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“Antes rico com saúde do que pobre e doente”*

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 15 outubro, 2008

Ok, a crise está séria. Os recordes negativos da BOVESPA e do Down Jones (sic) são um fato. Mas… Bem, o mundo não acabou, acredite. Hoje, mostrar qualquer nesga de otimismo econômico é loucura, mas leia esse artigo da Gisela Kassoy, que você vai se sentir melhor.

* O autor desta frase é o Prof. Geraldo Naclério Canto, meu ex-chefe no BADESP, o único chefe realmente bacana que eu tive na vida, 20 anos atrás.

Que crise é essa?

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 15 outubro, 2008

Nestes momentos de crise, todo mundo está falando de 1929 e da grande depressão dos anos 1930. Mas parece que o paralelo mais adequado seria a crise de 1873, que começou com problemas no mercado hipotecário, e depois se alastrou para os bancos. Infelizmente, não encontrei (ainda) nenhum artigo decente em português sobre ela na web. Para os versados no idioma de Shakespeare, recomendo este artigo do professor de História do William & Mary College (EUA), Scott Reynolds Nelson.

(Estive no William & Mary no ano passado para o congresso anual do HBES-Human Behaviour and Evolution Society. Trata-se da segunda mais antiga universidade estadunidense [a 1a. é Harvard], e uma belíssima construção, na não menos bela Williamsburg [Virgínia], uma espécie de Ouro Preto dos gringos, como se pode ver na foto abaixo. O autor desta película foi o Stephen Kanitz, para quem vão os créditos).

Uma curiosidade: na cédula estampada abaixo, a coincidência das crises. Ela foi impressa em 1929 com a figura do General Grant, presidente estadunidense dos anos 1870. Lendário líder militar, homem honrado e íntegro (embora anti-semita), Grant não era um gênio das finanças – na realidade, ele só não morreu na miséria porque conseguiu um adiantamento por suas memórias, que foi o que imortalizou seu nome, no fim das contas. Os dois mandatos da gestão de Grant foram uma catástrofe econômica, mas ele conseguiu entregar um país saneado em termos fiscais.

Rabo de tubarão ou cabeça de sardinha?

Posted in Ensaios de minha lavra, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 15 outubro, 2008

O que é melhor: ser um dos melhores contadores de Palestina (cidade com 15 mil habitantes no extremo norte do estado de São Paulo), ou estar na média de mercado em São Paulo (capital)? Ter a melhor loja de acessórios para carros num bairro distante, ou uma loja no centro da cidade equivalente à da vizinhança? Ser “mais um” num grande centro, ou o cara de uma currutela?

Dinheiro não é tudo na vida (obviamente, também existem os cartões de crédito, os CDBs, os fundos de investimentos…), mas em termos de sucesso profissional, é muito melhor ser o rabo do tubarão que a cabeça da sardinha. Veja por quê neste artigo que eu publiquei na Você S/A (na verdade, o mais popular de todos os textos que eu já publiquei até hoje):

Quanto mais gente, melhor

Grandes gurus da administração como Ram Charam dizem que o melhor lugar para se aprender a fazer negócios é na feira. Concordo, mas acrescentaria que também se pode aprender com o camelô, o pipoqueiro e com todo mundo que lida diretamente com o freguês comprando e vendendo. Estes profissionais podem nos mostrar na prática como as teorias do mundo dos negócios funcionam de verdade. Observando o comportamento de um sorveteiro na praia, pode-se chegar a conclusões interessantes sobre estratégia de localização com base na Teoria dos Jogos. Mais do que isso, é possível concluir novos aspectos sobre nossa própria localização: por que é vantajoso morar e trabalhar em uma cidade grande como São Paulo?
Imagine uma praia relativamente pequena, com uns 300 metros, onde seus freqüentadores encontram-se espalhados igualmente na areia. Neste cenário, imagine-se um sorveteiro que chega na praia onde já se encontra um concorrente vendendo o mesmo produto com o mesmo preço que o seu. Como o outro sorveteiro está sozinho, ele está bem no meio da praia. Onde você irá estacionar o seu carrinho de sorvetes e onde você acha que seu concorrente o fará?
À primeira vista, parece que o mais óbvio é cada um ficar a uma distância de 100 metros do fim da praia e deles mesmos. Esta seria uma estratégia de mútua cooperação, onde cada um dos vendedores teria um terço da praia praticamente exclusiva e um terço dividido eqüitativamente. Eles estariam posicionados da melhor forma para que qualquer banhista possa chegar até eles andando o mínimo possível. Mas… Se você já teve a oportunidade de presenciar uma situação parecida com esta na realidade, provavelmente você notou os dois sorveteiros juntos no meio da praia. Será que eles fazem isso para poder ficar conversando? Ou será que esta é realmente a melhor alternativa?
Na verdade, eles ficam juntos no meio da praia porque este é o único Equilíbrio de Nash possível no sistema. Em Teoria dos Jogos, o Equilíbrio de Nash é atingido quando cada jogador faz o melhor possível em função do que seus concorrentes fazem. Voltando a imaginar-se sorveteiro: se o seu concorrente ficasse a 100 metros do fim direito da praia, o melhor que você poderia fazer seria se posicionar logo à sua esquerda. Desta forma, você abrangeria dois terços da praia contra um terço para ele. Seria a sua deserção, vantajosa frente à cooperação dele. No momento seguinte, porém, seu concorrente se moveria mais para o centro, logo à sua esquerda. Dali a pouco, seria você que iria para a esquerda dele e, momentos depois, ambos estariam juntos no meio da praia. Em uma sucessão de deserções de parte a parte, você e seu concorrente iriam ficar bem no centro da praia, dividindo a clientela meio a meio. Repare que é muito comum encontrar postos de gasolina, floriculturas e bancos e localizados um em frente ao outro. Isto acontece pelo mesmo motivo: Equilíbrio de Nash.
A questão da localização do carrinho de sorvete também pode ser entendida como uma estratégia de localização profissional. Recentemente, a revista Você S.A. publicou uma pesquisa sobre as melhores cidades para fazer carreira onde São Paulo foi apontada como a primeira colocada. Coincidentemente, São Paulo também é a cidade mais próxima da maior parte do mercado nacional em termos de concentração de PIB. Pode-se dizer que São Paulo é exatamente o “meio da praia”, o lugar onde é mais vantajoso você estar se quiser atingir o maior número de pessoas possível e aumentar sua exposição pessoal.
Mas São Paulo é a cidade onde se encontra a maior concorrência profissional do Brasil. Mesmo assim, é considerada a melhor cidade para fazer carreira, o que é uma aparente contradição. Por que não fazer carreira em uma pequena cidade do interior, para onde quase ninguém vai? Simplesmente porque isto representaria ir para o “canto da praia”. Você conquistaria uma clientela local, sem dúvida, mas quem fica no centro divide a quase totalidade do mercado.
Como o ambiente de negócios brasileiro é bem mais complexo que uma praia, este raciocínio tem que ser entendido levando-se em conta inúmeras outras particularidades, desde o ramo de atividade em que se trabalha até questões de qualidade de vida que cada cidade oferece. Mas o “jogo do sorveteiro” é, sem dúvida, um exercício interessante para refletir sobre posicionamento profissional.

Quem sabe sabe*

Posted in Atualidades, Ensaios de minha lavra, Evolução & comportamento by Raul Marinho on 15 outubro, 2008

Não voto em São Paulo (cidade), mas votaria no Kassab se pudesse, só para premiá-lo pela implantação da Lei Cidade Limpa, a melhor coisa que o poder público poderia ter feito para os comerciantes paulistanos. Para quem não sabe, a Lei Cidade Limpa tornou ilegal todo tipo de outdoor, restringindo as placas dos estabelecimentos comerciais a pequenos retângulos. E, ainda por cima, é um dos melhores exemplos para explicar o mecanismo econômico conhecido como “tragédia dos comuns”, o centro do argumento do artigo abaixo, publicado na revista Você S/A em 2002 (muito antes da lei, por sinal).

Quem se lembra do que ocorria em São Paulo antes da lei vai entender rapidamente onde quero chegar. Para um dado comerciante – por exemplo: uma sapataria na rua Padre Antonio, a principal do Brooklin –, a melhor decisão racional era a de ter uma placa um pouco mais chamativa que a da loja ao lado, pois isso deveria atrair mais consumidores daquele lugar. Entretanto, para o vizinho deste comerciante, aplica-se o mesmo raciocínio, o que significa que esse empreendedor também deverá procurar ter uma fachada mais chamativa; mesma coisa com todos os outros comerciantes de sapatos da rua Padre Antonio. No fim das contas, todos os vendedores de sapatos daquela rua têm que ter as maiores e mais escandalosas placas possíveis, não porque estas sejam muito eficientes em termos de marketing, mas porque o vizinho adota a mesma estratégia.

Quando a prefeitura limitou a publicidade imobiliária, todos os comerciantes voltaram à mesma condição de equilíbrio, só que gastando uma fração do que gastavam anteriormente. Interessante notar que os empresários paulistanos, em sua maioria, criticaram a lei, alegando prejuízos e prevendo queda nas vendas, quando foi exatamente o contrário o que ocorreu. O pulso firme do prefeito, fazendo com que a lei fosse cumprida à risca (até o Fórum Federal da avenida Paulista foi multado!), mesmo representando uma queda significativa na sua popularidade, é algo que deve ser premiado.

*Quem sabe sabe/ canta comigo/ federal é Kassab/ estadual é Rodrigo

Refrão do jingle de campanhas passadas do atual prefeito de S.Paulo.

(O Rodrigo em questão é o deputado estadual Rodrigo Garcia).

A (des)vantagem do egoísmo

Imagine que você saiu para jantar com o pessoal do escritório, todas as 100 pessoas do seu departamento. Você está numa fase complicada de dinheiro, mas… Como a conta vai ser dividida por igual, por que não pedir lagosta? Se todo o resto do departamento pedir filé com fritas que custa 10 reais e você pedir a lagosta de 40 reais, todos pagarão R$10,30. Sua vantagem então será de R$29,70, contra um acréscimo de módicos R$0,30 para cada um dos outros colegas. Genial, não? Sim, se não fosse pelo fato de todos os outros pensarem de maneira análoga e todo mundo pedir os pratos mais caros do cardápio – até quem realmente gostaria de comer um simples filé com fritas pediria um prato caro para não ficar em desvantagem frente aos demais. No final, todo mundo vai pagar uma conta salgada. O que aconteceu nesse jantar hipotético ficou conhecido como a Tragédia dos Comuns, uma outra aplicação da Teoria dos Jogos.
A Tragédia dos Comuns é uma espécie de Dilema do Prisioneiro com um grande número de participantes. A deserção de cada indivíduo em particular afeta muito pouco o restante da coletividade, mas traz grandes vantagens para o desertor. Mas é justamente aí que está o problema: como cada um pensa que sua própria deserção tem pouco significado, todo mundo tende a desertar, o que faz com que a massa de pessoas desertando influencie significativamente o resultado de todo o grupo. No fim das contas, acontece o equilíbrio do sistema na situação em que todos desertam, de forma muito semelhante ao Dilema do Prisioneiro.
Na verdade, a Tragédia dos Comuns é um fenômeno percebido e estudado muito antes do aparecimento da Teoria dos Jogos. Na Europa da Idade Média, havia muita terra sem um dono específico, onde os pastores podiam criar seu rebanho livremente. Seria vantajoso para cada pastor sempre aumentar uma cabeça de gado no seu plantel. Acontece que, se todos agissem assim, em pouco tempo o pasto comum estaria superpovoado e todos sairiam prejudicados. Na Inglaterra medieval existiam leis para regular a quantidade de cabeças que cada pastor poderia cuidar nas propriedades comuns justamente para evitar que a coletividade saísse perdendo.
Hoje em dia, podemos perceber várias Tragédias dos Comuns acontecendo à nossa volta. Um bom exemplo pode ser visto no trânsito das grandes cidades. Repare nos automóveis na rua: a grande maioria deles tem um único ocupante. Todos sabem que o trânsito poderia ser muito melhor se as pessoas se organizassem de modo a andar com três ou quatro pessoas por carro. Mas, por outro lado, também existe a sensação de que “não é o meu carro que está fazendo com que o trânsito fique tão engarrafado”. Pois é, a culpa é sempre dos outros…
Para evitar a tragédia dos comuns, existem duas opções: ou o Estado cria mecanismos legais para coibir determinadas práticas – como acontecia na Inglaterra da Idade Média; ou a própria comunidade cria mecanismos de autodefesa. Cada vez mais, a segunda opção tem sido utilizada. Os “Gérsons” não são exclusividade brasileira e o mundo todo tem adotado práticas auto-reguladoras. Em um mundo com recursos naturais cada vez mais escassos, mecanismos anti-Tragédia dos Comuns têm sido particularmente necessários para impedir que nós destruamos o planeta. O Protocolo de Kyoto é, no fundo, um mecanismo criado para evitar uma Tragédia dos Comuns ambiental. A não adesão dos Estados Unidos ao Protocolo seria equivalente à pessoa que pede lagosta no restaurante quando todos pedem filé com fritas – com o fator agravante do peso da deserção americana ser desproporcionalmente grande. Seria muito diferente se, por exemplo, o Uruguai não aderisse ao Protocolo.
Segundo os estudiosos das estratégias utilizadas em Teoria dos Jogos, a única forma de derrotar um jogador que adote a estratégia do “deserte sempre” é o ostracismo: não jogar com quem adota este tipo de estratégia. Mas como condenar o país mais rico e influente do planeta ao ostracismo? Isto é impossível e os Estados Unidos sabem disto. Justamente por isto que eles adotam a postura do “deserte sempre”. É uma decisão racional dos Estados Unidos. Não é justa, mas é racional. A propósito: se alguém lhe disse que o mundo é justo, sinto muito, mas você foi enganado.

Procura-se

Posted in Uncategorized by Raul Marinho on 15 outubro, 2008

A Vice-Presidência Executiva Sênior de RH do mega-conglomerado midiático plurinacional que controla este bem sucedido blog anuncia que está abrindo vagas para Diretor-Executivo-Fodão-Do-Bairro-Peixoto de AdSense, remunerado em libras esterlinas e com inenarráveis fringe benefits, que incluem excursões trimestrais a resorts hedonistas. Aos interessados, favor entrar em contato por algum dos e-mails ao lado.

Requisitos do cargo:

1)Saber tin-tin por tin-tin como fazer para incluir o AdSense & similares neste blog;

2)Ter paciência para ensinar o descrito em “1”, acima, para um sujeito com mais de 40 anos e semi-analfabeto em internetês.

Atenciosamente,

A Administração

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Uma crise conveniente

Posted in Atualidades, Ensaios de minha lavra by Raul Marinho on 15 outubro, 2008

No início de 2007, os noticiários e a internet só falavarm de uma coisa: crise. Mas, diferente da crise financeira atual, aquela era muito mais grave: a crise de então estaria no meio-ambiente e redundaria na extinção de nossa espécie. Al Gore estava arrebentando os servidores do Youtube com sua “verdade inconveniente“, e o dia do juízo final aconteceria em poucas décadas, se nada fosse feito. Agora, só o que se ouve são os trilhões de dólares que a crise dos subprimes deverá trazer em prejuízos, e o aquecimento global entrou em segundo – ou melhor, em enésimo – plano, e “esse negócio de ecologia que espere para depois”.

O que ninguém está dizendo (pelo menos, ninguém que a numerosa e multi-milionária equipe editorial do portentoso conglomerado de mídia a que esse blog pertence tenha notado) é que, se o Al Gore estiver certo, a crise dos subprimes é o melhor que poderia nos acontecer. Perceba que:

  • O petróleo saiu do patamar de US$150/barril nos tempos de vacas gordas, para cerca de US$70/barril agora, uma redução de mais de 50%. Isso por causa da diminuição na demanda, o que significa que a emissão de CO2 diminuiu sensivelmente.
  • A construção de casas, prédios e demais imóveis nos EUA declinou e tende a ficar num nível bem mais baixo que antes da crise, levando a um consumo de cimento, aço, tinta etc. muito menor, sem contar que muitas milhas quadradas de vegetação também serão poupadas do asfalto.
  • As economias de uma forma geral deverão girar a uma velocidade muito menor, reduzindo também o consumo de automóveis, eletrodomésticos, energia elétrica, móveis, sapatos, lápis de cera etc., principalmente nos países mais ricos, justamente os que mais consomem (e mais poluem).
  • Os multimilionários, indivíduos que consomem recursos naturais a taxas absurdas, diminuirão em número, e os que restarem deverão apresentar padrões de consumo bem menos ostensivos, o que significa menos jatinhos particulares, carrões com motor V-12, iates de 150 pés, etc. Digamos que cada banqueiro que deixar de existir seja equivalente a menos 10mil cidadãos de classe média, em termos de consumo.
  • Itens de luxo particularmente nocivos ao meio ambiente, como carnes exóticas, peles de animais raros, viagens a santuários ecológicos (ex. Antártida) etc. deverão diminuir mais ainda, com impactos ambientais significativos (não necessariamente em emissão de carbono, mas em termos ecológicos mais amplos).

Haverá, por outro lado, alguma perda ambiental com a interrupção no desenvolvimento de tecnologias mais limpas, ou com a menor propensão ao “desperdício” de dinheiro com projetos ecológicos. Mas, em termos líquidos, a balança deverá pesar favoravelmente ao meio-ambiente. Ninguém fala disso, mas talvez estejamos assistindo à nossa salvação como espécie neste exato momento. Deu para entender por que um dos principais responsáveis pela lambança em Wall Street se chama Greenspan?

Com carma nóis arresórve

Posted in Just for fun, Uncategorized by Raul Marinho on 15 outubro, 2008

Numa estradinha, o mineiro dono de um alambique, dirigindo sua Belina 1975 entra na traseira de uma BMW novinha em folha. O dono da BMW sai que é uma fera em cima do mineiro, que diz:

– Carma moço, tudo se arresórve…

– Resolve nada seu *&¨%$#!)(*+#$% !!!!

– Carma… toma uma aqui da minha fazenda… é da boa… que o sinhô vai si acarmá…

O cara toma uma.

– Acarmô?

– Acalmei nada!!!

– Então toma mais uma…

E assim foi, e depois de uma meia dúzia o mineiro:

– Acarmô?

– Sim, agora sim!

– Intão agora nóis vamu sentá aqui i chamá a polícia pra fazê o tar di bafômetro i vê quem tá errado, né sô!

(Piadinha que recebi hoje por e-mail)

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