Feliz Natal e Próspero Ano Novo!!!
São os votos do Toca Raul!!!, que vai ficar inativo até 05/01/2009.
Um abraço a todos!
Melhores frases de 2008
O blog do Noblat fez um concurso para escolher as melhores frases de 2008. A campeã foi uma barbada:
“Se a crise americana chegar por aqui será uma marolinha. Não dará nem para esquiar.” Lula (4/10)
Novo ônibus de Londres
O leitor do Toca Raul!!! sabe sempre antes. Veja abaixo como serão os ônibus de dois andares da capital do Império Britânico a partir de 2011:
Maria Gasolina
Segundo o site Wired, uma pesquisa encomendada por uma empresa de seguros da Inglaterra chegou à conclusão que mulheres sentem-se mais excitadas quando escutam o ronco de um motor de carro.
Os pesquisadores submeteram 40 homens e mulheres ao som de uma Maserati, Lamborghini e Ferrari e então mediram a quantidade de testosterona na saliva. Em seguida eles chegaram à conclusão que as mulheres tiveram uma variação mais acentuada do que os homens. “Nós percebemos picos significativos na quantidade de testosterona no organismo, especialmente das mulheres”, declarou David Moxon.
Curiosamente, durante o teste também foi utilizado o som de um Volkswagen Pólo, mas neste caso, todos mantiveram níveis aceitáveis de alteração de testosterona.
Aqui a fonte.
Fim dos tempos
Depois do carro do papai Noel que atropelou e matou uma criança, policiais militares são presos por roubar assaltantes (mais sobre o assunto aqui). Como diria o profeta, o fim está próximo.
A situação tá grave meeeeesmo!!!
Da Folha de hoje:
Caminhão do Papai Noel mata menino
O menino Paulo Henrique Leal da Conceição, 7, morreu após ser atropelado em Guapimirim, na Baixada Fluminense, por um caminhão que transportava Papai Noel e distribuía doces para as crianças. O acidente aconteceu por volta das 17h na rua Projetada Onze, na Vila Jequitibá. O menino teria se abaixado para pegar balas que caíram debaixo do veículo quando foi atropelado. Policiais e bombeiros removeram o corpo. O caso foi registrado na 65ª DP (Magé).
Como os ricos podem ser tão facilmente enganados?
Já comentei aqui sobre o Robert Frank, o autor de “Riquistão”, e seu excelente blog no The Wall Street Journal, chamado “The Wealth Report” (algo como “O Dossiê dos Abastados”). Depois que a atual crise se instalou, o blog do Frank está cada dia mais hilário. O único problema é que ele é em inglês, então eu resolvi traduzir o post abaixo para que os leitores não muito familiarizados com o idimoma bretão também possam se divertir um pouco com o problema dos ricos.
(Obs.: A tirinha do Calvin, acima, não está no post original do Frank, mas achei-a pertinente ao “modo americano-rico de pensar”
Como é que investidores abastados podem ser tão cegos?
Digamos que você seja um investidor de risco bilionário, e que seja abordado por um cara chamado John P. Rogers. O último empreendimento dele, um grupo de quiropráticos clínicos em Minnesota, afundou num mar de ações legais. Ele já foi preso duas vezes por questões domésticas e fichado uma vez por uso de cocaína.
Digamos que ele queira alguns milhões de dólares de você para um novo empreendimento relacionado à “identificação biométrica”. Você deveria investir o dinheiro nele?
Bem, aparentemente, Ron Burkle o fez. Juntamente com Gordon Getty e uma penca de outros californianos abastados. De acordo com o jornal “The San Francisco Chronicle”, o sr. Rogers captou US$340milhões dos investidores. Hoje, sua companhia chamada “Pay By Touch” está falida e os milhões se foram, com os investidores metidos em ações legais que implicam em gastos extraordinários que estão queimando o capital destes à taxa de US$8milhões/mês.
Então, aparece o caso mais recente, do Bernard Madoff, o simpático e respeitado titã dos investimentos financeiros e consultor. Os promotores dizem que ele ludibriou os investidores – a maioria deles indivíduos abastados – em vários bilhões de dólares.
Havia muitas bandeiras vermelhas voando por sobre a firma nos últimos anos, a começar pelo minúsculo e injustificável porte dos auditores da firma de Madoff, que funcionava em um escritório de 4m por 6m na comarca de Rockland, Nova York. Alguns investidores viram um alto potencial para fraudes e se negaram a investir. Mas muitos outros investidores ricos – dos clubes de campo da Flórida em Palm Beach e Boca Raton às pistas de esqui em Aspen, Colorado – confiaram no sr. Madoff com altas somas de suas riquezas.
Como os ricos podem ser tão facilmente enganados?
Para alguns, os investimentos hoje em dia são muito complicados. Os ricos não têm tempo para investigar as histórias e o passado pessoal de todos os seus gestores de investimentos. Mais do que isso, os altos lucros são suficientes para cegar qualquer um quanto aos sinais de alerta.
Ocorre que o maior fator que influencia os investidores abastados a serem depauperados é a confiança na recomendação de seus amigos. No caso Madoff, muitos dos investidores acabaram investindo porque todos os seus amigos no clube de campo estavam falando sobre seus lucros. Mas os clubes de campo deveriam ser para jogar golfe, não para aconselhamento em investimentos.
Tudo isto prova que os ricos não são diferentes das outras pessoas. Eles podem ser ludibriados como qualquer outro. A única diferença é que eles perdem mais.
Nosso futuro
Acabei de ler uma matéria chocante no blog do Noblat que me lembrou imediatamente o poema “O Bicho”, do Manuel Bandeira, abaixo reproduzido. É com muito pesar que relembro que o relatado na matéria existe, que vai continuar a existir, e que nossos netos lerão reportagens idênticas daqui a 50 anos. Desculpem pelo tom pessimista, mas é a realidade.
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Povo Brasileiro
Somos malandros, corruptos e ladrões ou somos honestos, íntegros e decentes? Leia as duas matérias abaixo e opine:
Menina encontra R$ 20 mil em casaco doado a vítimas de enchentes em Santa Catarina
Do UOL Notícias
Em São Paulo*
Uma menina de cinco anos encontrou R$ 20 mil escondidos em um casaco recebido por sua família como doação, após perder tudo na região do Alto Baú, em Ilhota, no Vale do Itajaí, durante as enchentes que castigaram Santa Catarina. As informações são do portal ‘Diário Catarinense’.O avô da menina, Daniel Manoel da Silva, 58 anos, foi atrás do doador, que é morador de Concórdia, município no Meio-Oeste catarinense, para devolver o dinheiro. “Se o dinheiro fosse entregue nas minhas mãos, teria aceitado com certeza, pois agora precisamos. Mas é uma questão de criação, fui educado assim e estou com a consciência limpa” afirmou Daniel ao ‘Diário Catarinense’. Segundo o portal, ele recebeu R$ 1 mil pela honestidade.
A menina Daniele Maria Annater, 5 anos, brincava com o casaco quando encontrou o dinheiro escondido na manga. Nem a mãe nem as tias da menina haviam se interessado pela peça, considerada uma roupa muito fina para o estilo de vida da família, e iriam repassá-la para outros desabrigados.
Daniel Manoel da Silva, que plantava cana e fabricava cachaça artesanal, perdeu cinco familiares no dia 23 de novembro, quando a casa nova da família foi encoberta pela lama. Luis Paulo Hostim, 17 anos, João Pedro Silva, um ano e oito meses, Joana Maria Annater, sete meses, Nelson Galdino da Silva, 62 anos, e Maria Tatiana Hostim, sete meses, morreram soterrados.
*Com informações do ‘Diário Catarinense’
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Entrega de roupas em Blumenau é suspensa após furtos
PABLO SOLANO
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHAO governo de Santa Catarina paralisou a entrega de roupas para os desabrigados e desalojados pelas chuvas na região de Blumenau após o flagrante de furtos no centro de distribuição da Vila Germânica.
Gravações escondidas da RBS TV exibidas no domingo flagraram militares do Exército e voluntários civis se apropriando de doações. O local, administrado pelo Estado, recebe materiais a serem encaminhados para cidades da região.
O governo informou que a distribuição das roupas será retomada quando uma empresa de logística assumir o trabalho. A entrega de mantimentos continua, segundo o governo, porque não há riscos de desvios.
O carregamento e descarregamento de caminhões está sendo feito por 12 profissionais contratados. Três funcionários do governo coordenam o trabalho -os antigos coordenadores foram afastados.
O operador de máquinas Rogério Lang, filmado levando doações para casa, devolveu ontem fraldas geriátricas.
A 23ª Brigada de Infantaria, de Blumenau, abriu ontem um inquérito policial militar para investigar o caso.
Papai Noel
Eu me lembro perfeitamente quando descobri que Papai Noel não existia. Tinha uns 5 ou 6 anos, e estava no cinema num domingo de manhã (na época, havia sessões de cinema para crianças aos domingos de manhã, era a “Sessão Zig-Zag”), assistindo ao Canal 100 (noticiário que passava antes dos filmes) com meu primo. Como ele era uns 4 anos mais velho que eu, já sabia da farsa natalina há tempos, e resolveu me sacanear: “Você sabe que essa história de Papai-Noel é mentira, né?”. Lógico que não dei o braço a torcer, e embora estivesse chorando por dentro, disfarcei e fingi que já sabia que Papai Noel era uma fantasia, mas foi um choque para mim, um baita choque. (O interessante é que, hoje em dia, esse mesmo primo é um sujeito extremamente místico, já tendo morado, inclusive, em uma comunidade do Santo Daime por diversos anos, no meio da floresta, ao passo que eu sou o extremo oposto, um sujeito de um ceticismo muitíssimo arraigado – mas essa é uma outra história).
Se você quiser ler uma outra crônica sobre o Papai Noel e os mitos de Natal, não perca o excelente texto abaixo, da Altenéia Feijó, direto do blog do Noblat:
E se Papai Noel existir?
Nos meus tempos de criança só ganhava presente de Natal quem acreditasse em Papai Noel. Então a gente escrevia (ou ditava) carta, prometia se comportar bem e fazia um pedido dando várias opções para o presente. Eu só pedia o que estava dentro das possibilidades da minha família. Quem disse que não há intuição ou sabedoria infantil? Ah, antes de me deitar, deixava um sapatinho perto da janela aberta do quarto e tentava ficar acordada a fim de flagrar a chegada do bom velhinho. Aí minha mãe me explicava que, enquanto eu não adormecesse, ele não viria. Depois, quando já não acreditava mais na lenda, fingia dormir para meu pai continuar colocando um brinquedo novo no meu sapato.
Um belo dia, muitos anos após, chegava eu do trabalho quando meu filho, na época com 6 anos, me cercou e foi direto na pergunta:
– Mamãe, Papai Noel existe de verdade?
– Enquanto você acreditar nele, existe!
– Vou continuar acreditando…
Hoje, em quase cada esquina comercial dá para avistar uma figura humana fantasiada de Papai Noel. Banalizou-se o lendário bom velhinho. Quem diria, transformou-se em figuração remunerada. E nada de espantos porque isso faz tempo. A notícia é que neste fim de ano os shoppings brasileiros contrataram 700 pessoas em todo o país para trabalhar como papais noéis. Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), alguns podem ganhar até R$ 8 mil durante a temporada. Sim, a remuneração se diferencia por vários e interessantes aspectos. Por exemplo: ganha um cachê mais alto quem tiver uma barba branca verdadeira e bem cuidada, melhor desempenho na encenação e empatia. Além disso, existem cursos para preparar candidatos, ensinando-lhes técnicas de maquiagem, como compor e vestir a fantasia, como tratar as crianças e algo mais.
Na realidade, se não houver um certo talento, em vez de atrair e encantar os pequenos o Papai Noel contemporâneo pode assustá-los. Afinal, apesar de ter virado uma atividade no mercado de trabalho, sua figura precisa continuar tendo algum apelo lúdico. Nos shoppings essa preocupação é mais explícita. Sem conseguir escapar da competição capitalista, papais noéis se esforçam para se manterem “ludicamente” atraentes. Isso é ruim? Não. Pelo menos é um trabalho temporário bem remunerado, favorece a criatividade, agrada consumidores adultos e a criançada.
A origem do bom velhinho embasada na história do bispo São Nicolau que presenteava crianças por gosto, na região da atual Turquia, quase ninguém mais conhece. No século XVII a lenda foi levada pelos holandeses para os Estados Unidos. Aí, em 1931, a Coca-Cola realizou uma campanha publicitária na qual o artista Habdon Sundblom remodelou a imagem do Santa Claus (o São Nicolau). Tornou-o bonachão e comunicativo. Mais. Substituiu sua roupa de inverno marrom pelo vistoso traje vermelho. Deu certo. Agora, com esta crise mundial, parece desejo do presidente Lula que se invente um Papai Noel brasileiro. Bem… Se a gente quiser acreditar… Ho, ho, ho.
Fraude de US$50Bi
Você deve estar sabendo da mega-fraude recém descoberta no mercado financeiro estadunidense, não? A seguir, matéria do Financial Times, escrito pela Joanna Chung, e traduzido pelo UOL para você ficar por dentro dos detalhes. No final, um vídeo que reconstitui como o furo foi descoberto e qual o fim que o autor levou.
Caso expõe novo fracasso da fiscalização
O fracasso em detectar o que pode ser a maior fraude da história, supostamente perpetrada pelo veterano assessor de investimentos Bernard Madoff, despertou novas questões sobre a competência da SEC (Securities and Exchange Commission), o órgão que fiscaliza o regulamenta o mercado de valores mobiliários dos EUA.
O caso também é um novo fiasco ao regime regulatório americano, alvo de críticas desde o começo da crise após a exposição de numerosas lacunas e exemplos de fiscalização insuficiente.
A suposta fraude aponta para um “fracasso sistêmico” e suscita “questões fundamentais” sobre a estrutura regulatória dos EUA, diz comunicado do Bramdean Alternatives, um fundo britânico que investia com Madoff.
“É espantoso que essa aparente fraude pareça ter se estendido por tanto tempo, talvez décadas, enquanto os investidores continuavam a investir dinheiro novo nos fundos de Madoff, agindo de boa fé”, afirma o comunicado.
As dimensões da fraude, estimadas por Madoff em cerca de US$ 50 bilhões, não foram confirmadas por cálculos independentes, e os fiscais da SEC estão examinando os arquivos da empresa.
Mas as autoridades regulatórias também podem ter de explicar como um esquema dessas dimensões pode ter passado despercebido durante anos, especialmente porque os retornos consistentemente elevados de Madoff já haviam despertado suspeitas e provocado queixas junto à SEC. Havia outros indícios de potenciais problemas: falta de fiscalização por terceiros; o uso de uma empresa de auditoria muito pequena para uma operação de grande porte; uma operação de corretagem de títulos funcionando em paralelo na mesma empresa.
Parte da explicação pode se relacionar à abordagem utilizada para a fiscalização. Os fiscais da SEC estavam encarregados de regulamentar a corretora de títulos de Madoff. Mas foram as operações de assessoria de investimentos da empresa, registradas na SEC só em 2006, que supostamente ocuparam posição central na fraude.
Além disso, nem todos os assessores de investimentos registrados são fiscalizados pela SEC, em parte porque seu número cresceu demais nos últimos anos -em 50% de 2001 para cá, superando os 11 mil. Só 10% dos assessores registrados na SEC são fiscalizados a cada três anos.
A SEC já disse que seus funcionários conduziram duas investigações sobre a empresa de Madoff, em 2005 e 2007. Em 2005, identificou três violações da regra que exige que os corretores obtenham o melhor preço possível aos pedidos dos clientes. Em 2007, os inspetores não encaminharam o caso para ação judicial.
John Coffee, da Universidade Columbia, disse que a SEC tem de explicar o fracasso do processo. “Quase qualquer inspeção teria revelado uma deficiência de ativos, e a SEC também poderia ter percebido que os auditores eram desconhecidos. Se a SEC não é capaz de apanhar esse tipo de coisa, fica difícil imaginar o que eles apanhariam”.
A suposta fraude, que pode afetar centenas de investidores privados e grandes fundos de investimento em todo o mundo, deve renovar os pedidos por regulamentação mais severa das corretoras e de entidades hoje não regulamentadas, como os fundos de hedge.
Criacionismo no Brasil
Volta o criacionismo
NO BRASIL como em outros países, observa-se uma crescente pressão de determinadas comunidades religiosas para aumentar a influência sobre o ensino. A face mais visível da investida está na reivindicação de que a mal denominada “teoria” criacionista seja ministrada lado a lado com a teoria da evolução por seleção natural.
Sob o argumento de que Charles Darwin (1809-1882) não explicou tudo sobre o mundo natural e por isso sua teoria não teria comprovação definitiva, defende-se o ensino da alternativa: uma inteligência superior teria criado o mundo com todas as espécies conhecidas.
Há poucos conjuntos de proposições sobre a natureza que encontram tanta corroboração em fatos quanto a teoria da evolução. Sua versão conhecida como Síntese Moderna agregou as descobertas da genética à matriz do pensamento darwiniano e se encontra na raiz do enorme desenvolvimento das ciências biológicas durante o século 20.
Ao criacionismo falta apoio empírico minimamente comparável. Apesar disso, alguns estabelecimentos brasileiros com orientação religiosa ensinam a criação divina até em aulas de biologia, física e química.
A justificativa está numa noção de pluralismo que não tem cabimento no ensino de ciências. A obrigação do professor dessas disciplinas é apresentar a seus alunos o conhecimento mais atual e seguro, com apoio em observações e medições.
É um equívoco atribuir o mesmo status a coisas tão díspares. De um lado, uma teoria aperfeiçoada e corroborada ao longo de 150 anos de estudos; de outro, uma narrativa religiosa, apoiada sobre a autoridade bíblica e recusada pela maioria dos cientistas.
O equívoco maior, contudo, é não restringir o ensino do criacionismo às aulas de religião, permitindo que seja ministrado em ciências. Essa atitude solapa, na formação das crianças, os fundamentos do método científico.
Apontar a incongruência entre criacionismo e ciência, no entanto, é o máximo que o poder público tem a fazer nesses casos. Se a opção dos pais, consciente, recair sobre uma escola religiosa privada que ministre o criacionismo, inclusive em ciências, essa é uma esfera de decisão imune à intervenção do Estado.
O texto é o editorial da Folha de hoje; as tirinhas, do Angeli nos últimos dias (também da Folha).
Meu Brasil brasileiro
Na semana passada, comentei aqui o caso da grafiteira presa. Para resumir: a moça, com vários antecedentes de mesma natureza, foi pega pichando um prédio público, e permanece presa há quase dois meses por não ter residência fixa nem ocupação formal. A razão do comentário era a declaração esdrúxula do ministro da Cultura, relativizando o crime e dizendo que iria tratar do assunto com o governador Serra – como se este fosse um caminho possível num Estado de Direito.
Hoje, mais um ministro volta ao tema. Desta vez é o de Direitos Humanos, que considera um absurdo a prisão da pichadora, uma vez que o Banqueiro Dantas ficou muito menos tempo atrás das grades. Ora, senhor ministro… E desde quando um eventual desmando em um caso justifica que se desrespeite a Lei em outros? Não existe legislação específica sobre o assunto e ela não está sendo cumprida? Qual o problema com o Estado de Direito???
Idade Média ao vivo
A Romênia baniu o ensino da Evolução nas escolas. Agora, para uma criança romena, só vale Adão e Eva. (Vide esta nota, em inglês).
Faça as contas
De acordo com um aplicativo disponível no site do G1, as mudanças no Imposto de Renda para estimular o consumo ficariam assim (as simulações foram feitas sempre com 2 dependentes):
Renda mensal:$1mil – redução de IR: zero (era isento e continua sendo);
Renda mensal:$2mil – redução de IR: $4,24/mês
Renda mensal:$4mil – redução de IR: $79,09/mês
Renda mensal:$6mil – redução de IR: $89,32/mês
Ou seja: o governo acha que o engenheiro de manutenção da firma vai se motivar a comprar um carro novo porque seu desconto de IR será $80 menor a partir de janeiro, aí o medo que ele está de perder o emprego na marolinha da crise econômica mundial deverá passar. Então tá então…
Bola dentro!
Pela 2a vez na semana, o Clóvis Rossi dá uma bola dentro – o que faz desta, uma das melhores em desempenho do colunista da Folha nos últimos 10 anos, pelo menos (de acordo com a memória do editor deste blog, que também não é aquela beleza toda). Bem, resumindo: o artigo de hoje (abaixo copiado) vale a pena ser lido. (Somente uma correção: a rigor, nem o Meirelles nem o Lula têm autonomia plena para ditar a taxa Selic, que é definida por um comitê com poderes para tal, o COPOM).
Quem preside, Lula ou Meirelles?
De Luiz Inácio Lula da Silva, em mais uma das cerimônias-comício em que é especializado, no dia 2, em Recife: “Todo mundo sabe que temos uma taxa de juros acima daquilo que o bom senso indica que deveríamos ter”.
Cabe explicar ao leitor distraído que Luiz Inácio Lula da Silva vem a ser o presidente da República, eleito em 2002 e reeleito em 2006.
Nessa condição, cabe a ele indicar todos os ministros e também o presidente do Banco Central, a instituição que estabelece a taxa de juros que está “acima daquilo que o bom senso indica”.
Em um país normal, quem faz o que o chefe acha “insensatez” é demitido liminarmente, sem direito a indenização.
Aliás, esta Folha publica mensalmente, faz um bocado de tempo, um texto que, com pequenas variações, afirma que “Lula pressiona Banco Central por queda na taxa de juros” (foi o título mais recente da série, dia 4). Periodicamente, o BC dá uma solene banana às “pressões” de Lula -e não acontece nada. Nem Lula renuncia por ser desautorizado por um subordinado, nem demite o presidente do banco.
Ainda por cima, vem a corrente majoritária do PT, supostamente o partido do governo, e ataca frontalmente o BC como “último bastião da ortodoxia”, como se o presidente do BC tivesse dado um golpe e se sentado na marra na cadeira, em vez de ter sido nomeado por Lula (aliás presidente de honra do PT) e por ele mantido no cargo por seis anos, mesmo sendo supostamente tão desobediente e “insensato”.
Seria tudo muito ridículo não fosse o seguinte fato da vida: Lula terceirizou a política econômica para Meirelles, que faz o que bem entende com os juros. Foi a maneira que encontrou de acalmar as piranhas do mercado financeiro, as únicas que podem desestabilizar um governo que não lhes dê o sangue que pedem insaciavelmente.
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