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O in(f)verno

Posted in Atualidades by Raul Marinho on 28 novembro, 2008

frozenhell

Taí um negócio que eu sempre pensei: por que, raios!, alguém haveria de cismar de morar num lugar tão inóspito como a Suécia, enquanto sobra terra nos trópicos? A Sandra Paulsen, minha colunista predileta do blog do Noblat também tem a mesma dúvida… Não perca o artigo dela de hoje, abaixo:

Natureza zangada?

Nos jornais suecos de hoje, a chuva e as mortes em Santa Catarina estão nas manchetes : «Catástrofe natural no sul do Brasil», dizia o Svenska Dagbladet, destacando o grande número de pessoas que morreram ou perderam suas casas.

Aqui, 75% dos velhinhos que moram sozinhos e dependem do serviço de assistência doméstica tiveram de se virar sozinhos. Acostumados a receber a visita de alguém que lhes dá os remédios ou cuida para que possam se alimentar, por exemplo, muitos ficaram sem a visita diária. E alguns que conseguiram ser atendidos só o foram devido à ajuda militar ou dos bombeiros, para abrir caminho e transportar os atendentes.

É que a neve começou a cair e, como sempre, ela é mais poderosa que toda a nossa tecnologia. E vêm mais tempestades de neve por aí, segundo a meteorologia.

O fato é que, quando começa a nevar pra valer, não há limpeza de rua que seja suficiente e o caos é quase inevitável. As ruas, sem a devida manutenção com areia, sal, etc., viram uma pista de sabão. Trens se atrasam ou não partem, carros deslizam, pessoas escorregam e ciclistas desistem das peripécias sobre duas rodas.

Os aviões não puderam decolar ou aterrizar dentro dos horários previstos em Arlanda e cerca de 50 mil passageiros foram afetados pelos atrasos.

Milhares de casas ficaram sem eletricidade, enquanto o tráfego de ônibus para Norrtälje, a cerca de 100 km ao norte de Estocolmo, foi totalmente suspenso. Nos arredores da capital, principalmente na área norte, a tempestade quase parou a população. Carros presos na neve (com pelo menos um caso fatal de morte por congelamento) e muitos acidentes foram a tônica. Em alguns lugares, como em Gotland, as escolas tiveram de fechar.

Uma colega me explicava que, há um par de anos, ficou para dormir no trabalho, já que não havia possibilidade de chegar em casa, a quarenta minutos do centro, e voltar no dia seguinte.

De vez em quando, principalmente em dias como o de hoje, eu me pergunto como é que nós viemos parar aqui. Um lugar onde o clima é tão duro e tão hostil que, mesmo com toda a tecnologia moderna (ou será por culpa dela?), as pessoas ainda são tão vulneráveis!

É uma sensação de impotência terrível, ao mesmo tempo que a pergunta fica no ar: será que a natureza está querendo nos dizer alguma coisa com tudo isso? De quem terá sido a idéia de estabelecer assentamentos humanos em latitudes tão longínquas, hein?

E o inverno está só começando…