer da crise financeira e econômica. Os nossos articulistas identificaram 50 pessoas cujos cargos, habilidades e contatos possibilitarão que sejam definidas as linhas do debate a respeito do que deverá acontecer. Abaixo, uma avaliação feita pelo editor do “Financial Times” Lionel Barber.

Políticos

1 – Barack Obama, 47
Presidente dos Estados Unidos
Até o momento, no que diz respeito aos seus planos de resgate econômico, há avaliações positivas e negativas, mas ainda são aguardados muitos detalhes. Enquanto isso, o presidente está exercendo pressões para a implementação de uma agenda radical de reforma doméstica que inclua serviço de saúde, meio ambiente e educação. Conforme prometido, essa agenda traz uma forte dose de audácia e de esperança.

2 – Wen Jiabao, 66
Primeiro-ministro chinês
O homem que controla a economia da China goza de uma boa reputação no exterior, mas em casa enfrenta os críticos que dizem que ele apertou os freios muito rapidamente no ano passado. Jiabao é geólogo, e ascendeu ao poder devido à sua lealdade e atenção para os detalhes. Ele revelou uma faceta populista – muitos o conhecem como “Vovô Wen”.

3 – Angela Merkel, 54
Chanceler da Alemanha
Integrante do grupo dos defensores de uma resposta regulatória e sistêmica, e não puramente macroeconômica e reativa, ela pediu uma “nova constituição global” para os mercados financeiros. Esta política democrata-cristã disputará um segundo mandato em 27 de setembro.

4 – Nicolas Sarkozy, 54
Presidente da França
Sarkozy acredita ser o líder real da Europa, devido aos problemas domésticos políticos e econômicos de Gordon Brown e à problemática coalizão de Angela Merkel. Durante a presidência francesa da União Europeia ele criou uma aparência de coordenação e unidade, que a seguir dissipou-se. Sarkozy defende a intervenção estatal e condena o capitalismo anglo-saxão.

5 – Gordon Brown, 58
Primeiro-ministro do Reino Unido
Tido como um potencial salvador global pelo economista Paul Krugman após ter recapitalizado os bancos britânicos, o ex-chanceler financeiro trabalhista acredita que está idealmente equipado para enfrentar a crise. Brown será o anfitrião na reunião de cúpula do Grupo das 20 nações industriais e em desenvolvimento (G-20), em 2 de abril, em Londres.

6 – Vladimir Putin, 56
Primeiro-ministro da Rússia
Após ter desfrutado de uma economia em crescimento como presidente, ele viu o mundo mudar desde que deixou o cargo de primeiro-ministro no ano passado. Putin terá que preservar um orçamento governamental que está sofrendo com a queda do preço do petróleo.

7 – Tim Geithner, 47
Secretário do Tesouro dos Estados Unidos
Presidente do New York Federal Reserve quando a crise chegou no final de setembro, ele agora dirige a operação de resgate do sistema financeiro dos Estados Unidos. O seu anúncio, em fevereiro, de diretrizes para o resgate, foi tido como equivocado.

8 – Lawrence Summers, 54
Diretor do Conselho Econômico Nacional
Tendo sido o último secretário do Tesouro de Bill Clinton e sendo o principal assessor econômico de Barack Obama, Larry Summers é sem dúvida a pessoa mais influente no governo. O ex-presidente da universidade Harvard está com um estilo menos contundente do que o que tinha antes. Mas isso ainda é um trabalho em andamento.

9 – Hamad bin Jassem al-Thani, 50
Primeiro-ministro de Qatar; presidente da Autoridade de Investimento de Qatar
Erudito, comunicativo e politicamente influente em um país rico em petróleo que deseja esquivar-se da crise gastando dinheiro e que provavelmente terá sucesso. Autoridade de Investimento de Qatar, um fundo soberano, sairá comprando pechinchas à medida que os preços caírem. O xeque Hamada gerou uma certa agitação ao apoiar a criação da Al Jazira, a popular rede de televisão árabe.

10 – Wang Qishan, 60
Vice-primeiro-ministro da China
Nomeado no ano passado, ele emergiu como figura de ponta na liderança das questões financeiras internacionais. Com um currículo que inclui cargos como o de prefeito de Pequim e presidente do Banco de Construção da China, ele é um dos poucos líderes chineses que sente-se à vontade com a diplomacia da reunião de cúpula do G-20. É uma pessoa famosa pelo seu estilo direto e sem sutilezas.

11 – Barney Frank, 68
Presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos
O parlamentar que deseja ser um dos principais arquitetos da reformulação da regulação financeira dos Estados Unidos quer criar um “regulador de risco sistêmico”, afirmando que o Federal Reserve deveria assumir a tarefa. Frank deseja também a reformulação do financiamento de hipotecas e a prevenção dos abusos por parte dos bancos de financiamento.

12 – Steven Chu, 61
Secretário de Energia dos Estados Unidos
Tendo apenas um curso de nível superior, ele brinca dizendo que foi a “ovelha negra acadêmica” na sua família de acadêmicos norte-americanos descendentes de chineses. Mas Chu teve inteligência suficiente para ganhar o Prêmio Nobel de Física em 1997. Ele liderará as iniciativas para a promoção da energia verde.

13 – Olivier Besancenot, 34
Líder partidário francês
O carteiro trotskista que lidera o Novo Partido Anti-capitalista, o maior grupo de extrema esquerda da França, sonha em usar o tumulto provocado pela recessão para modificar a ordem política e social. Identificado pelas pesquisas de opinião da França como o político oposicionista mais efetivo, ele disputou duas eleições presidenciais, tendo conquistado bem mais de um milhão de votos em cada uma delas.

Presidentes de Bancos Centrais

14 – Ben Bernanke, 55
Presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos
Especialista na história da Grande Depressão e nas medidas que os bancos centrais podem adotar em épocas de grande crise, ele tem contado com amplas oportunidades para colocar as suas teorias em prática, usando uma gama cada vez mais ampla de instrumentos para tentar conter o desastre econômico.

15 – Jean-Claude Trichet, 66
Presidente do Banco Central Europeu
Este burocrata francês, que lida com crises econômicas há mais de duas décadas, acredita que os políticos e os bancos centrais precisam fazer tudo o que está ao seu alcance para restaurar a confiança econômica. Ele ajudou a fazer com que governos apoiassem planos de resgate e reformas regulatórias.

16 – Zhou Xiaochuan, 61
Governador do Banco Popular da China
Governador do banco central da China desde 2002, ele é considerado um dos principais defensores das reformas rápidas de mercado. Fluente em inglês, Xiaochuan é respeitado entre os economistas. Ele é responsável pelo controle de reservas em moeda estrangeiras no valor de quase US$ 2 trilhões.

17 – Mervyn King, 60
Governador do Banco da Inglaterra
A elaboração de políticas por parte de King no banco central do Reino Unido tem sido criticada por dar mais ênfase à economia do que à estabilidade financeira. Mas não há dúvidas quanto à sua capacidade intelectual e vínculos econômicos globais.

18 – Masaaki Shirakawa, 59
Governador do Banco do Japão
Embora seja o guia monetário da segunda maior economia do mundo, o seu estilo cauteloso e as suas modestas ambições políticas deixam claro que ele não será uma força propulsora de mudanças drásticas. Shirakawa é um veterano do Banco do Japão que diz que a sua atuação no banco central é não só a sua profissão, mas também o seu hobby.

19 – Mario Draghi, 61
Presidente do Fórum de Estabilidade Financeira e governador do Banco da Itália
Economista que estudou nos Estados Unidos, ex-executivo do Goldman Sachs e respeitado articulador de políticas transatlânticas. Ele defende uma maior regulação, fiscalização e transparência no Fórum de Estabilidade Financeira, um braço do Grupo dos Sete países industrializados (G-7), que deverá desempenhar um papel maior após a reunião de cúpula do G-20.

20 – Mark Carney, 43
Governador do Banco do Canadá
O jovem Carney dá continuidade à tradição notável dos governadores do Banco do Canadá. Tendo um doutorado em economia, 13 anos de Goldman e seis como autoridade que participa de reuniões internacionais, ele está bem posicionado para entender as pressões tanto do sistema bancário quanto das regulações.

21 – Miguel Ordóñez
Governador do Banco da Espanha
Como funcionário graduado do banco central da Espanha, Miguel Angel Fernández Ordóñez manteve um sistema de medidas “anti-cíclicas” para os bancos, que agora é tido como um modelo para o mundo. O Banco da Espanha também rejeitou as unidades “off-balance-sheet” (uma forma de financiamento que não precisa ser reportada no balanço dos acionistas da empresa patrocinadora do projeto, como dívida) que contribuíram para destruir os lucros dos bancos em outros países.

22 – William Dudley, 56
Presidente do Federal Reserve Bank de Nova York
Após uma carreira que combinou a atuação no banco central com a experiência prática, Dudley foi escolhido em janeiro para liderar o braço do sistema bancário central dos Estados Unidos que está mais próximo aos mercados. Formado em economia, ele iniciou a sua carreira no Fed, mas passou a maior parte da sua vida profissional no Goldman Sachs.

23 – Jacques de Larosière, 79
Governador honorário, Banque de France
Diretor de gerenciamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 1978 a 1987, quando supervisionou a política para a crise da dívida da América Latina e o acordo Plaza sobre o dólar. À época ele foi governador do Banque de France e presidente do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento. Um grupo que ele dirigiu no mês passado recomendou a adoção de reguladores poderosos na União Europeia para o sistema bancário, securities e seguros.

Reguladores

24 – Adair Turner, 53
Presidente da Autoridade de Serviços Financeiros
Lord Turner de Ecchinswell começou a atuar na agência reguladora do Reino Unidos após o colapso do Lehman Brothers. Mas no seu primeiro discurso em janeiro, o ex-consultor da McKinsey ofereceu uma das avaliações mais amplas das origens da crise. Essa abordagem é familiar no seu trabalho, desde a análise de problemas relativos a pensões à mudança climática. Neste mês ele deverá apresentar um relatório que consistirá na base para reformas do sistema regulador financeiro do Reino Unido.

25 – Sheila Bair, 54
Presidente da Corporação Federal de Seguros de Depósitos
Supervisiona uma agência que teve os seus poderes bastante expandidos pelos planos de apoio ao sistema bancário. À medida que a lista de bancos “problemáticos” aumenta, novos fracassos implicam em pressões sobre o fundo de seguro de depósitos da Corporação Federal de Seguros de Depósitos.

26 – Mary Schapiro, 53
Presidente da Securities and Exchange Comission (Comissão de Valores Mobiliários)
Tendo trabalhado na área de regulação por mais de 20 anos, ela tem um ótimo currículo e uma grossa “couraça” para lidar com problemas. Mas a Securities and Exchange Comission está sendo criticada por causa da crise e pela suposta fraude de US$ 50 bilhões perpetrada por Bernard Madoff. Ela prometeu ajudar a restaurar a confiança do investidor e a garantir a aplicação das regras.

Chefes de Instituições

27 – Jaime Caruana, 56
Diretor-gerente do Bank for International Settlements
O ex-governador do banco central da Espanha assume a difícil direção do banco que controla os bancos centrais no próximo mês. Tendo presidido as negociações Basiléia II na capital bancária, ele está encarregado de ajudar a encontrar uma alternativa que tenha menor possibilidade de amplificar o presente ciclo econômico.

28 – Dominique Strauss-Kahn, 59
Diretor de Gerência do Fundo Monetário Internacional
Um político hábil, bem como um economista com Ph.D. Assim como o seu congênere no Banco Mundial, ele concentrou-se em tentar aumentar o tamanho da sua instituição para que esta faça frente à crise. Ele tentou também reduzir a controvérsia a respeito da política monetária da China ao manter a questão fora das discussões da diretoria executiva do banco.

29 – Robert Zoellick, 55
Presidente do Banco Mundial
Após uma carreira no serviço público, com uma anômala passagem pelo setor privado, ele tem procurado expandir a capacidade de empréstimo do banco frente a crise.

30 – Pascal Lamy, 61
Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio
As corridas de longa distância prepararam Lamy bem para presidir a rodada Doha de negociações comerciais. Mas o ex-comissário da União Europeia conta com pouco poder executivo: ele é capaz de consultar, bajular e advertir, mas não de impor acordos.

Investidores

31 – Lou Jiwei, 58
Presidente da China Investiment Corporation (CIC)
O chefe do ainda novo fundo soberano da China é tido como um membro crucial do “grupo de economia de mercado” composto por autoridades chinesas, entre as quais Zhou Xiaochuan, o governador do banco central. Os desastrosos investimentos da CIC no Blackstone e no Morgan Stanley fizeram dele um alvo de críticas.

32 – George Soros, 78
Fundador da do Fundo Soros de Gerenciamento e da Fundação Sociedade Aberta
Para o gerente de fundos hedge e filantropista, 2008 foi um ano marcante – o seu fundo desafiou um mercado em declínio e acusou lucros de quase 10%. O primeiro peso-pesado de Wall Street a apoiar Barack Obama, ele há muito previu a crise do capitalismo global e encontra-se sintonizado com o “espírito da época” (zeitgeist).

33 – Warren Buffett, 78
Diretor do Berkshire Hathaway
O mais famoso investidor do mundo, e provavelmente o homem mais rico. Defensor do investimento em valor (value investing), ele acredita em vender quando outros encontram-se tomados pela ganância, e em comprar quando eles têm medo. Mas após um apelo pela compra de ações no final de 2008, as vendas aumentaram ainda mais.

34 – Laurence Fink, 56
Diretor-executivo da BlackRock
A BlackRock provavelmente empenhou-se mais do que qualquer outra firma em consertar a bagunça financeira – por exemplo, ao aconselhar o Fed enquanto este emitia swaps de crédito (credit default swaps) à AIG. Pioneiro das securities lastreadas por hipotecas, Larry Fink é tido como um dos poucos líderes de Wall Street que não caíram em descrédito.

Economistas

35 – Robert Shiller, 62
Professor de economia da Universidade Yale
Na vanguarda da economia comportamental – uma área que questiona a ideia de que as pessoas, e especialmente os mercados financeiros, são geralmente movidos por comportamentos racionais. Ele deseja que os cidadãos comuns sejam mais expostos aos derivativos, mas na forma de seguro contra os contratempos da vida.

36 – Montek Singh Ahluwalia, 65
Vice-presidente da Comissão Indiana de Planejamento
Descrito por alguns como o melhor ministro das Finanças da história da Índia, Ahluwalia é associado a reformas que ajudaram a fazer do seu país um promissor mercado emergente. No decorrer dos últimos meses, ele elaborou a gradual resposta de estímulos para conter a crise.

37 – Paul Volcker, 81
Presidente do Comitê Assessor para a Recuperação Econômica
Presidente do Fed de 1979 a 1987, ele é lembrado principalmente pelos remédios monetários que colocaram a inflação sob controle. Membro do Partido Democrata, ele advertiu antecipada e vigorosamente quanto ao perigo representado pelas hipotecas subprime.

38 – Paul Krugman, 56
Professor da Universidade de Princeton; colunista do jornal “The New York Times”
É quase certo que seja o economista mais famoso do mundo. Ele transformou uma formação acadêmica famosa em uma carreira de colunista, blogueiro e eviscerador do conservadorismo ideológico. Krugman conquistou um nicho como consciência liberal dos democratas.

39 – Nouriel Roubini, 49
Presidente da RGE Monitor
Conhecido como “Dr. Doom” (“Doutor Maldição”) por ter sido persistentemente o mais sombrio, e preciso, profeta da crise financeira e dos vínculos desta com a economia mais ampla, o professor Roubini está atualmente prevendo uma “quase-depressão”, a menos que sejam aplicada medidas radicais. Foi assessor de Tim Geithner no Departamento do Tesouro na década de 1990.

40 – Leszek Balcerowicz, 62
Professor de economia da Escola de Economia de Varsóvia
Arquiteto da transição econômica da Polônia, duas vezes vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, e, a seguir, governador do banco central. Crente nos livres mercados, ele é mais conhecido por expor as suas ideias do que por promover consenso.

Banqueiros

41 – Lloyd Blankfein, 54
Diretor-executivo do Goldman Sachs
Tirou o seu banco de investimento de grande parte da rota da destruição que abateu-se sobre Wall Street em 2008: o Goldman apresentou lucros naquele ano. No novo e duro ambiente, a sua tarefa é descobrir novas áreas de crescimento sem afastar-se muito das raízes tradicionais da sua firma.

42 – Jamie Dimon, 52
Presidente do JPMorgan Chase
De rejeitado pelo Citigroup a aclamado como “Rei de Wall Street”, Dimon, que nesta sexta-feira fará 53 anos, tem passado pelos altos e baixos de Wall Street, mas até o momento a crise tem sido generosa para com ele. O JPMorgan foi capaz de comprar barato os rivais Bear Stearns e Washington Mutual.

43 – Stephen Green, 60
Presidente do HSBC
No HSBC desde 1982, ele manifestou forte oposição à necessidade de reforma do sistema bancário. Pregador laico e autor de um livro sobre a reconciliação da religião com os livres mercados, ele criticou os excessos cometidos pelo setor na fase de boom.

44 – Michel Pébereau, 67
Presidente do BNP Paribas
Diretor antigo do maior banco de empréstimos da França, ele trabalhou por detrás dos bastidores para Christine Lagarde, a ministra das Finanças. O fato de liderar o BNP desde pouco antes da sua privatização em 1993 dá a ele uma visão sobre o papel que o Estado deveria desempenhar.

Empresários

45 – Carlos Ghosn, 55
Diretor-executivo da Nissan e Renault
Visto há muito tempo como um exemplo de executivo especializado em cooperação transnacional no setor automobilístico, ele é agora um dos principais porta-vozes do ramo, ocupando a presidência da Associação de Manufatores Automobilísticos Europeus.

46 – Indra Nooyi, 53
Diretora-executiva da PepsiCo
Defensora da globalização que argumenta que esta precisa ser acompanhada de sensibilidade cultural e política, bem como de valores éticos. Neste ano ela advertiu em Davos que “o capitalismo leva à ganância” e que ele precisa de regulação efetiva.

47 – Eric Schmidt, 53
Diretor-executivo do Google
O cientista veterano de computação é um elo fundamental das ligações entre o governo Obama e o Vale do Silício. O seu estilo tecnocrata reflete a atração do governo pela tecnologia. Ele atuou como assessor da equipe de transição de Obama.

Mídia/Academia

48 – Arianna Huffington, 58
Editora-chefe, “The Huffington Post”
A ex-biógrafa recriou a arte do salon hostess de Washington para a era digital. O HuffingtonPost.com, ao contrário de muitos concorrentes, conseguiu manter a sua plateia desde a eleição.

49 – Rush Limbaugh, 58
Apresentador do Rush Limbaugh Show
“Não dá para simplesmente ouvir Rush Limbaugh e realizar as tarefas”, disse Barack Obama aos republicanos durante as negociações sobre o estímulo financeiro. Mais de 20 milhões de ouvintes parecem discordar, ao aceitarem a retórica do show contra o liberalismo.

50 – Kishore Mahbubani, 60
Reitor da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew
Embora não seja um defensor exaltado dos “valores asiáticos” superiores, ele afirma que o Ocidente necessita ceder espaço em instituições como o Banco Mundial e o FMI para que a Ásia desempenhe um papel mais construtivo.

O “Paradoxo da Parcimônia”

Posted in Atualidades, crise financeira, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 25 fevereiro, 2009

paradoxo

Outra matéria excelente do NYTimes publicada na Folha, dessa vez do David Leonhardt:

“Paradoxo da parcimônia” atrapalha recuperação

Nos últimos anos, o consumidor americano gastou demais. Comprou casas demais, assumiu dívidas demais e em geral viveu além de seus meios. A liberalidade dos gastos contribuiu para a pior crise financeira desde a Grande Depressão.
E agora ele tem de fazer sua parte para acabar com a crise. Como? Gastando. Chega dessa poupança que tantos americanos de repente começaram a fazer. Neste exato instante, o Congresso e o presidente Barack Obama se preparam para oferecer uma restituição tributária para inspirar a população a gastar.
John Maynard Keynes, grande economista do século 20, teria apreciado o aparente absurdo dessas mensagens ambíguas. Ele cunhou um termo, “paradoxo da parcimônia”, para explicar que aquilo que é racional para um indivíduo durante tempos difíceis -poupar- pode ser devastador para a economia como um todo. Afinal, muitos poupadores podem acabar sem emprego porque outras pessoas também estão poupando. Em recente entrevista coletiva, Obama evitou responder a uma pergunta sobre se as pessoas deveriam gastar ou poupar a restituição.
Felizmente, porém, há uma resposta. A primeira parte envolve descobrir como gastar agora para poupar depois -o que pode erguer a economia hoje e ajudar as famílias a lidarem em longo prazo com suas combalidas finanças. A segunda parte consiste em perceber que o paradoxo de Keynes não é tão férreo. Numa crise, quando os bancos podem precisar tanto de capital quanto o varejo precisa de vendas, muita gente pode poupar sem culpa.
Além de ter desenvolvido a receita mais famosa para curar crises, Keynes também pode ser considerado o padrinho da economia comportamental, conforme escreveu recentemente o colunista David Ignatius. Enquanto outros economistas ficavam obcecados com modelos estatísticos que tratavam as pessoas como autômatos hiper-racionais, Keynes escreveu sobre “espíritos animais”. Ele ajudou a explicar como a psicologia moldava a economia.
A economia comportamental decolou nas últimas duas décadas, e uma das suas descobertas centrais é que a maioria das pessoas não se planeja bem para o futuro. Não são nem de perto tão legais com o seu “futuro ser”, como dizem os economistas, quanto são com o seu “presente ser”.
Elas comem um doce a mais e adiam a ginástica para amanhã. Deixam de guardar o suficiente para a aposentadoria.
Esses hábitos provocam problemas. Mas também representam uma oportunidade num momento destes. A maioria das pessoas poderia poupar um bom dinheiro mais tarde se gastasse um pouco agora para cuidar do seu futuro ser.
Com a ajuda de economistas comportamentais, montei uma listinha de exemplos. Pais de bebês podem pagar para aderir a um programa de descontos numa grande loja, e a taxa de adesão seria compensada em poucos meses de compras de fraldas.
Quem não se importa de ler em telas pode comprar o novo leitor de livros eletrônicos Kindle, da Amazon. Custa US$ 359, mas a maioria dos livros a partir daí sai por menos de US$ 10. Famílias que fazem compras financiadas deveriam se segurar temporariamente e então comprar móveis e eletrônicos à vista. Quem tira muitas cópias a laser poderia comprar uma impressora que usa só 1 ou 2 cents de tinta por página (muitas usam bem mais).
Nesses casos -e sem dúvida em muitos outros- o investimento inicial tende a se pagar rapidamente. Por isso tais gastos são perfeitamente adequados ao momento. Eles mantêm pessoas empregadas e criam novos empregos quando a economia precisa de ajuda. Mas também irão reforçar as finanças domésticas.
O grande senão é que algumas pessoas sentem que não podem abrir mão de US$ 50 ou US$ 100 extras atualmente. Milhões de trabalhadores já perderam seus empregos, e muitos outros simplesmente querem reduzir despesas. Em dezembro, as famílias pouparam uma média de 3,6% da sua renda disponível, bem acima do 1% nos últimos anos.
Numa recessão normal, essa poupança adicional teria um lado negativo muito maior que o positivo, conforme Keynes explicou. Mas esta recessão é diferente. Foi causada por uma crise financeira. Se os americanos não melhorarem suas finanças, os bancos continuarão com medo de emprestar, e a recessão vai se prolongar. Ainda mais imediatamente, os bancos precisam colocar suas próprias finanças em ordem.
Quando esta recessão finalmente chegar ao fim, nossos seres futuros terão algumas contas enormes a pagar. Precisarão de toda a ajuda que lhes pudermos dar.

Lua-de-mel relâmpago

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 20 fevereiro, 2009

Parece que a lua-de-mel com o nosso amigo Obama está acabando muito mais cedo do que se previa. Nomeações desastradas, planos mirabolantes que não param em pé, atitudes populistas e equivocadas (como a limitação de salários para executivos de empresas socorridas pelo governo) e, principalmente, falta de efetividade no combate à crise parecem ser a causa. Se você também quiser aderir à onda anti-obamista, o adesivo abaixo está à venda aqui por US$9,95.

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Demissões na Embraer: não é o que parece

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 20 fevereiro, 2009

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Foram anunciadas 4mil demissões na Embraer ontem (20% da força de trabalho), o que deixou o presidente Marolinha “indignado”, de acordo com a imprensa.  Isso porque a Embraer recebe recursos do BNDES, que por sua vez são oriundos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), logo a empresa não poderia demitir os trabalhadores que, no fim das contas, a financiam. Faz sentido? Sim, tanto quanto a limitação de salários para executivos, do Obama. Na superfície, faz, mas é só explorar o assunto um pouquinho mais a fundo que se percebe a falácia.

Vamos começar entendendo porque a Embraer precisou demitir. Sendo uma fabricante de aviões, seu mercado é, majoritariamente, externo. A empresa fabrica jatos executivos (como o que bateu com o avião da Gol), vendidos para… Bem, para executivos (presidentes e diretores de grandes corporações), que neste momento devem estar com outras prioridades em mente, como salvar a própria pele. Ela também fabrica aviões utilizados em linhas comerciais regulares das companhias aéreas, e que estão sendo fortemente afetadas pela recessão nos países ricos. Logo, é óbvio que o mercado da Embraer foi muito afetado pela crise; mais ainda se pensarmos que o risco dos compradores não pagarem também aumentou. Assim, se a Embraer não reduzisse seu tamanho neste momento, estaria sendo irresponsável, e empresas irresponsáveis não pagam empréstimos do BNDES, logo o cano seria dado no FAT, ou seja, nos trabalhadores.

Mas a Embraer poderia, ao invés de demitir, reduzir a jornada de trabalho e de salários, como algumas empresas, como as montadoras, estão fazendo, o que seria menos traumático para os empregados, certo? Em teoria é lindo, mas o problema é que a legislação trabalhista é confusa, antiquada, e expõe a graves riscos as empresas que fazem isso. Para poder reduzir jornadas e salários, a legislação anacrônica em vigor (de 1965) exige que a empresa prove que está em dificuldades muito graves. Ora, como é que uma empresa saudável, de capital aberto, com ganas de liderar seu segmento, vai assumir em público que está em dificuldades (que, ademais, não está!)? Para uma montadora multinacional, cuja casa matriz está à beira da falência (eventualmente, além), tudo bem fazer esse acordo, mas não para a Embraer.

Se o presidente Marolinha quisesse fazer alguma coisa de útil, deveria trabalhar para modernizar a legislação trabalhista, permitindo acordos de redução de jornada e salário em momentos como o atual.

Histeria racial

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 18 fevereiro, 2009

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A charge acima saiu publicada hoje no New York Post. Nela, o policial diz alguma coisa como “Eles terão que achar outra pessoa para redigir o próximo projeto de lei de estímulo econômico”, numa clara referência às dificuldades da equipe Obama para tirar o país do atoleiro. O macaco baleado é o chimpanzé Travis, que acabou morto ontem por atacar uma pessoa nos EUA. A charge está dando a maior confusão nos EUA por seu conteúdo supostamente racista.

Este é um exemplo da histeria racial estadunidense. É óbvio que o chimpanzé não estava na charge por causa da cor da pele do Obama ser negra, mas sim porque os planos de estímulo econômico que o seu governo está escrevendo são dignos de um chimpa, dada sua mediocridade. Acho incrível como os estadunidenses são histéricos em questões raciais, e o problema é que essa histeria já contamina o Brasil. Há algum tempo, publiquei esse post aqui, sobre o dia da consciência negra. Repare no comentário que tem abaixo, de um tal Mimy, e comprovem como essa boçalidade histérica racial já chegou por aqui.

De novo, os US$500mil do Obama

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 16 fevereiro, 2009

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Já escrevi dois posts aqui antes (veja O limite dos ganhos dos executivos nos EUA e US$500mil??? Tá de sacanagem, né?) criticando a limitação dos US$500mil anuais de salários, imposta pelo Obama para os executivos das empresas ajudadas pelo governo na atual crise financeira. Hoje, a Folha de S.Paulo publicou um ensaio do Allen Salkin, oriundo do The New York Times, que mostra que um alto executivo de N.York gasta US$1,6milhão/ano para manter um padrão de vida minimamente decente. Por isso, volto ao assunto.

Pode parecer absurdo dizer que “não dá para viver com menos de US$1,6milhão”, mas é a mais pura verdade. Lógico que um executivo novaiorquino, assim como um metalúrgico de São Bernardo do Campo, pode cortar despesas num momento de aperto. A diferença é que, para o metalúrgico, vender seu Gol 1998 e andar de ônibus não vai prejudicá-lo profissionalmente, mas um alto executivo que venda seu BMW para comprar um Honda usado vai se dar mal. Vender a casa de campo em South Hampton ou parar de pagar a anuidade do clube de golfe, então, será o fim. Um alto executivo precisa manter um padrão de vida alto para conseguir ser um alto executivo, diferente de um funcionário público ou um blue collar, não é frescura. Sabendo disso, o sujeito que teve seu teto salarial limitado a US$500mil/ano migrará, assim que possível, para outro que não tenha o teto, e o resultado será catastrófico para as empresas que já estavam mal das pernas: elas simplesmente não conseguirão ter comendo, serão empresas acéfalas.

Ração para pessimista

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 11 fevereiro, 2009

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Três posts abaixo desse, tem um ensaio meu com considerações sobre o pessimismo estrangeiro. A seguir, um artigo do Martin Wolf publicado no Financial Times (e reproduzido pela Folha de S.Paulo de hoje) que pode ser entendido como “ração para pessimista”:

Por que o pacote bancário de Obama vai fracassar

Novo plano de ajuda a bancos parece fazer sentido se e apenas se o principal problema for a falta de liquidez; mas o mais provável é que se trata de insolvência

A PRESIDÊNCIA de Barack Obama já fracassou? Em tempos normais, a pergunta seria ridícula. Mas não vivemos tempos normais. O momento é de perigo. Hoje, o novo governo ainda pode rejeitar a responsabilidade por aquilo que recebeu como legado; no futuro, isso já não será possível. Hoje, ainda é capaz de oferecer soluções; amanhã, vai ter se tornado o problema. Hoje, está em controle dos acontecimentos; amanhã, os acontecimentos o controlarão. Agir de menos é mais arriscado, agora, que agir demais. Caso Obama não aja de maneira decidida, corre o risco de se ver esmagado ao peso da crise, como seu predecessor. Os custos de outra Presidência fracassada, para os EUA e para o mundo, são elevados demais para que possamos contemplá-los.
O que seria necessário? A resposta é: foco e ferocidade. Caso Obama não resolva a crise, toda a esperança sobre sua Presidência estará perdida. Caso o faça, estará livre para reformular a agenda nacional. Mas simplesmente esperar pelo melhor é tolice. O presidente deveria esperar pelo pior e agir como se fosse isso que receberá.
Mas esperar pelo melhor é o que vemos por trás do pacote de estímulo e -a julgar das escassas informações oferecidas pelo secretário do Tesouro, Tim Geithner, ontem- também do novo pacote para solucionar a crise do setor bancário.
O programa de socorro aos bancos parece ser mais uma vez filho das fracassadas intervenções dos últimos 18 meses: otimista e ineficiente. Se esse “rebento do programa de alívio de ativos problemáticos” fracassar, a credibilidade de Obama estará arruinada. Agora é o momento de ações que sejam a solução certeira para o problema; e as medidas propostas não aparentam ser a resposta.
Ao longo de todo o debate, houve duas posições contrastantes sobre a causa dos males do sistema financeiro. A primeira é que o problema é de pânico. A segunda é que o problema envolve insolvência.
De acordo com a primeira interpretação, os preços de um conjunto definido de “ativos tóxicos” caíram para abaixo de seu valor em longo prazo, o que em alguns prazos os tornou impossíveis de vender. A solução, muita gente sugere, é que o governo crie um mercado, comprando ativos ou garantindo os bancos contra prejuízos. Esse raciocínio embasou o Tarp (Programa de Alívio de Ativos Problemáticos) original.
De acordo com a segunda interpretação, proporção considerável dos bancos está insolvente; seus ativos valem menos que seus passivos. O FMI argumenta que os potenciais prejuízos sobre ativos de créditos gerados nos EUA atingem, só eles, US$ 2,2 trilhões. O economista Nouriel Roubini estimou que o pico de prejuízos dos ativos gerados nos EUA possa atingir US$ 3,6 trilhões.
Em minha opinião, há pouca dúvida de que a segunda interpretação seja a correta, e isso se provará cada vez mais verdadeiro à medida que a economia mundial se deteriore. Mas o cerne da questão não é esse. O que é preciso é determinar se, na presença de tamanha incerteza, podemos basear nossas respostas na esperança de que tudo seja resolvido da melhor maneira. A resposta é clara: as autoridades racionais precisam sempre antecipar o pior. Caso essa expectativa termine por se provar pessimista, o resultado seria um sistema financeiro com excesso de capitalização. Mas, se a opção otimista estiver errada, teremos bancos zumbis e um governo desacreditado. A escolha dificilmente poderia ser mais evidente.
O novo plano parece fazer sentido se e apenas se o principal problema for a falta de liquidez. A oferta de garantias e a aquisição de certa proporção dos ativos tóxicos, com limitação das injeções de capital a menos do que os US$ 350 bilhões que restam no Tarp, não enfrentaria o problema da insolvência que tantos observadores informados identificam. De fato, qualquer programa de aquisição de ativos tóxicos ou de garantia será uma forma ineficaz, não-efetiva e injusta de resgatar as instituições financeiras com capitalização insuficiente: não-efetiva porque os governos terão de adquirir vastos volumes de ativos dúbios a preços excessivos, ou oferecer garantias generosas demais, para tornar solventes os bancos insolventes; ineficaz porque grandes injeções de capital ou programas de conversão de dívidas em capital são maneiras melhores de recapitalizar bancos; e injusta porque seriam dados subsídios a instituições quebradas e ao comprador privado de maus ativos.
Por que, então, o governo dos EUA está cometendo o que parece ser um erro? Talvez porque esteja esperando pelo melhor. Mas pode ser que também por se ter proposto a pergunta errada. As autoridades não se perguntaram o que precisa ser feito para conseguir uma solução garantida, mas sim qual seria a melhor solução sob os limites oferecidos por três normas arbitrárias que o governo impôs a si mesmo: evitar a estatização; evitar prejuízos para os detentores de títulos; e evitar novos pedidos de dinheiro ao Congresso. Mas por que um novo governo, diante de uma crise tão profunda, não tenta alterar os termos do debate? A timidez exibida até agora é deprimente. Presuma que o problema seja a insolvência e que o modesto valor de mercado sustentado no momento pelos bancos comerciais americanos (US$ 400 bilhões) derive do apoio do governo. Presuma, igualmente, que seja impossível levantar grandes montantes em capital privado hoje. Nessa situação, é preciso que haja recapitalização de uma das duas maneiras descritas acima. Ambas têm desvantagens: a recapitalização pelo governo é um resgate aos credores e envolve administração estatal temporária; conversão de dívidas em capital prejudicaria o mercado de títulos, as seguradoras e os fundos de pensão. Mas não há como escapar à escolha.
Caso Geithner ou Lawrence Summers, o presidente do conselho de assessores econômicos da Casa Branca, estivessem assessorando os EUA como país estrangeiro, fariam questão de apontar brutalmente para essa realidade.
O conselho correto continua a ser aquele que os EUA deram aos japoneses nos anos 90: admitam a realidade, reestruturem os bancos e, acima de tudo, abatam imediatamente as instituições zumbis. Decidir se a resposta certa é criar novos “bons bancos”, deixando que os velhos maus bancos pereçam; ou formar novos “bancos ruins”, que permitam a sobrevivência dos velhos bancos expurgados, é uma questão secundária, ainda que importante. Minha inclinação pessoal é pela primeira solução, porque a cultura dos velhos bancos parece excessivamente tóxica.
Ao fazer as perguntas erradas, Obama está realizando uma aposta imensa. Ele deveria ter decidido limpar os estábulos bancários de Áugias. É preciso que reconsidere sua decisão, se já não for tarde demais.

Lucidez, até que enfim

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 17 dezembro, 2008

Dois artigos incrivelmente lúcidos (embora seus autores nem sempre o sejam) sobre a dita “crise do capitalismo”. Imprima e guarde.

Em má companhia (do blog do Noblat)

Demóstenes Torres

O governo popular e revolucionário do Brasil acusa a oposição de disseminar sentimentos negativistas sobre a crise financeira mundial. Qual o quê! São justamente os esquerdistas que se divertem com as vicissitudes do primeiro mundo. Acham lindo observar da latitude tropical o capitalismo ruir na imagem da velha Europa de joelhos. Especialmente a Libra Esterlina caindo pelas tabelas em uma Inglaterra cujo império governava as ondas dos mares.

O que mais fascina e conforta os energúmenos é ver os Estados Unidos irem à bancarrota. Aqueles que agora vibram com a insolvência dos ícones da economia de mercado são os mesmos que se sentiram vingados quando os terroristas explodiram as torres do World Trade Center. Uma gente cuja única atividade produtiva foi participar de um grupo de trabalho no governo do PT, muitos tendo o cargo de assessoria como o primeiro emprego.

Aliás, não é só parte expressiva do governo do Brasil, mas a América do Sul praticamente inteira está contaminada pela idéia fixa de que o momento histórico reúne as condições para a solução final à influência americana no subcontinente. Na verdade, muitos destes países têm possibilidade de desaparecer, conforme for a extensão da crise. Os três patetas Chávez, Morales e Correa devem entrar em contagem regressiva no processo de autodestruição com mais um ano de petróleo em baixa. E Barack Obama não vai salvá-los.

O presidente Lula hoje e amanhã tem agenda fechada justamente na má companhia desse pessoal em nada menos do que quatro cúpulas internacionais. E ainda vem o Raul Castro. Isso é que liderança! Tudo bem, eles estão aí para patrocinar rapaziadas em nome da blindagem latino americana contra a crise financeira internacional.

O máximo do alcance prático de um encontro de líderes da região é descobrir o que é que a Bahia tem na Costa do Sauípe entre um diálogo e outro de altíssimo nível sobre a sapatada em George W. Bush. O acordo tarifário do Mercosul fracassou e não há o que se decidir no que pode se converter na maior confraternização natalina da América Latina e do Caribe.

O Brasil especialmente não vai perder a ocasião para fazer bobagem. Deve anunciar acordo com Evo Morales com a finalidade de substituir o DEA (agência antidrogas dos EUA) expulso da Bolívia em novembro. Trata-se de uma aventura temerária para a Polícia Federal tanto no aspecto operacional quanto institucional. É uma estultice assinar cooperação de combate à cocaína com um governo assumidamente cocaleiro. De mais a mais, antes de ajudar a Bolívia, o Brasil deveria se proteger do tráfico de drogas, e ainda do Morales, do Correa, do Lugo e do Chávez.

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Cuidado (da Folha)

Antonio Delfim Netto

NÃO DEIXA de ser um pouco assustadora a facilidade com que se fala em “refundar” o capitalismo como resposta à crise que o laxismo dos Bancos Centrais e a imoralidade de agentes do sistema financeiro depositaram sobre a economia real.
“Capitalismo” é o codinome de um sistema de organização econômica apoiado no livre funcionamento dos mercados. Nele há uma clara separação entre os detentores do capital (os empresários) que correm os riscos da produção e os trabalhadores que eles empregam com o pagamento de salários fixados pelo mercado. É possível (e até necessário) discutir a qualidade dessa organização e sugerir-lhe alternativas. O difícil é negar a sua eficiência, a sua convivência com a liberdade individual e os dramáticos resultados que desta última emergiram a partir dos meados do século 18.
Depois de uma estagnação milenar, nos últimos 250 anos ela permitiu a multiplicação por seis da população mundial, multiplicou por dez a sua produção per capita e elevou de 30 para 60 anos a expectativa de vida do homem, o que não é pouco.
Certamente ela não é perfeita.
Tem, por exemplo, uma tendência a produzir uma detestável desigualdade. Mas o seu problema mais grave -conhecido desde sempre- é a sua ínsita tendência à flutuação (em períodos e amplitudes variáveis) com repercussões sobre o emprego e a segurança econômica dos cidadãos. Quando se trata das flutuações macroeconômicas e da desigualdade, os economistas se dividem em duas tribos: uma crê que o sistema de economia de mercado, deixado a si mesmo e com tempo suficiente, resolve os dois problemas. Logo, ela dá ênfase à estabilidade monetária, fundamental para o bom funcionamento dos mercados. A outra crê que a solução exige uma intervenção inteligente, cuidadosa e firme do Estado que corrija a desigualdade de oportunidades e mantenha a demanda global. Logo, ela dá ênfase à estabilidade do emprego no nível mais alto possível.
A tentativa (de falsa inspiração keynesiana) patrocinada pelo Partido Trabalhista inglês depois da Segunda Guerra, de produzir simultaneamente a estabilidade monetária e o pleno emprego, terminou, como todos sabemos, num Estado-corporativo ineficiente, cuja desmontagem foi iniciada por Thatcher. As implicações políticas (na organização do Estado) e econômicas (na limitação da liberdade de iniciativa produtora das inovações) da “refundação” do capitalismo para eliminar as “crises” são muito mais sérias do que supõe a vã filosofia de alguns trêfegos passageiros do G20. Como diriam os romanos: Cuidado, o cachorro é perigoso!

Frio na espinha

Posted in Atualidades, Evolução & comportamento, Livros (resenhas & comentários) by Raul Marinho on 11 dezembro, 2008

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Do Freakonomics.com:

Economistas se infiltram na Casa Branca? E agora?

Stephen J. Dubner e Steven D. Levitt

Na semana passada, o presidente eleito Barack Obama dominou o noticiário -e talvez agradou os mercados, a julgar pelos ganhos do índice Dow Jones- ao passar três dias antes do Feriado de Ação de Graças apresentando um economista atrás do outro para o público americano.

Lá estavam Lawrence Summers, Peter Orszag, Christina Romer e Austan Goolsbee -sem esquecer Timothy Geithner e Paul Volcker, que não possuem Ph.D. em economia, mas que também não ficam atrás.

A revista “The Economist” apresenta um bom artigo sobre esta inundação de economistas. Ela se concentra no contraste entre o governo de saída e o que está chegando.

“As políticas de Obama podem não vir a ser mais bem-sucedidas no combate à crise financeira e a recessão do que as de George Bush. Mas parece seguro dizer que a teoria econômica terá um papel maior na formação das políticas. É um grande contraste em relação ao governo de saída, no qual os economistas não tinham muito peso. Considere o diretor do Escritório de Gestão e Orçamento que, na condição de supervisor dos US$ 3 trilhões em gastos federais, exerce um papel-chave no estabelecimento das prioridades econômicas. Bush teve quatro: um foi executivo de laboratório farmacêutico, um cuidado das relações com o governo para um banco de investimento e dois eram congressistas. Todos os quatro eram formados em Direito. O indicado de Obama, Peter Orszag, o diretor de saída do não partidário Escritório de Orçamento do Congresso, é um economista profissional conhecido por livros como ‘Saving Social Security’, um tomo de 300 páginas contendo 37 páginas de notas de rodapé e oito apêndices.”

Eu obviamente sou fã da arte praticada por economistas acadêmicos como Romer, Goolsbee e Summers. Logo, eu naturalmente aprovo essas nomeações. Mas há muitas advertências aqui, assim como muitas incertezas. A Casa Branca está repentinamente tomada de economistas com Ph.D.; qual será o efeito? (Implícito na pergunta está: será que lhes darão ouvido, quem dará e que tipo de influência se espera que eles tenham?)

Eu repassei a pergunta para um companheiro chamado Steven Levitt, para o qual já foi, como notei em um artigo para a “The New York Times Magazine” em 2003, “oferecido um emprego na equipe econômica de Clinton e que a campanha de Bush contatou para ser um consultor sobre criminalidade”. Eis o que ele tinha a dizer:

“Os políticos não dão ouvidos a economistas acadêmicos porque as soluções defendidas pelos economistas raramente são politicamente populares. Apesar de Obama ser um dos presidentes mais intelectuais que temos em muito tempo -o que pode predispô-lo a escutar os economistas- as políticas defendidas pelos economistas tendem a ser voltadas para o livre mercado, o que provavelmente não cairá bem junto ao seu círculo interno.”

“Dito isso, Larry Summers pode ser a exceção à minha regra de que políticos ignoram os economistas acadêmicos; porque apesar de Summers ser, em seu âmago, um economista acadêmico, ele já se disfarçou de tantas outras coisas (secretário do Tesouro, presidente de universidade) a ponto de talvez ser capaz de infiltrar algumas boas idéias econômicas disfarçadas como outras coisas.”

Me permita acrescentar alguma coisa a esta sábia resposta:

1. Eu acredito que o argumento de Levitt sobre as soluções politicamente impopulares defendidas pelos economistas é um fator significativo aqui. Mas também acho que a atual recessão assusta tanto as pessoas que será dado a Obama bastante espaço para fazer escolhas que não seriam toleradas em tempos menos turbulentos.

Também vale a pena lembrar o que aconteceu há vários meses, durante a campanha presidencial, quando os altos preços da gasolina levaram à idéia de uma “renúncia fiscal para a gasolina”. Apesar dos economistas terem desprezado a idéia, os candidatos McCain e Clinton a abraçaram prontamente. Obama, por sua vez, a tratou como realmente era: um artifício populista que não ajudaria ninguém, exceto alguns poucos políticos a curto prazo. Assim, essa combinação de tempos desesperados e um presidente que não se deixa enganar por truques econômicos poderá funcionar bem. Dito isso:

2. Não é garantido que economistas acadêmicos sejam as pessoas ideais, ou mesmo boas pessoas, para ajudar a navegar pela confusão econômica em que estamos. Já foi bastante argumentado que poucos economistas previram a atual confusão. Mesmo de forma mais ampla, eu acho que é seguro dizer que os economistas acadêmicos não são muito bons em fazer previsões macroeconômicas. Esse é um assunto para outro dia, mas basta dizer que o economista de torre de marfim têm um péssimo retrospecto de prever a economia e nem mesmo um bom retrospecto em descrever precisamente os eventos econômicos recentes. Se você pensar que as melhores mentes econômicas do mundo podem, no mínimo, fazer com que os mercados econômicos se curvem à sua vontade para lucrar com eles, apenas lembre-se do que aconteceu ao Long Term Capital Management. Dito isso:

3. Se você olhar para o tipo de pesquisa feita por Romer, Goolsbee e Summers ao longo dos anos, o que você encontrará é um corpo de obra incrivelmente robusto que cobre muitos dos problemas que os Estados Unidos estão enfrentando no momento: ciclos voláteis de negócios e o papel do Federal Reserve (o banco central americano); como a economia do século 21 -e especialmente a Internet- mudou a dinâmica de preços e competitividade; as conseqüências, indesejadas ou não, das mudanças na política tributária; e como o governo deve melhor lidar com uma população em envelhecimento que precisa de bom atendimento de saúde e pensões. E isso é apenas uma amostra. Em outras palavras: essas são pessoas que investigaram a fundo para chegar a conclusões empíricas sobre questões que, sim, geralmente são decididas com base nos méritos políticos.

Assim, apesar de não duvidar de que Levitt está certo, eu mantenho uma esperança considerável de que os melhores instintos dos economistas acadêmicos podem ser explorados para fazer uma diferença positiva para a economia americana e mesmo sua estrutura política e social.

Isso não quer dizer que não existam muitos instintos ruins -uma certa arrogância que acompanha os argumentos de muitos economistas, uma disposição de discutir para sempre pontos menores e esquecer as metas maiores em jogo, etc.- mas se o eleitorado americano pôde escolher seu primeiro presidente de uma minoria, realmente é esperança demais que um pouquinho da melhor pesquisa econômica possa se infiltrar na Casa Branca?

(Tradução do UOL Mídia Global)

Era Obama

Posted in Atualidades, Just for fun by Raul Marinho on 24 novembro, 2008

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L.F.veríssimo, mais uma vez, imeprdível, neste artigo sobre o futuro habitanta da casa br… Quer dizer, da sede do poder estadunidense:

Outra carta da Dorinha

Recebo outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, como se sabe, não revela a idade mas insiste que todas as especulações a respeito são exageradas. Diz que é verdade que carregou Getulio Vargas no colo, mas ele já era presidente na ocasião. Dorinha decretou que nas reuniões do grupo que lidera, as Socialaites Socialistas, que lutam pela implementação no Brasil do socialismo soviético no seu estágio mais avançado, a volta ao tzarismo, todas usem crachás com seus nomes, pois com o botox ninguém reconhece mais ninguém.

O grupo acompanhou atentamente as eleições presidenciais americanas e torceu por Barack Obama, cuja vitória, todas concordaram, representou o ápice da emocionante luta dos negros americanos contra a discriminação racial. Tatiana (Tati) Bitati era a mais entusiasmada com a vitória de Obama e declarou que aquilo deveria servir de exemplo para todas e ser imitado pelo grupo, só havendo um problema: ninguém conhecia um negro americano, ainda mais depois que o Ron Carter deixou de vir com tanta frequência ao Brasil. Foi quando a… Mas deixemos que a própria Dorinha nos conte. Sua carta veio, como sempre, escrita com tinta lilás em papel turqueza perfumado, com um aviso para não aspirar demais o perfume, “Mange Moi”, o que poderia levar a cenas de furor sexual e a embaraço público.

“Caríssimo! Beijos centrifugais. Amo minhas colegas das Socialaites Socialistas mas elas costumam duvidar do que eu digo, embora eu nunca minta. Nunca acreditaram no meu caso com Randolph Scott e Marguerite Duras – ao mesmo tempo! A inveja, helás, é um ácido social que tudo corrói. Foi assim quando convidei-as para conhecer o Picasso que acabara de comprar. Custaram a acreditar que era mesmo um sobrinho-neto do Picasso que estava pendurado na minha sala, apesar da certidão de nascimento e do Jean-Paul, que era como se chamava o rapaz, jurar que era autentico. E foi assim quando, durante a discussão sobre a lição que a eleição do Barack Obama nos trouxera e como aproveitá-la, revelei que conhecia um negro americano a quem poderíamos demonstrar a mesma ausência de discriminação. Não vem ao caso como conheci o antropólogo Gideon ou qual foi o grau do nosso relacionamento, só posso dizer que ele aprendeu muitos costumes tropicais exóticos comigo e me ensinou a correta pronúncia da palavra “Uau!” Pelo que eu sei, Gideon ainda está no Brasil, tentando nos compreender. Apesar da incredulidade de Tati e das outras, anunciei que o trarei para a nossa próxima reunião, quando poderemos fingir que ele é o Obama e nós somos americanas. Agora só tenho uma preocupação. Preciso avisar ao Severino, meu porteiro, que o Gideon é americano. Senão ele pensa que é brasileiro e manda subir pelo elevador de serviço. Da tua democrática Dorinha.”

Obama, meu filho, deixa eu te explicar uma coisa…

Posted in Atualidades, Just for fun by Raul Marinho on 13 novembro, 2008

lula-obamizado

O Presidente Marolinha, que já tem uma estratégia para 2010 conforme mostra a foto acima, está louco de vontade para começar a dar uns conselhos para o Obama. Veja o que Noço Guia disse hoje:

Obama deve entender que não existe uma só razão para manter o bloqueio contra Cuba. A Guerra Fria acabou, o Muro de Berlin caiu. Os Estados Unidos têm força política para fazerem este gesto.

Obama & sua turma do barulho

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 13 novembro, 2008

turma-do-obama

No flagrante acima, amigos e familiares do presidente eleito dos EUA já em marcha para Washington, para a posse do hómi. No artigo abaixo, do L.F.Veríssimo (publicado no blog do Noblat), uma análise da turminha do primeiro presidente afro-negão dos EUA.

Já bobeou, o cabeleira

Não me lembro bem como é a história. Um profeta, cabeludo como devem ser todos os profetas, fala para uma multidão, que aplaude suas palavras.

– Jesus voltará, e premiará todos os justos!

(Palmas. Vivas.)

– Os que hoje não têm nada, um dia terão tudo!

(“Muito bem!.” “É isso aí!” etc.)

– Os ímpios serão punidos e os puros prevalecerão!

(“Oba! Boa!”)

– Não haverá mais pecados da carne, e toda bebida alcoólica virará pó!

Silêncio, enquanto a multidão pondera esta última previsão. Até que de dentro de um boteco ouve-se uma voz enrolada que comenta:

– Já bobeou, o cabeleira.

Não sei se quando isto for publicado o Barack Obama já terá escolhido seu secretário do Tesouro, mas entre os nomes sendo cogitados estava o de Lawrence Summers, aquele que, na direção do Banco Mundial, recomendou que indústrias poluidoras fossem recolocadas em países onde a mão-de-obra é mais barata, pois assim o custo social seria menor.

E depois, como presidente de Harvard, sugeriu que certas atividades estavam além da capacidade intelectual das mulheres. Dizem que ele é um crânio em matéria de economia e finanças. Se for o escolhido, que pelo menos seja amordaçado quando aparecer em público. De qualquer jeito, é a primeira bobeada do Baraca.

Mas a presença, na lista, do Summers, que foi secretário de Tesouro do Clinton, e de Robert Rubin, que também foi, só prova o que já se sabia, que Obama não vai divergir muito da ortodoxia corrente na sua política econômica, a não ser que seja forçado por um agravamento inédito da crise.

Durante a campanha, a Naomi Klein já notara que a equipe de conselheiros econômicos do candidato Obama incluía muita gente identificada com a escola de Chicago – não fosse o próprio Obama ligado à Universidade de Chicago, embora não ao seu departamento de economia, do topo do qual Milton Friedman pregou o evangelho neoliberal e fez a cabeça de uma geração.

Se a expectativa é que o presidente eleito comande um segundo New Deal como o de Roosevelt para recuperar o país, não fica claro como fará isso sendo aconselhado por discípulos do cara que desmontou o New Deal e seu legado.

Mas não vamos prejulgar o Baraca. Todo homem tem direito a bobeadas, desde que não se tornem um hábito.